Estamos
sempre diante da impressão de que algo não foi dito ou não foi bem retratado
acerca dos eventos que tiveram lugar ao longo dos séculos. Daí encontrarmos uma
série de estudos voltados à redescoberta de verdades históricas. Assim nasceram
o materialismo histórico e a mais tarde a chamada “nova história”.
Na
linha do materialismo histórico a abordagem chamada “crítica”, a “visão dos
vencidos” tem sido a mais convincente. A premissa é transparente: os vencedores
têm sempre alguma coisa menos dourada, mais complexa, que preferem ou precisam
ocultar acerca de sua atuação no cenário histórico. Os vencidos nada têm a
perder e somente podem se beneficiar com uma análise histórica profunda,
radical.
Os
IIr.’. britânicos Christopher Knight e Robert Lomas, em A Chave de Hiram, ed.
Landmark trazem-nos aportes impressionantes que, como outras obras deste gênero
ao longo dos séculos, coloca em xeque uma série de valores das religiões
formalmente estabelecidas no Ocidente Cristão (católicas romana e ortodoxa mas,
principalmente as protestantes).
Por exemplo: finalmente temos uma explicação
convincente para o fato de a Bíblia traduzida ao alemão por Martinho Lutero
trazer vários Livros da Bíblia, como os 2 capítulos que compõem a história da
resistência dos Macabeus a Antíoco Epifane – aliás a Bíblia de Lutero é letra
por letra idêntica à Bíblia Católica Romana – enquanto as versões protestantes
(King James em inglês e João Ferreira de Almeida em português) não trazem I e
II Macabeus, além de haver ainda uma série de outros expurgos, livros faltando
que, segundo os protestantes, “não são livros inspirados, são meramente
históricos” ao contrário do que Luteranos e Católicos acreditam.
Em
síntese, Judas Macabeu instaura uma nova linhagem que, embora heróica, não é
reconhecida pelo judaísmo oficial por questões sucessórias (ele não era da
tribo de Davi). Os Cavaleiros Templários, quando de suas escavações em
Jerusalém, pelo XII século, possivelmente localizaram esta informação em
antigos escritos ali depositados e, como o protestantismo recebeu poderosa
influência daqueles Cavaleiros cristãos excomungados no século XIV pela Igreja
Romana, a visão templária está presente nas bíblias protestantes e não nas
católicas. Lutero sofreu pouca ou nenhuma influência dos descendentes intelectuais
e espirituais dos Templários, estando assim muito mais próximo da Igreja
Romana. Até que surja uma explicação mais profunda ou detalhada, esta hipótese
aventada pelos Autores é perfeitamente convincente.
I –
A origem da Maçonaria não está nas Guildas de Pedreiros Medievais:
Chris
Knight e Robert Lomas iniciam seu Trabalho ressaltando ser a Maçonaria uma
Instituição tradicional, voltada ao aperfeiçoamento do indivíduo e da
sociedade, sob os auspícios de Deus ou Grande Arquiteto do Universo. Ao
contrário das religiões formalmente estabelecidas, não há na Maçonaria qualquer
referência a entidades ou divindades “das trevas”: é a única Instituição
radicalmente Monoteísta do Ocidente. De pronto descartam a hipótese segundo a
qual, antes de formalizar-se na Inglaterra no dia 24 de junho de 1717, a
Maçonaria ter origem exclusiva ou principal nas guildas de pedreiros medievais.
Apresentam 3 motivos para esta conclusão:
Todas
as Corporações de Ofício de Pedreiros Medievais recebiam as bênçãos da Igreja
Romana o que seria impensável para a Maçonaria.
Ficava-se
por vezes uma vida inteira, por exemplo, na construção de uma grande Catedral,
tornando desnecessários códigos de reconhecimento. Quanto à profissão, se
alguém alegasse ser pedreiro sem o ser, sua inabilidade o denunciaria
rapidamente.
As
Antigas Obrigações (Old Charges) da Maçonaria estabelecem, por exemplo que
“nenhum irmão deve revelar qualquer segredo legítimo de qualquer outro irmão se
isso puder lhe custar a vida ou as posses”. Somente por excomunhão alguém poderia
correr este risco naquele tempo. Hereges eram excomungados. Que atividade de
construção poderia conduzir pedreiros cristãos à condenação por excomunhão?
Mais lógico concluir serem Cavaleiros em fuga – os Templários em cujas cores,
símbolos e costumes há tanta reminiscência na Maçonaria.
Há
ainda, nas Old Charges a proibição peremptória de um irmão relacionar-se
sexualmente com qualquer mulher da família de outro irmão. Cavaleiros em fuga
que solicitassem proteção precisariam deste cuidado, sem dúvida! Mas o que
poderia impedir um pedreiro, por exemplo, de casar-se com a irmã de outro? Há
mais, nas Old Charges, mas atenho-me à mais chocante: entre maçons sempre se
contaram muitos reis e nobres.
O
que conduziria reis e nobres a aprender normas de comportamento moral com
humildes pedreiros? O argumento apresentado como “definitivo” pelos Autores é o
fato de nunca ter havido guildas de pedreiros na Inglaterra, berço da
Maçonaria. (Sobre este as reminiscências a “construções” existentes na Ordem há
outra explicação muito mais consistente que a fantasiosa hipótese “guildas de
pedreiros medievais”, mas fogem ao escopo destas notas. Alhures e oportunamente
o desenvolverei ).
II
– Os Segredos Perdidos da Maçonaria:
Viajando
a 3 continentes (Europa, África e Ásia) os Autores investigam antigas
construções, idiomas locais, bibliotecas e reminiscências em histórias
populares encontrando explicações fascinantes a praticamente todas as
expressões que usamos em Loja – e quem de nós não sentiu o desejo sincero de
conhecer profundamente as origens do que dizemos nos Rituais, freqüentemente
recebendo a admoestação de que “compreenderíamos mais tarde”, o “mais tarde”
vai chegando e os mistérios aumentam sem que expliquem os primeiros, etc?
Pois
os IIr.’. Knight e Lomas sentem esta pulsão e contam com a possibilidade de
pesquisar in loco, trazendo-nos informações precisas e preenchendo esta
lacuna.Desde o primeiro contato com a Ordem sabemos que havia segredos
originais que foram perdidos por circunstâncias dramáticas envolvendo a morte
de um homem lendário – Hiram Abiff, construtor do Templo de Salomão – segredos
que foram substituídos ou recriados em época bem remota.
Os
Autores, com a discrição necessária a uma Obra destinada ao grande público,
apontam na direção certa a pesquisarmos. Detalhes da vida de Sequenenre Tao,
rei egípcio do Alto Nilo em período tenso, quando o Baixo Nilo estava sob o
controle dos hicsos, apontam na direção da origem exata do mito de Hiram Abiff,
ficando como hipótese de trabalho altamente convincente a especulação se o
patriarca Abraão seria também um nobre hicsos.
Muito
do que se vê no interior da Loja Maçônica vem convincentemente explicado em A
Chave de Hiram que, cautelosamente, apresenta fatos e dados históricos
claramente delimitados das especulações dos Autores – abundam no livro
expressões como “talvez”, “provavelmente”, “quase com toda a certeza”, etc.
quando se envereda pelo caminho especulativo, mas estas especulações são
robustecidas por documentos antigos, fotos e transliterações idiomáticas que
realmente nos persuadem.
Melhor
que a leitura da Obra só mesmo uma visita aos sítios arqueológicos mencionados,
de Ur, na Mesopotâmia (atualmente Iraque...) passando pelos monumentos e
bibliotecas egípcias, Jerusalém e o Vaticano, chegando à Capela Rosslyn, na
Escócia.
III
– Alguns Aportes:
Investigando
de perto, com total isenção e sem estar sujeito a qualquer limitação dogmática
apriorística, os Autores chegam a conclusões a um só tempo fascinantes e
perturbadoras. Cito aqui apenas 7 dentre as muitas arroladas ao longo da Obra.
A
vinda dos descendentes de Abraão (José e seus irmãos) ao Egito estaria no
contexto das chamadas “invasões hicsas” àquele importante centro do Mundo
Antigo.
A
cerimônia de consagração do rei egípcio envolvia um ritual onde se encenava a
sua morte e, na encenação de sua ressurreição, ele era erguido pelos sacerdotes
que lhe murmuravam ao ouvido: Ma’at neb-men-aa, ma’at-ba-aa que, em egípcio
antigo, traduz-se literalmente como “Grande é o Mestre de Ma’at. Grande é o
Espírito de Ma’at” – Ma’at é a corporificação institucional da Verdade e da
Justiça. Estaria a vida e a morte trágica de Sequenenre Tao na origem do mito
de Hiram Abiff?
As
marcas existentes em sua múmia, em exposição no Museu do Cairo e reproduzidas
no livro, reforçam esta tese. Moisés foi iniciado nos mistérios do Egito Antigo
e muito da teologia judaica retrata reminiscências egípcias, assim como
sumérias, caldéias e babilônias.
Os
pilares que se destinavam a unir o humano ao divino nos reinos do Alto e do
Baixo Nilo são as mais antigas reminiscências ao que mais tarde seriam as
Colunas do Templo de Salomão. Há uma ligação estreita entre o simbolismo das
pirâmides, a Estrela de Davi e a Estrela da Manhã (Vênus), como o mais
importante líder político e religioso dos hebreus definia a si mesmo.
Os
manuscritos encontrados no Mar Morto trazem informações riquíssimas sobre a
história de Israel, o momento em que a Palestina estava sob o domínio romano e
os primórdios do cristianismo – manuscritos similares provavelmente tenham sido
encontrados pelos Templários quando de suas escavações em Jerusalém tornando-os
dignos herdeiros das Tradições Egípcias reproduzidas em Israel assim como
precursores da Maçonaria como a conhecemos hoje.
A
Cabala seria a racionalização matemática e grega do antigo pensamento
tradicional dos líderes religiosos hebreus.
IV
– O Resgate:
A
descoberta dos Manuscritos do Mar Morto, em Qumram, Palestina e Nag Hammadi, no
Alto Egito, logo após o término da Segunda Guerra Mundial, trouxe luzes
incríveis sobre os tempos de dominação da Palestina pelos romanos e os
primórdios do desenvolvimento dos ensinamentos de Jesus Cristo.
Encontraram-se
diversos pergaminhos, em péssimo estado de conservação (alguns com mais de
2.500 anos de idade!) narrando histórias dos hebreus em seu cativeiro na
Babilônia, dos primeiros discípulos de Cristo, códigos de legislação e uma
série de dados, muitos dos quais frontalmente conflitantes ao que se tornou a
história oficial tanto do povo hebreu quanto da Primeira Igreja de Jerusalém
sob a liderança de Jesus Cristo e, a seguir, de seu irmão Tiago.
Há
muito ainda a ser traduzido e compreendido, somente se arranhou a superfície de
toda aquela gama enciclopédica de informações; à medida em que nossos corações
se tornam capazes de receber a plenitude da mensagem deixada a nós pelos
zelosos rabinos da comunidade de Qumram e os primeiros cristãos de Nag Hamadi,
mais será revelado. Está provado que documentos similares foram sepultados sob
o Templo de Salomão – há inúmeras referências cruzadas a “documentos protegidos
debaixo do Santo dos Santos, no Templo de Salomão”.
Os
Templários os desenterraram e, com o auxílio de intelectuais da época,
decifraram. Toda esta informação está incorporada aos rituais maçônicos: há um
grau, o do Santo Real Arco, que rememora, por alegorias ilustradas em símbolos,
precisamente a descoberta destes documentos. Isto nos traz dados que permitem
compreender melhor a história dos primórdios da civilização humana no Oriente
Médio e apreender a plenitude do simbolismo maçônico.
BIBLIOGRAFIA
A Loja Cavaleiros do Templo n 26 parabeniza a este Ir.'. e Mui digno Mestre por esta Peça de Arquitetura.
A Loja Cavaleiros do Templo n 26 parabeniza a este Ir.'. e Mui digno Mestre por esta Peça de Arquitetura.
Lázaro Curvêlo Chaves – M.’.M.’. Solicitações
Delegado da G.’.L.’.U.’.S.’.A.’. para a região norte de São Paulo e Sul de Minas
Ilustração:
Ir.´. MM Daniel Martina
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