Tão importantes para a Idade Média quanto os Templários, esses
cavaleiros enxergavam na caridade um caminho para a salvação divina. Saiba mais
sobre eles...
Era
uma vez uma Ordem formada por cristãos devotos que, em plena Idade Média,
dispuseram-se a empenhar e até sacrificar suas vidas em defesa de suas crenças
e de uma terra santificada. O começo desta história pode parecer uma descrição
resumida da atuação dos cavaleiros templários, mas não se deixe enganar: foi
também baseada em valores como estes que funcionou uma outra importante
organização do período.
A Ordem dos
Hospitalários – conhecida ainda como Cavaleiros de São João de Jerusalém ou
Ordem da Malta – teve seu início por volta de 1048, quando mercadores italianos
obtiveram permissão do califa do Egito para construir um hospital e uma igreja
em Jerusalém. A ideia era atender aos enfermos necessitados, independentemente
de sua religião ou etnia.
À
época, acreditava-se que somente por intermédio da caridade era possível
alcançar a salvação divina. O centro médico era sustentado por doações e,
apesar de não haver um membro intitulado líder, um beato, que atendia pelo nome
de Gérard (de sobrenome desconhecido), é tido como responsável pela fundação do
serviço que, então, deu origem à Ordem.
Para se tornar um
cavaleiro da Malta, os requisitos básicos eram bastante parecidos aos
obedecidos pelos templários: cabia aos membros seguirem a religião católica,
além de manter um estilo de vida ortodoxo, aderindo aos votos monásticos de
pobreza, castidade e obediência. A grande diferença é que, entre os
hospitalários, era imprescindível que os integrantes demonstrassem domínio das
práticas medicinais, afinal, a principal meta da Ordem era cuidar dos
debilitados.
O reconhecimento ao trabalho desempenhado por estes cavaleiros não
demoraria a vir. Em 1113, o papa Paschoal II aprovou o funcionamento do
hospital em uma Bula, deixando-o sob a tutela da Santa Sé. Dessa forma, a Ordem
ganhava o direito de escolher livremente seus representantes, sem
interferências de autoridades laicas ou religiosas.
Médicos
e Guerreiros:
Proteger
Jerusalém das invasões muçulmanas não era, definitivamente, uma tarefa simples.
Os peregrinos que tentavam chegar à Terra Santa conviviam com a possibilidade
de perder a vida durante a empreitada, enquanto crescia o risco de que os
inimigos do cristianismo retomassem a posse das terras conquistadas durante as
Cruzadas.
Por
isso mesmo, em 1120, a Ordem dos Hospitalários assumiu outro caráter e passou a
ocupar também a posição de instituição militar a serviço do cristianismo. Sendo
assim, o fato de ser formada por cristãos adeptos à medicina não isentou a
Ordem dos Hospitalários de uma realidade de guerrilha, de modo que os soldados
dividiam seu tempo entre o cuidado médico e a defesa militar dos acolhidos.
A
medida surtiu efeito e, tempos depois, a prosperidade da Terra Santa era tal
que permitiu aos hospitalários expandirem a Ordem para outros países,
principalmente pela Europa. Além disso, em função das doações cada vez maiores
e das posses conquistadas em combates, estes cavaleiros puderam acumular uma
quantidade respeitável de bens e riquezas.
Graças a essas
posses, os cavaleiros conseguiram resistir à queda do Reino de Jerusalém,
ocorrida em 1187, ainda que com inúmeras dificuldades para manter a Ordem em
funcionamento. Por séculos, os hospitalários enfrentaram diversos altos e
baixos financeiros, além de guerras com oponentes religiosos e mesmo a
perseguição por parte de governantes dos locais em que estavam estabelecidos.
Ainda assim, resistiram bravamente e, em 1984, fixaram nova sede em Roma, sob o
nome de Soberana Militar de Malta.
Medieval,
porém Moderna:
Reconhecida
em 1986, a Ordem Soberana Militar de Malta, atualmente, encontra-se voltada à
missão que a gerou: cuidar da saúde daqueles que necessitam. Essa instituição
continua a possuir grande poderio econômico, além de influência política. O
espalhamento pela Europa com o passar do tempo fez com que a Ordem ganhasse
representantes em diversos países. A instituição ocupa, ainda, o posto de
observadora permanente junto à ONU e possui representantes na Organização
Mundial da Saúde.
A maior parte de seus
hospitais está localizada em países da Europa, como Alemanha, França,
Inglaterra e Itália. Mas existem ainda 11 centros médicos dirigidos pelos
hospitalários no Líbano, além de serviço em domicílio. Por meio do Comitê
Internacional da Ordem de Malta (CIOMAL), é dirigido um programa de combate à
lepra no Camboja; o CIOMAL presta assistência também a outros países, inclusive
– e principalmente –, ao Brasil.
Hospitalários
versus Templários:
Quando
assumiu caráter militar, a Ordem da Malta e seus cavaleiros passaram a ocupar
uma nova posição dentro da sociedade, já que começaram a se envolver em
conflitos que ultrapassavam a mera defesa dos hospitais – o que, de certo modo,
aproximou-os muito da atuação dos cavaleiros templários.
Havia, portanto,
certa rivalidade entre estes grupos. Fontes afirmam que templários e
hospitalários reclamavam a autoridade de principal Ordem; a Malta dizia-se
pioneira e afirmava cumprir o mesmo trabalho que os templários, ao passo que
esses últimos asseguravam ser deles toda a glória. Ainda assim, sempre houve
respeito entre seus integrantes.
Texto • Raphaela
Maia
Publicado por Redação
em 30/09/2010 às 17h29
Nenhum comentário:
Postar um comentário