4 de agosto de 2014

AS VELAS NA MAÇONARIA:




Um dos propósitos da Expedição a Portugal além das visitas e intercâmbios com Irmãos Lusitanos foi disponibilizar aos integrantes materiais para que os mesmos desenvolvessem Pranchas de Arquitetura e apresentassem em suas Lojas, ocupando o Quarto de Hora de Estudo, afinal todos nós somos responsáveis pela qualidade dos trabalhos das Oficinas.


Na visita a Biblioteca do Grande Oriente Lusitano, tiveram acesso a documentos e livros raros, no Museu Maçônico, permitiram até que eles tirassem fotos e também tiveram a oportunidade de comprar livros maçônicos. Sem contar que foram agraciados pelo Irmão António Lopes com exemplares do seu livro “A Maçonaria Portuguesa e os Açores”. Nesta oportunidade tive contato com a Revista Grêmio Lusitano, que na verdade pela qualidade gráfica e de conteúdo, esta mais para um livro do que uma revista são 96 páginas de beleza e cultura únicas. Foi justamente no exemplar de número 15 que encontrei o mais perfeito trabalho sobre as Velas na Maçonaria, o autor é o Irmão Manuel Pinto dos Santos.


Há anos defendo que certas “modernidades” não são adequadas aos trabalhos maçônicos. A Loja ter iluminação elétrica, tudo bem, mas substituir as velas dos altares ou dos tocheiros por lâmpadas É PROFANAÇÃO. Vejam quão profundo é a manifestação do autor: “O ritual do acender as velas, ou seja, de dar a “Luz” ao Templo, tornando-o um espaço sagrado é de enorme complexidade e que tem inúmeras variantes conforme Ritos e dentro de cada um deles, conforme as opções filosóficas adotadas. Assentemos neste princípio simples: a vela representa o instrumento através do qual o espaço da Loja se transforma em Templo. 


Este axioma leva a que a prática ritual do acender as velas seja de uma dignidade, espiritualidade ou esoterismo, ou mesmo metafisismo, conforme o ponto de vista em que se colocar que ela tem de ser particularmente sentida por cada um e pelo coletivo do grupo.”


O artigo é todo interessante, e não tenho como transcrevê-lo integralmente. Na bibliografia temos duas referências que endossam a qualidade do trabalho: Maçonaria Azul, ou Simbólica. Novo Guia do Franco-maçom do Rito Francês, ou Rito Moderno Compilado pelo Ven.. de uma Resp.. off.. da obediência, Leiria, 1908 e Manuel Maçonnique ou Tuilleuer dês divers Rites de Maçonnerie pratiques em France, Paris, 2º Ed. 1830. Reflitam ainda sobre estas duas passagens do artigo:



1) “Para apagar a vela deve ser utilizado um apagador, mas jamais deve ser assoprada a vela, pois o sopro – segundo os cultores do Fogo na Pérdia – para além de apagar o símbolo perfeito da divindade, pode conter doenças. Mas outra explicação pode ser dada: a vela não deve ser assoprada porque isso corresponde a uma vontade de desintegrar a luz com o nosso espírito (ar-sopro vital) fazendo-a extinguir; pelo contrário, o apagar da vela com um apagador faz com que ela mude o seu estado ficando reintegrada no universo, onde existe sob múltiplas formas. Não é de se estranhar, portanto, que o Mestre de Cerimônias segundo alguns rituais profina a seguinte expressão: “Venerável Mestre, a luz por agora se extinguiu no Templo, mas ela continua acesa nos nossos corações para nos guiar nas trevas do mundo profano”.



2)”Daqui se infere a importância que a chama tem para os rituais da Maçonaria, não falando já da terceira prova do iniciado ao grau de aprendiz, que é purificado pelo fogo, ou seja, simbolicamente pela chama de uma vela. É, aliás, a idéia de purificação que encontramos também no acender das velas em Templo, uma vez que de alguma forma a luz “purifica” – ou pacifica – os corações dos obreiros presentes”. Há ainda a observação que ao acendermos uma vela estamos trabalhando com três poderosos elementos: LUZ – FOGO – CALOR O fogo é uma manifestação de combustão rápida com emissão de luz e calor. O fogo é constituído por três entidades distintas, que compõem o chamado "Triângulo do Fogo". São eles o combustível (aquilo que queima, como a parafina), o comburente (entidade que permite a queima, como o oxigênio) e o calor. Sem uma ou mais dessas entidades, não pode haver fogo.


IGNIS NATURA RENOVATUR INTEGRAM


TFA
Ir.´. Daniel Martina

22 de junho de 2014

UMA LENDA AOS MAÇONS NO UNIVERSO:



Existe uma Antiga História, uma Lenda Maçônica, um exemplo de união que devemos observar e nos exemplificar, já que somos Maçons, ou... Será que não somos Maçons?


O GADU estava sentado, meditando sob a sombra de um pé de jabuticaba, lentamente o Senhor do Universo erguia a sua mão e colhia uma e outra fruta, saboreando o fruto de sua criação. Ao sentir o gosto adocicado de cada uma daquelas frutas fechava os olhos e permitia um sorriso caridoso, feliz, ao mesmo tempo em que de olhos abertos mantinha um olhar complacente. Foi então que, das nuvens, surge um dos seus Arcanjos vindo em sua direção:


- Diz à lenda que a voz de um Anjo é como o canto de mil baleias.


É como o pranto de todas as crianças do mundo. É como o sussurro da brisa. O Arcanjo tinha asas brancas como a neve, imaculadas.


Levemente desce ao lado do GADU e ajoelhando a seus pés disse... - Senhor, visitei a vossa criação como me pediste. Fui a todos os cantos, estive no Sul, no Norte, no Oriente e no Ocidente. Vi e fiz parte de todas as coisas. Observei cada uma das suas crianças humanas. Notei que em seus corações havia uma Iniciação, eram iniciados Maçons e que, deste a cada um apenas uma asa. Senhor... Não poderão voar apenas com uma asa !!!


O GADU na brandura de sua benevolência, respondeu pacientemente a seu Anjo:


- Sim, Eu sei disso. Sei que fiz os Maçons com apenas uma asa. Intrigado com a resposta, o Anjo queria entender, e voltou a perguntar: - Senhor, mas porque deu aos Maçons apenas uma asa quando são necessárias duas asas para se poder voar... Para poder ser livres.


Então respondeu o GADU:


Eles podem voar sim, meu Anjo. Dei aos Maçons apenas uma asa para que eles pudessem voar mais e melhor. Para poderem se evoluir levemente... Para voar, meu Arauto, você precisa de suas duas asas: Embora livre você esteja sempre sozinho, ou ser somente acompanhado. Como os pássaros que ao mesmo tempo em que estão juntos se debandam.


Mas, os Maçons, com sua única asa, necessitarão sempre de dar as mãos uns aos outros e entrelaçarem seus braços, assim terão suas duas asas. Na verdade, cada um deles tem um par de asas, pois o verdadeiro maçom nunca esta sozinho.


Em cada canto do mundo sempre encontrarão outro Irmão com uma outra asa, e assim, sempre estará se completando, sempre sendo um par.


Dei aos Maçons a verdadeira LIBERDADE e a cada um dei lhe também, em IGUALDADE, uma única asa, para que desta forma, possam sempre viver em FRATERNIDADE.


TFA/PP
Ir.´. Daniel Martina
ARLS Orvalho de Hermon 2966 - GOB/GOSP


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21 de junho de 2014

Todos Nós Nascemos para Vencer:



LEIS QUE AJUDAM A VENCER – “Pensamentos ameaçadores sobre alguma área da sua vida? “E se eu ficar cego? Estou me imaginando cego”. Ocorreria o mesmo antevendo e criando “filmes” catastróficos da situação física, moral, financeira e afetiva? 

Tal como se fosse um vidente do futuro, totalmente negativo e ameaçador?

Não consegue pensar que outras possibilidades mais lógicas podem ocorrer e trazer a solução para as questões mais perturbadoras?

Cognição é a forma como a mente percebe, julga, recorda, imagina, raciocina, ou seja, capta uma informação e depois reage a ela, retendo o que é mais lógico. O desafio é quando isso obedece a uma lógica que o indivíduo distorce e não sabe que padece tal distorção. Então, já não é racional.

A distorção mental antevendo o que “pode acontecer”, quando nasce dos medos inconscientes e irracionais tem acarretado um sofrimento mudo, pois em geral as pessoas com algum autocontrole não gostariam de expor suas cismas agourentas. Pânico de médicos, por exemplo, como a “Síndrome do Jaleco Branco”, eleva a pressão e os batimentos cardíacos. Na hora de colher sangue para os exames pode ser pior. E o que dizer daquela entrevista de emprego, em que a pessoa já antevê o fracasso e o desemprego?

O temor exagerado de um diagnóstico, o medo de não ter dinheiro para sobreviver, aquele plano afetivo sobre o qual você diz: “Só levei chutes”, ou a paixão desmedida por alguém que não está nem aí para os seus sentimentos... E mais aquele relacionamento conjugal desgastado numa rotina morna, na qual você se sente dormindo com um estranho e ainda assim teme o fim da relação.

Imagine que tudo isso passa pelos seus sentidos como uma ameaça produtora de filmes mentais catastróficos: “Distorção Cognitiva Catastrofizando”, uma classificação esquisitona, porque hoje em dia quase tudo é doença e recebe um nome. 

Assim, algumas impressões psicológicas nos denunciam como doentes mentais. E isso nos faz recordar: - de médico e louco todo mundo tem pouco.

Para completar, dizem, tal indivíduo também nutre pouca fé nas afirmações alheias, e ao mesmo tempo é impressionável demais. O lado torturado não acredita, renega até mesmo a opinião de Deus ou de um especialista, porque na sua percepção ninguém é capaz de resolver a sua questão. E oscila para acreditar em muitas bobagens que prometem a panaceia universal.

Esse “vidente” é negativo e antevê sempre o pior, sentindo-se ameaçado. Condicionado a esse tormento gerado por medos irracionais, o indivíduo cria o problema e foge da solução.

Entretanto, quando a pessoa entra em contato com a revelação das causas do seu padecimento, a sua consciência possui um secreto mecanismo de reajuste e pode partir mais tranquilo em busca de ajuda e solução. Descobrirá que o tempo todo, tanto o problema quanto a solução estavam dentro dela.
Sempre existe solução, porque o que não tem solução, solucionado está. O caminho em qualquer caso segue as leis naturais, que são as mesmas leis espirituais:

1. Tudo o que eu atraio está rigorosamente correto porque está em conformidade com a minha Lei de Atração.

2, Por isso, aconteceu o que tinha de acontecer, e, eu posso mudar minha Lei de Atração se eu mudar a minha mente.

3. Quando eu iniciar algo novo, esse é o momento certo, mesmo se der errado, porque segundo a minha Lei de Atração não existem certo e errado, existem apenas experiências transitórias para o meu crescimento pessoal, sabendo que alcançarei a paz soberana, quando entender e aceitar que, neste mundo, sem oposição não existe evolução.

4. Por fim, quando alguma coisa se encerrar em minha vida, acabou porque não preciso mais dela, salvo se eu ficar apegado ao passado. Todavia, se eu ajudar a me livrar do que acabou, mudarei minha Lei de Atração, porque libertarei a minha mente da escravidão do sofrimento. E assim cessarei as imaginações agourentas e os eventos que não quero repetir.

Inúmeras vezes, nós conhecemos pessoas atormentadas por questões básicas da vida, com falências ou carências de ordem física e mental, afetiva e financeira. 

Grande parte dessas pessoas sequer tinham a noção do seu próprio estado mental depressivo, gerando o ego do adivinho catastrófico.

 Quarenta anos observando e interagindo com gente assim, cheia de medos profundos, leigas nas leis, nos convenceu que o maior antídoto do medo não é a coragem, mas o amor, a solidariedade e o afeto que transmitem segurança e coragem para vencer, seja o que for. Sem antes vencer do lado de dentro, o triunfo do lado de fora não representa vitória, porém, como costumamos dizer: Você Nasceu para Vencer.” 

Autor: Nilsa Alarcon

7 de março de 2014

Mulheres Guerreiras da Maçonaria - Por Barbosa Nunes


Pela sua luta, pela importância fundamental na orientação cristã e educacional na formação da família, sustentação de milhares de lares com recursos de seus trabalhos, para a mulher um dia é muito pouco. Todos os dias e todas as noites estão em labor e preocupação permanente com os filhos. Lamentável é que o Dia Internacional da Mulher, historicamente nascido com sacrifício, tornou-se uma comemoração muito comercial e lembrada de ano em ano.


Assim avaliando, é que o Grande Oriente do Brasil teve a consciência de que a mulher é imprescindível à instituição, e instituiu em 1967 a Fraternidade Feminina Cruzeiro do Sul, associação paramaçônica, vinculada a uma ou mais, das 3 mil Lojas em todo o território nacional. São formadas por esposas de maçons, chamadas de “cunhadas”, sobrinhas e familiares. Tem grande representatividade e uma estrutura organizada em níveis federal, estaduais e municipais.


Se identificam por um uniforme padronizado, hino, bandeira e logomarca circular marcando trabalho interminável. No seu interior ramos de acácia, planta símbolo da maçonaria que representa segurança, clareza. Árvore da vida, que sob calor e sol, se enfraquece, mas após uma noite ressurge verde e forte. Também no interior do círculo, duas luvas brancas, na simbologia do trabalho e da pureza da mulher.


A Constelação do Cruzeiro do Sul é a mais famosa do Hemisfério Sul, no Brasil a mais conhecida entre as 87 que podemos ver da Terra, inspiradora da denominação Fraternidade Feminina Cruzeiro do Sul.



Essas Fraternidades trabalham em uma estrutura composta de diretoria nacional, diretorias estaduais e diretorias de Lojas, em planejamento regulamentado, com objetivos de desenvolver trabalhos de natureza cultural, promoção de debates sobre a luta das mulheres, encontros e seminários, conferências e outros eventos que valorizem a participação da mulher na comunidade social, nos setores cívicos e filantrópicos. Procuram promover o bem estar da família maçônica, incentivando a integração na comunidade, sempre apresentando por meio das Lojas, propostas de efetiva participação das mulheres e dos maçons, nas atividades comunitárias.


Entre os vários objetivos, principais são a defesa dos deveres básicos de amor à família, fidelidade e devotamento à Pátria, cumprimento da lei e dedicação à comunidade,  trabalho nobre e dignificante como direito inalienável, a livre manifestação do pensamento e a prática da tolerância, princípios basilares das relações humanas, respeitadas as ideologias e a dignidade de cada uma e a promoção do reconhecimento das prerrogativas relativas aos direitos universais da mulher.


São mais de 50 mil mulheres guerreiras no Grande Oriente do Brasil em todos os estados e a elas, o maçom deve oferecer consideração especial de amor, fidelidade e permanente apoio em suas iniciativas e trabalhos.


É este quadro nacional, marcado e atuante em todas as unidades da Federação que homenageio, identificando uma por uma, a partir das Fraternidades Estaduais, no presente momento presididas por estas mulheres guerreiras.


Verônica Rosálea Lopes Teles (Acre), 
Maria Aparecida Costa de Oliveira (Alagoas), 
Maria Lúcia da Silva Pires (Amapá), 
Maria da Graça de Miranda Sales (Amazonas), 
Lúcia Coelho Correia (Bahia), 
Marta Maria Rocha de Araújo (Ceará), 
Maria do Carmo M. de Oliveira Sales (Distrito Federal), 
Leila Rocha Induzzi (Espírito Santo), 
Janine Gomes de Gouveia Coelho (Goiás), 
Elvira Maria Aguiar Mendes (Maranhão), 
Vera Lúcia da Silva Bigio Tardin (Mato Grosso), 
Maria Elisa Cordenonsi Allegretti (Mato Grosso do Sul), 
Maria Aparecida Dante Cruz (Minas Gerais), 
Maria José Cavalcante Farias (Pará), 
Adeilda Poggi Lins de Oliveira (Paraíba);
Margaret Mussoi Luchetta Groff (Paraná), 
Maria do Carmo Cavalcanti Wanderley (Pernambuco), 
Sonia Maria Soares Barbosa de Sousa (Piauí), 
Sheila Molina Pinho (Rio de Janeiro), 
Maria da Guia Dantas Cunha (Rio Grande do Norte), 
Ivonilcy Pacheco Mandelli (Rio Grande do Sul), 
Marisa Leonardo de Araújo Lima da Silva (Rondônia), 
Mara Silva de Lima Gouvêa (Roraima),
Márcia Helena Blini Barbosa (Santa Catarina), 
Siomara Regina Dragoni da Costa (São Paulo), 
Valdinar Maciel de Santana (Sergipe); 
Maria do Carmo Souza Martins (Tocantins).


A elas estão ligadas as Fraternidades Femininas de todas as Lojas do Grande Oriente do Brasil. Na administração central, com registros, emissão de carteiras identificatórias e diplomas, encontra-se a diretoria nacional, que tem como presidente Flora Rios Mendes, vice presidente, Lígia Castro e Silva e diretora social, Vera Lúcia Brandão Barbosa, integrada na Secretaria Geral de Assuntos Paramaçônicos do Grande Oriente do Brasil, que tenho satisfação e alegria em conduzir, por missão recebida do Soberano Grão-Mestre Marcos José da Silva.


Concluo este artigo registrando o Hino da Fraternidade Feminina Cruzeiro do Sul, escolhido mediante concurso, quando presidia a Fraternidade Nacional, Márcia Rodrigues, com a participação de todos os estados. Enviada pela Fraternidade Feminina do Estado do Maranhão, pela presidente estadual à época, 2005, Leonília da Silva Lemos. Foi vencedor o hino com o título: “Estrelas Brilhantes”, letra e música de Heleudes Nazaré da Silva Bogéa.


“À noite ao surgir forma a cruz da união; Este símbolo imponente de estrelas que brilharão; São mulheres valentes com ideais de servir; Conquistando seu espaço renascendo e vivendo feliz. Vem cruzeiro, vem mostrar; Qual a nossa direção; Norte e Sul, Leste e Oeste; Todos na mesma união:


(Refrão) Cruzeiro do Sul faz brilhar a direção; Leva contigo o meu coração; Torna possível a luz do servir; Faz o amor ressurgir.


E quando na manhã; A luz possa apagar; O grande Deus faz brilhar; O sol do novo viver; E na escuridão, sei que você vai nascer; Dando esperança de um novo renascer”.


TFA
Ir.´. Daniel Martina
ARLS Orvalho de Hermon 2966 - GOB-GOSP

10 de fevereiro de 2014

AS MULHERES E A MAÇONARIA:


Não há aqui a intenção de imprimir opiniões favoráveis ou contrárias ao ingresso de mulheres na maçonaria. O objetivo é de compartilhar informações e colaborar com a reflexão sobre o tema.


Como se sabe, a maçonaria tida como regular é restrita a homens, não aceitando, em hipótese alguma, mulheres em suas colunas. Mas desde o surgimento dos movimentos igualitários e do feminismo, muitos são os questionamentos e críticas sobre a Maçonaria por essa restrição, considerada por muitos como conservadora e machista.


Nas últimas décadas, as Obediências têm apresentado diferentes justificativas para tal restrição. Sem entrar no mérito de cada uma, é importante conhecê-las, seja para defendê-las ou para criticá-las:


CUNHO HISTÓRICO
A maçonaria atual originou-se da maçonaria operativa, ou seja, dos pedreiros de ofício. Esses pedreiros eram, evidentemente, homens. Daí, em respeito às tradições e costumes do chamado “Antigo Ofício”, as Obediências mantém tal regra.


CUNHO SOCIAL
A maçonaria especulativa consolidou-se na Inglaterra, de onde surgiu a primeira Grande Loja Maçônica. As Lojas daquela época se reuniam, principalmente, no fundo de tabernas, as quais eram restritas a homens. A presença duma mulher de bem numa taberna era inaceitável e, consequentemente, nas Lojas também. Com o tempo, as Lojas criaram seus próprios espaços, mas a tradição permaneceu e foi formalizada nas Constituições de Anderson.


CUNHO OCULTISTA
Existem Ordens Solares e Ordens Lunares. As Ordens Solares são voltadas aos homens, à razão, possuem juramentos e segredos, o Sol está presente no simbolismo, e são baseadas no compromisso.  As Ordens Lunares são voltadas às mulheres, à emoção, possuem menos hierarquia, a Lua está presente no simbolismo, e são baseadas na devoção. A maçonaria é tipicamente uma Ordem Solar. Por isso, o ingresso de mulheres seria incoerente.


CUNHO SEXUAL
A maçonaria é uma fraternidade, e uma fraternidade com reuniões que exigem concentração. O ingresso de mulheres poderia desviar a atenção de alguns maçons durante as reuniões, o que prejudicaria no bom andamento das mesmas. Além disso, a partir do momento em que um homem e uma mulher maçons tivessem uma relação sexual, a fraternidade entre eles estaria prejudicada.


CUNHO LEGAL
As normas de muitas instituições possuem cláusulas “pétreas”, que são cláusulas imutáveis. Isso ocorre em alguns artigos da Constituição brasileira, por exemplo, em que mesmo se todos os Deputados e todos os Senadores aprovassem por unanimidade uma mudança, mesmo assim esses artigos não poderiam ser modificados. Na maçonaria também é assim, possuindo seus “Landmarks”, imutáveis, mesmo se for o desejo da maioria dos maçons.


CUNHO MORAL
O maçom, quando ainda candidato, durante sua iniciação, presta um juramento de seguir os Landmarks maçônicos, os quais incluem o ingresso apenas de homens. Ele poderia se recusar a prestar tal juramento, e assim não ingressar na maçonaria. Mas, ao prestar o juramento e tornar-se maçom, ele assume o compromisso de observá-lo, mesmo que não concorde plenamente com o mesmo.


Essas são as justificativas mais comuns apresentadas e defendidas pelas Obediências Regulares e autores maçons. Há maçons que acreditam em uma dessas justificativas; outros que acreditam em mais de uma; e há ainda os que não acreditam em nenhuma, mas observam moralmente o compromisso assumido.


Todas essas justificativas são bastante coerentes, ao mesmo tempo em que sempre cabe questionamentos às mesmas. Afinal de contas, numa instituição como a maçonaria, pesquisadora da verdade, nada é indiscutível. Porém, há duas questões distintas:  a regra e o respeito à regra. Como maçons regulares, todos têm a liberdade de refletir, debater, questionar. Mas como maçons regulares, todos também têm o dever de, enquanto a lei existir, respeitá-la.




É interessante observarmos que instituições tradicionais e antes restritas a homens, como Rotary e Lions, abriram suas portas às mulheres. Para o Rotary, a decisão veio por força judicial em 1987. Já o Lions aprovou em sua Conferência Internacional a mudança estatutária no mesmo ano, permitindo o ingresso de mulheres.


No caso da Maçonaria, não existe uma autoridade internacional, pois cada Obediência é soberana em seu território. Até mesmo a Conferência Mundial das Grandes Lojas Regulares não possui autoridade sobre a legislação das Obediências participantes. O que se tem é um entendimento de muitas Obediências de que a Grande Loja Unida da Inglaterra, sendo a Obediência mais antiga do mundo, é a fiel guardiã das antigas tradições, e por isso muitas dessas Obediências seguem suas recomendações.


Sobre o tema da mulher na maçonaria, a Grande Loja Unida da Inglaterra se pronunciou em 1999 no sentido de que reconhece a existência da Maçonaria Feminina e de que essas instituições são “regulares na prática”, apesar de não serem “regulares na origem”. Assumiu também que, de tempos em tempos, tem realizado diálogos informais com as autoridades das Grandes Lojas Femininas da Inglaterra sobre assuntos de “interesse mútuo”. No mesmo comunicado, a Grande Loja Unida da Inglaterra se declarou contrária à Obediência Mista presente na Inglaterra, a Grande Loja Direitos Humanos, mas talvez não pelo fato de ser mista, e sim pelas práticas daquela Obediência.


Apesar da Grande Loja Unida da Inglaterra ter dado um sinal que pode ser positivo a longo prazo e que pode vir a influenciar as demais Obediências mundiais, a maior resistência não vem do “Velho Mundo”, e sim do novo: a maçonaria americana representa ¼ das Obediências Regulares e quase a metade de todos os maçons do mundo. E o conservadorismo americano, também presente na maçonaria, indica que o mais próximo de uma mulher adulta se reunir em um templo da maçonaria regular dos EUA é e será através da Ordem da Estrela do Oriente.


De qualquer forma, esse sempre será o grande paradoxo da maçonaria: acompanhar a evolução da sociedade, se modernizar, sem abrir mão das antigas tradições que tanto defende e preconiza. O que pode ser modernizado? O que deve ser mantido? Talvez esse seja o grande mistério da maçonaria de hoje.


TFA/PP
Ir.´. Daniel Martina FRC


Autor: Kennyo Ismail
kennyoismail@gmail.com