As chamadas festas juninas não são meros festejos trazidos por
portugueses católicos ao Brasil, consagrados a alguns dos principais
personagens da cristandade (João Batista, Pedro e Paulo), mas uma comemoração
cósmica antiquíssima que merece ser estudada aos olhos da Santa Gnose.
As fogueiras juninas sempre foram festas sagradas onde se acendiam os
“fogos novos” em todas as grandes culturas solares, desde os astecas (com suas
festas chamadas de Renovação do Fogo Novo) até os celtas, romanos e hindus.
Essas festas têm relação com o Sol e suas posições no céu, nos propiciando mais
ou menos luz, maior ou menor possibilidade de renovação da vida por meio do cio
dos animais, do plantio e colheita do trigo e outras plantas, sementes e
frutas.
Os fogos que celebramos durante as festas de junho não são mera adoração
supersticiosa como os céticos creem, mas festas sagradas comemoradas por nossos
remotos antepassados, da Stonehenge dos druidas às pirâmides maias e astecas,
verdadeiros templos de adoração aos Deuses do Sol (ou Pítris Solares) devido à influência cósmica do Sol sobre a
dinâmica da vida na Terra.
O dia 21 de junho (e dias em seu entorno) é celebrado no Hemisfério
Norte como o dia mais longo do ano. Definitivamente, não é um dia como os
demais, pois a natureza, o homem e as estrelas se dispõem a celebrar uma festa,
carregada de grande poder e magia. Diz a tradição gnóstica que é nesse período
que o mundo astral e o físico estão em contato mais íntimo, permitindo
que as pessoas do campo vejam com mais facilidade as fadas, os duendes e demais
seres mágicos.
Esses seres especiais e seus guias, os Devas da Natureza, andam soltos
pelos campos, e é por isso que os agricultores sempre renderam graças à Divina
Mãe Natura, oferendando-Lhe os primeiros frutos, as primeiras sementes e
acendendo os Fogos da Renovação. Este é o momento perfeito para suplicar mais
fecundidade à Mãe Terra (a Pachamama dos incas), para que se possa armazenar
alimentos para passar o outono e o inverno…
A celebração do solstício de verão no Hemisfério Norte (e o solstício de
inverno aqui no Sul)é tão antiga como a própria humanidade. O grande mestre
clarividente da Sociedade Teosófica Charles Leadbeater falava extensamente
sobre os rituais atlantes aos 7 Deuses, dos quais o mais poderoso era o
consagrado ao Sol. Em princípio acreditava-se que essa data era a último em que
o Sol se manifestaria plenamente (o dia mais longo do ano), pois depois dessa
data os dias são cada vez mais curtos, até que perto do dia 25 de dezembro,
quando o Sol começaria a se manifestar novamente com todo seu esplendor, dando
novamente vida, e vida em abundância (não é à toa que os antigos gnósticos
escolheram esse dia, 25 de dezembro, como a data do nascimento de Jesus, o
Cristo-Sol).
Por essa razão, nessa data são acesos fogos e realizam-se danças de toda
classe ao redor do fogo para simbolizar a paciente espera do retorno do poder
solar. Em tempos remotíssimos, acendiam-se fogueiras no topo das montanhas, ao
longo dos rios e riachos, no meio das ruas e na frente das casas.
Organizavam-se procissões com tochas e se faziam girar rodas de fogo colina
abaixo e através dos campos, também com o intuito de exorcizar as entidades
negativas que se aproveitavam da maior abertura dos portais astrais nesse
período.
Os
sacerdotes também faziam os participantes realizar danças circulares ao redor
dessas fogueiras mágicas, além de fazê-los saltarem sobre elas, com o intuito
de serem purificados e protegidos das influências negativas e assegurar, em
breve, o renascimento do Sol.
No antigos mitos
gregos, especialmente nas tradições de Elêusis, os solstícios eram chamados de
“Portais” (o solstício de verão era chamado de Portal dos Homens, porque se
venerava a Mãe Natureza, a Virgem Mãe, que alimentava o ser humano com suas
sementes sagradas, e o solstício de inverno era chamado de Portal dos Deuses,
porque era nesse momento que os Deuses do Sol, e depois o Cristo-Sol, desciam à
Terra para salvar a Humanidade).
Os solstícios e os equinócios são altas concentrações de energia
cósmico-solar e os altos Iniciados conheciam o poder regenerativo de tais
datas, por isso criaram-se festejos, fogueiras, rituais, procissões, danças
tântricas e muito mais, em honra ao Cristo Cósmico e à Mãe Divina. Um mesmo
sentimento de amor a Deus sempre foi compartilhado por povos solares, mesmo que
afastados entre si pelas distâncias. Vejamos o caso dos incas, verdadeiros
adoradores de Inti, o Cristo-Sol. Os dois festivais primordiais do mundo
incaico eram o Capac-Raymi (o ano-novo), que tinha lugar em dezembro, perto do
dia 15, e o que era celebrado todo dia 24 de junho, o Inti-Raymi (o Festa do
Sol), na impressionante esplanada de Sacsahuamán, muito perto da cidade de
Cusco.
No mesmo instante da saída do astro-rei, o Inca elevava os braços e
exclamava: “Ó meu Sol, ó meu Sol, ó meu Sol (o aspecto espiritual do Sol, ou
seja, o mesmíssimo Cristo Cósmico dos essênios e gnósticos), envia-nos teu
calor, que o frio desapareça (o frio lunar do Ego)”. Os povos inca, também o
quéchua e o aimara, em êxtase e alegria, seguia o Inca em sua adoração ao Sol
Central durante todo o apogeu do Tahuantinsuyo.
Entre os sagrados druidas havia a celebração céltica do Beltaine (que se
celebrava diversas vezes ao ano). Esse nome significa Fogo de Belenos, ou Belo
Fogo. Durante o Beltaine os sacerdotes-magos acendiam fogos que, depois das
primeiras oferendas em honra a Belenos, ou o Cristo-Sol, faziam passar o gado e
depois as pessoas do povo para purifica-los e defende-los do mal, das
enfermidades e do mau destino. Enquanto passavam perto das fogueiras, os sacerdotes
e sacerdotisas (os druidas e as druidesas) rogavam aos deuses do sol, da
natureza e do fogo para que o ano continuasse sendo frutífero, e para isso
oferendavam o que eles tinham de melhor, ou seja, os primeiros frutos e cereais
que eles colhiam.
Outra das raízes de tão singular noite há que se buscar nas festas
gregas dedicadas ao deus Apolo, que se celebravam no solstício de verão,
acendendo grandes fogueiras de caráter purificador. Os romanos, por sua parte,
dedicavam essas festas também a Minerva, a deusa da Sabedoria, onde tinham o
costume de saltar três vezes sobre as chamas. Os romanos também atribuíam
poderes muito especiais às plantas medicinais que eram colhidas pelas vestais
(sacerdotisas gnósticas adoradoras de Vesta, a deusa do Fogo). O cristianismo
gnóstico foi muito esperto em adaptar tais festividades ditas pagãs e
renomeá-las em seus calendários.
A
Santa Noite de São João Batista:
Esta
é uma data profundamente mágica, em que nenhum Iniciado deve perder as
oportunidades de realizar rituais, missas, práticas mágicas, e até mesmo simples orações
feitas com veneração à Divina Mãe Natura.
As
damas das nuvens, dakinis do mistério tibetano com seus olhos azul-celeste,
olham para a terra e aguardam ternamente o galã que as desposará de forma
santificada. As galinhas de ovos de ouro vêm ao mundo físico para ciscar na
terra sacralizada desta noite mágica. Azrael, o anjo do espelho, passeia na
noite cor azul-chumbo, à espera de conversar com algum sacerdote gnóstico
inspirado. As plantas venenosas perdem momentaneamente seu poder e as
salutíferas multiplicam suas virtudes aos que as colhem amorosamente.
Os djinn misteriosos
das cavernas e das areias gritam e tocam suas cornetas de chifres nos desertos
da Arábia Feliz, chamando os crentes para adorar e sempre relembrar o Todo-Poderoso.
Os meninos dos fetos-machos abrem
seus grandes e brilhantes olhos e observam alegremente os que realizam o ritual
sagrado no exato instante das doze badaladas.
Definitivamente, a atmosfera se carrega com um alento sobrenatural que
impregna cada lugar mágico do planeta. Este é o momento propício para
estremecermos a alma, colocarmos nossos filhos e netos no colo e narrar-lhes
nossos contos, histórias e lendas juninas que saírem de nossa memória.
Na
Noite de São João Batista, se não pudermos realizar nenhum ritual na mata ou no
templo-lumisial, oremos ao patrono cristão desta data, São João, por três vezes
consecutivas: “São João, São João, São João, me dê pão”. E João Batista (o
guardião interno do Selo de Samael) atenderá seu pedido, dando a você o Pão da
Sabedoria…
E no dia seguinte a essa data, deve-se reverenciar a agradecer ao
Cristo-Sol e a seu anunciador, o Batista, pelas bênçãos recebidas. Deve-se
meditar no Cristo João e refletir por que Ele é o guardião do Mundo
dos Elementais, do mundo Jinas, onde floresce a videira do Senhor.
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