Como
sabemos, os judeus sofreram forte influência dos egípcios durante o tempo em
que estiveram naquele território. Assim, muitos traços culturais, sociais e
religiosos do Egito Antigo foram incorporados pelos judeus. Como exemplos,
podemos citar a lenda de Anúbis, filho ilegítimo jogado no rio e posteriormente
encontrado por uma rainha que o cria, e a lenda da arca do dilúvio, as quais
foram recontadas pelos judeus e tiveram seus protagonistas rebatizados com
nomes judaicos: Moisés e Noé.
O
mesmo se deveu com a acácia, árvore sagrada dos egípcios e adotada pelos
judeus. A acácia era matéria-prima para a produção de artigos sagrados no
Egito, adotada pela sua alta densidade e
durabilidade, não sofrendo ataque de insetos. Sua goma
(conhecida popularmente como “goma arábica”) era utilizada nas cerimônias
sagradas de mumificação.
Parece que os judeus aprenderam essa
lição, pois a acácia foi a madeira indicada para a construção de todos os
importantes objetos sagrados, como no tabernáculo, nos altares, e na arca
da aliança. O fato de seu uso estar mais concentrado no “Êxodo” e aos poucos
ser substituido pelo cedro e cipreste, confirma essa teoria da influência
egípcia.
Até
aí tudo bem, mas de onde sairia a inspiração para relacionar a acácia com a
lenda de Hiram Abiff? Basta recorrermos a uma das principais lendas egípcias: a
lenda de Osíris.
Seth
odiava Osíris, que era tido como sábio e poderoso, então resolveu matá-lo. Ele
fez um belo caixão com as exatas medidas de Osíris e convidou as pessoas para
um jogo: aquele que se encaixasse perfeitamente no caixão, ganharia o mesmo de
presente. Logicamente, quando a vez de Osíris chegou, o caixão era perfeito, e
Seth e seus cúmplices trancaram Osíris dentro do caixão e o jogaram no rio. Sua
mulher, Ísis, o procurou por muitos dias. O caixão havia encalhado e sobre ele
havia brotado uma… acácia. A acácia serviu de indicação para que Ísis
encontrasse o corpo de Osíris. Por essa lenda, Osíris é considerado o deus da
morte e da imortalidade da alma.
Um corpo sob uma acácia e os
ensinamentos sobre a morte e a imortalidade da alma soam familiar?
Daí a atribuir à acácia também o
significado de segurança, clareza, inocência e pureza, como alguns autores
querem, é forçar demais. Deixemos para a acácia sua bela missão de simbolizar a
vida após a morte, assim como herdamos dos egípcios. Isso já é o bastante para
um único símbolo.
TFA/PP
Ir.´. Daniel Martina FRC
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