Vivemos
em uma época turbulenta e, mais ainda, os acontecimentos ocorridos nos Estados
Unidos, relacionados aos atos terroristas nos edifícios do World Trade Center e
no Pentágono, como conseqüência o início da guerra anti-terror, com as inúmeras
bombas despejadas em um país miserável na tentativa de satisfazer a um povo
ávido por respostas e vingança pelo grande sofrimento pela perda das milhares
de vidas do atentado terrorista.
Obviamente
não nos cabe fazer julgamentos, apontando certos ou errados, nem tampouco
justificar este ou aquele ato. O
que proponho é uma reflexão, não só sobre estes países envolvidos, mas sobre
todos os conflitos existentes no planeta, notadamente fruto da ausência de
valores, excesso de fanatismos e egoísmos, afinal um povo é o conjunto de
individualidades coletivas que, como indivíduos passam pela infância, idade
madura e decrepitude e, também, a responsabilidade do maçom frente a toda essa
gama de desentendimentos, conflitos e guerras gerada pela ausência do que
juramos defender.
Creio
que um maçom tenha pouca influência junto aos poderosos líderes mundiais das
nações. O que ele pode e deve fazer nada mais é do que a sua parte nesse
processo, quer seja através de um comportamento coerente e congruente com a sua
promessa nas pequenas atitudes e comportamentos do dia-a-dia, quer seja
discutindo em loja, reunindo-se, fazendo proposições, cobrando dos governantes
as promessas feitas em campanhas eleitorais ou apresentando sugestões sobre o
alinhamento dos procedimentos para um realinhamento ético, voltados aos
princípios maçônicos, que creio serem os mesmos princípios que também inspiram
ou devem inspirar a mente e o coração desses líderes.
Gosto
muito de uma pequena história, onde um turista estava em viagem pelo Egito e
teve a oportunidade de conhecer um rabino e ir à sua casa. Lá chegando, ficou
surpreso ao ver a simplicidade do lugar, os poucos móveis e até a humildade do
rabino. Perguntou então ao rabino: - Onde estão as suas coisas, suas estantes,
suas prateleiras, seu conforto, e todas as regalias que a sua posição permitia?
O rabino respondeu
com uma pergunta:
- E as suas coisas,
onde estão? O turista respondeu: - Mas eu estou só de passagem e, para mais uma
surpresa do turista, o rabino disse:
- Eu também.
Ora, uma rua, um
bairro, uma cidade são formados por pessoas. Uma nação é formada por pessoas e
pessoas somos nós, cada um de nós. Teremos sem nenhuma dúvida, um mundo melhor,
quando cada um assumir a sua parcela de responsabilidade nesse processo.
Para o Maçom, a
responsabilidade é dobrada, porque entre outras ações que lhes propiciam um
desenvolvimento intelectual e mental, além de emocional, assumiu um compromisso
através do seu juramento de construir templos às virtudes e masmorras aos
vícios.
De que forma, então,
o maçom pode atuar nesse mundo tão conturbado e carregado de desencontros?
Primeiro, sabendo exatamente o que é um povo
civilizado. A civilização se depurará quando o moral estiver tão desenvolvido
quanto a inteligência.
A medida que a
civilização se aperfeiçoa, faz cessar alguns males que engendrou e esses males
desaparecerão com o progresso moral.
Um povo só poderá se
dizer civilizado, na acepção do termo, em que:
- Se encontre menos
egoísmo, menos cupidez e menos orgulho;
- Onde os hábitos
sejam mais intelectuais e morais que materiais;
- Onde a inteligência
possa se desenvolver com mais liberdade;
- Onde haja mais
bondade, boa fé, benevolência e generosidade recíprocas;
- Onde os
preconceitos de casta e de nascimento estejam menos enraizados,
porque esses preconceitos
são incompatíveis com o verdadeiro amor ao próximo;
- Onde as leis não
consagrem nenhum privilégio e sejam as mesmas para o último como para o
primeiro;
- Onde a justiça se
exerça com menos parcialidade;
- Onde o fraco
encontre sempre apoio contra o forte;
- Onde a vida do
homem, suas crenças e suas opiniões sejam melhor respeitadas;
- Onde haja menos
infelizes, onde todos os homens de boa vontade estejam sempre seguros de não
lhes faltar o necessário.
- Onde haja homens de
boa fé, que cultuam a verdade e não se vendem.
Se um povo é soberano
e se cada um dos que o integram tem consciência dos seus deveres e direitos,
para que não viva à mercê dos ambiciosos e dos mentirosos, é preciso que se
eduque e, para que o consiga, é necessário reunir-se.
Pela educação de cada
pessoa, o povo unido aprenderá a julgar e dará o seu voto para aumentar a soma
da inteligência intelectual, que engrandece as nações. Assim, também, aquele
que se habitua a pensar com prudência, sobre o lado favorável e o lado adverso
das coisas, distinguirá as necessidades políticas que o afligem. Todas as classes de
que o povo se compõe exercitarão, desse modo, suas faculdades adormecidas,
reanimarão suas atividades, adquirirão a experiência que a decisão dos negócios
requer. Assim, não se deixarão arrastar por impostores, como se observa quando
não se preparam para o uso da razão, nem para o controle dos sentimentos e dos
interesses, que fortificam o ato de julgar e permitir discernir a verdade da
mentira. Impressionou-me
deveras, a coincidência dos princípios defendidos pela maçonaria, com os dez
princípios da ética planetária, que são as diretrizes do Clube de Budapeste
para pensar globalmente e agir moralmente na aurora do Século XXI, baseadas em
valores que representam o interesse esclarecido de todos os seres humanos,
culturas, sociedades e vida na biosfera.
VIVA
COM RESPEITO PELOS OUTROS E PELA NATUREZA:
1- Viva de uma
maneira que satisfaça suas necessidades básicas sem tirar dos outros a
oportunidade de satisfazerem as necessidades deles.
2- Viva de uma
maneira que respeite o direito inalienável de todas as pessoas à vida e ao
desenvolvimento, onde quer que elas vivam e quaisquer que sejam suas origens
étnicas, sexo, nacionalidade, posição social e sistema de crenças.
3- Viva de uma
maneira que respeite o direito intrínseco à vida e a um ambiente que dê apoio à
vida de todas as coisas que vivem e crescem na Terra.
4- Busque a felicidade, a liberdade e a
realização pessoal em harmonia com a integridade da Natureza e levando em conta
as buscas similares de seus semelhantes na sociedade.
AJA
PARA CRIAR UM MUNDO MELHOR:
5- Exija de seu
governo que se relacione com outros povos e países pacificamente e em um
espírito de cooperação, reconhecendo as aspirações legítimas de todos os
membros da comunidade internacional por uma vida melhor e por um ambiente
saudável.
6- Exija das empresas
que manifestem preocupação adequada pelo bem estar de todos os seus envolvidos
e pela sustentabilidade do meio ambiente, produzindo e oferecendo serviços que
satisfaçam a demanda corrente sem degradar ou poluir a Natureza, sem reduzir as
oportunidades das pessoas pobres de participar da economia nem as oportunidades
das empresas locais de competir no mercado.
7- Exija dos meios de
comunicação que divulguem informações contínuas e confiáveis sobre as
tendências básicas e os processos cruciais, assim permitindo que os cidadãos e
os consumidores tomem decisões abalizadas sobre questões que afetam sua saúde,
sua prosperidade e o seu futuro.
8- Abra espaço em sua
vida para ajudar os menos favorecidos a viver com dignidade básica e trabalhe
com pessoas de mente semelhante a sua, próximas ou distantes, para preservar ou
restaurar equilíbrios essenciais ao meio ambiente.
DESENVOLVA
SUA CONSCIÊNCIA:
9- Desenvolva sua
consciência para perceber a interdependência vital e a unidade essencial da
família humana, para aceitar e apreciar sua diversidade individual e cultural e
para reconhecer que uma consciência ampliando-se para uma dimensão planetária é
imperativo para a sobrevivência humana.
10- Use o exemplo e a orientação da sua
consciência em expansão para inspirar e motivar jovens (e pessoas de todas as
idades) a desenvolverem aquele espírito que lhes dará o poder de tomar decisões
morais sobre questões críticas que decidirão o futuro deles e o próprio futuro
da humanidade.
Paz
Profunda – Ir.´. Daniel Martina
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