31 de maio de 2011

A Singularidade do Grande Arquiteto do Universo


“O homem não foi criado por Deus, nem Ele criou os planetas, Sol, sistema solar, galáxia ou Universo. Também não são uma invenção da mente do homem. Eles são todos parte de um plano divino”


Albert Einstein, disse certa vez que estava interessado mesmo era em saber como Deus criara este mundo. Já se passou quase um século desde que a teoria da relatividade e a mecânica quântica começaram a ajudar os homens a compreenderem melhor como é feito este mundo em que vivemos.

Porém, muitos teólogos ainda encontram sensíveis dificuldades em pensar Deus e o homem a partir da cosmologia que surgiu com as descobertas da física do século XX. Em pleno terceiro milênio, teólogos há que, por razões diversas, ainda continuam a ler os textos bíblicos e a elaborar suas reflexões como se as cosmologias antiga e medieval fossem mais do que suficientes para explicar o Universo e o lugar do homem nele. Tempo, espaço, matéria, Deus, causalidade, alma, criação, salvação, redenção, determinismo, livre arbítrio e tantos outros conceitos precisam ser revisitados sob o olhar vigilante da nova física. 

Edwin Hubble 1927

A grande revolução científica desenvolvida por Edwin Hubble no século XX foi a questão da expansão do Universo. Observou que o Universo não podia ser estático, como se pensava anteriormente, mas está cada vez mais se expandindo. Esse seu comportamento poderia ter sido previsto pela teoria da gravidade de Newton, na última metade do século XVII. Mas era tão forte a crença no universo estático, que persistiu até os primórdios do século XX.

Mesmo Einstein quando formulou a teoria geral da relatividade estava tão certo de que o universo tinha necessariamente que ser estático, que modificou sua teoria, para tornar possível esta idéia, introduzindo a chamada constante cosmológica em suas equações. 

Ele mesmo afirmou, depois, que foi o maior erro de sua história. De fato, quando surgiu o modelo de Friedmann ele descreveu o universo da seguinte forma: 

"O universo, eventualmente, pode parar de se expandir e começar a se contrair, ou se expandirá para sempre?"


Se a densidade for menor do que um valor crítico específico determinado pela velocidade de expansão, a atração gravitacional será muito fraca para conter a expansão. Se a densidade for maior do que o valor crítico, a gravidade interromperá a expansão em algum tempo no futuro e provocará o desmoronamento do universo. Não obstante a isso, todas as soluções de Friedmann têm como característica o fato de que, em algum tempo no passado a distância entre galáxias vizinhas deve ter sido zero. 

Muitas pessoas não aceitam a idéia de que o tempo tenha um começo, provavelmente porque ela cheira a intervenção divina. Existem, ainda assim, inúmeras tentativas de evitar a conclusão de que teria havido a grande explosão, o Big-Bang. A proposta que recebeu mais ampla aceitação foi à chamada teoria do estado estacionário, sugerida por dois austríacos, Hermann Bondi e Thomas Gold, mas foi abandonada quando da descoberta da radiação de microonda, por Penzias e Wilson, onde indicava também que o universo deve ter sido muito mais denso no passado. Portanto, a teoria do estado estacionário teve que ser abandonada.

Como, então, podemos dizer se o universo real começou com a grande explosão? 

A resposta para esta pergunta surgiu de uma abordagem completamente diferente, introduzida pelo matemático e físico inglês Roger Penrose. Utilizando a forma como se comportam os cones de luz na relatividade geral, e o fato de a gravidade ser sempre atrativa, ele demonstrou que uma estrela, contraindo-se sob sua própria gravidade, fica presa numa região cuja superfície eventualmente se encolhe até o tamanho zero. E, dado que a superfície da região se encolhe até zero, assim também deve se comportar seu volume. Toda a matéria da estrela será suprimida numa região de volume zero e, assim, a densidade da matéria e a curvatura do espaço/tempo se tornam infinitas. Em outras palavras, surge uma singularidade, contida numa região do espaço-tempo, conhecida como Buraco Negro.

Ilustração Buraco Negro

Em 1965 o Teorema de Penrose, que afirmava que qualquer corpo sob o efeito do colapso gravitacional pode eventualmente provocar uma singularidade. O teorema de Penrose demonstrava que qualquer estrela que colapse deve acabar numa singularidade. Por razões técnicas, o teorema de Penrose exigia que o universo fosse infinito no espaço. Então só pode ter havido uma singularidade 9 se o universo estivesse se expandindo em velocidade suficiente para evitar novo colapso. 

A descoberta de Hubble de que o universo está em expansão, e a percepção da insignificância de nosso planeta na vastidão do universo, foi apenas o ponto de partida. À medida que as evidências observáveis e teóricas aumentavam, tornou-se mais claro que o universo deve ter tido um começo em algum tempo, até que em 1970, isto foi definitivamente provado, por Penrose e por mim, com base na teoria geral da relatividade de Einstein. Essa prova demonstrou que a relatividade geral é apenas uma teoria incompleta: não explicita como o universo teria começado porque prevê que todas as teorias físicas, incluindo ela mesmas, falhem com relação ao começo do universo. Entretanto, a relatividade geral afirma ser apenas uma teoria parcial; assim, o que os teoremas da singularidade realmente demonstram é que deve ter havido um tempo, no estrito começo do universo, em que ele foi muito pequeno; e que não se pode mais ignorar os efeitos em pequena escala da outra grande teoria parcial do século XX, a mecânica quântica.



O que existia antes do Big Bang?




Assim que tudo começou, as coisas aconteceram muito rápido. Antes que a criação tivesse 1 segundo, surgiu a gravidade, o Universo se expandiu de uma forma inacreditavelmente rápida e surgiram as sementes que depois dariam origem às galáxias. A partir de 1 segundo da criação, e pelos 300 mil anos seguintes, os fótons dominam o espaço. Depois, começam a surgir os átomos de hélio e hidrogênio. Elementos que formam os seres humanos, como o carbono e o oxigênio, só surgiram muito tempo depois, sintetizados no interior de estrelas moribundas. E assim a Teoria do Big-Bang consegue explicar, com um grau de confiabilidade razoável, a infância remota do Universo.

Mas antes do marco zero, o que existia quando o Universo ainda não tinha sequer começado? “A resposta mais honesta é: não sabemos”, diz o físico João Steiner, professor da USP:

 “O big-bang deu origem a tudo, inclusive ao espaço e ao tempo. Quer dizer, antes disso existia algo que só podemos chamar de nada.” 

Esqueça, então, aquelas imagens que de vez em quando você vê em filmes, em que um vasto espaço escuro é preenchido por uma explosão. Não havia matéria, não havia espaço, não havia tempo, não havia nada.

Explosão Molecular - Origem de Tudo


A Teoria da Relatividade prevê que, nesse instante zero, a densidade teria sido infinita. Para entender essa situação, seria preciso unificar a relatividade e a mecânica quântica, coisa que ninguém ainda conseguiu fazer. Algumas teorias não consideram que, antes do Universo, o que havia era o nada. Para o cosmologista americano Alan Guth, o Universo pré-Universo era um ambiente em que partículas de cargas opostas se anulavam o tempo todo, até que um dia uma delas desequilibrou o sistema e soltou a faísca que iniciou a cadeia de produção de tudo o que conhecemos.

Em 1969, o físico americano Charles Misner sugeriu a tese da criação a partir da desordem. Antes do nosso Universo isotrópico, em que a geometria é a mesma em todas as direções, haveria um outro mundo de caos. Uma terceira tese, defendida por muitos cientistas, é a de que o Universo é cíclico. Ele começa com um big-bang, cresce, atinge o auge, começa a diminuir, desaparece num big-crunch e começa tudo de novo. Acontece que, desde 1998, sabemos que o Universo permanece se expandindo sem parar, o que comprometeria a base dessa teoria. 

Há quem diga que nosso Universo não é único. Alan Guth tem uma sugestão curiosa: logo depois do primeiro big-bang, o Universo seria composto de uma espécie de falso vácuo, cheio de bolhas recheadas de quintilhões de prótons e elétrons. Cada uma delas teria sofrido um big-bang e dado início ao respectivo Universo. Existiria um Universo primordial, que daria origem a universos-filhos. Mas como foi que o primeiro deles surgiu? Não sabemos. “Essa hipótese apenas explica o nosso próprio Universo e joga para debaixo do tapete o que existia antes do marco zero”, diz o professor Steiner. 

“A verdade é que, atualmente, o big-bang é o limite seguro da ciência. Qualquer tentativa de avançar além disso é especulação.”


Deus uma inteligência viva

Existe a proposta de cientistas como o astrônomo Fred Hoyle e o físico Frank Tipler de um tipo de Deus que é uma inteligência viva ou mecânica, que se desenvolve a partir do universo e dentro do universo, espalhando-se pelo cosmos e aumentando a tal ponto o seu poder que seria capaz de manipular matéria e energia de um modo tão sutil que não nos permitiria distinguí-la da própria natureza. “Esta inteligência, tão semelhante a Deus, poder-se-ia desenvolver a partir de nossos descendentes, ou mesmo já poderia se ter desenvolvido a partir de alguma ou de algumas comunidades extraterrestres. É concebível a fusão de duas ou mais inteligências diferentes durante este processo evolutivo.


Autor: Ir.’. Roberto Aguilar M. S. Silva • M.’.M.’.Gr.’.18
A.’.R.’.L.’.S.’.Sentinela da Fronteira • N0 53 • Corumbá • MS
Academia Maçônica de Letras do Mato Grosso do Sul

29 de maio de 2011

Aleister Crowley - Biografia


Edward Alexander Crowleydono de uma personalidade controversa e de um invejável senso de autopromoção, o inglês Edward Alexander Crowley, mais conhecido como Aleister Crowley (" O Pior Homem da Terra ", segundo a imprensa inglesa) tornou-se uma figura de expressão no cenário ocultista e também fora dele.

Mais conhecido como Aleister Crowley (Warwickshire, Inglaterra, 12 de outubro de 1875 – Hastings, Inglaterra, 1 de dezembro de 1947), foi um homem fascinante que viveu uma incrível vida. Ele é mais conhecido como o ocultista infame que introduziu Thelema ao Mundo. Crowley foi uma membro influente em várias organizações ocultas, inclusive a Golden Dawn, a A.'.A.'. e Ordo Templi Orientis.

Simbolo do Thelema


Em 1904, aos 28 anos, Crowley atinge o ápice de sua carreira mágica. Casando-se com Rose Edith Kelly, apenas 24h depois de se conhecerem, vai ao Cairo passar sua lua-de-mel.
Durante a estadia, Rose passa a ter contato espontâneo com uma entidade (Thoth) que diz querer contatar seu marido: " Eles estão esperando você ". Ela então recebe um ritual de invocação a divindade egípcia conhecida como Hórus, o deus da guerra, com cabeça de falcão.

Hórus - O Deus da Guerra

Crowley então performou o ritual e nos dias 8, 9 e 10 de Abril, sempre do meio-dia á uma da tarde, numa sala, obteve a recepção, de uma entidade autodenominada Aiwass, de um documento chamado o Livro da Lei. Este livro conteve uma mensagem sobre o início de uma nova era, denominada Æon de Hórus, na era de Aquário-Leão e de uma nova lei para a humanidade, chamada Thelema ( ou no português, Télema ). A mensagem era recheada de frases ininteligíveis, porém destacava-se uma prioridade á liberdade do homem, e a busca do caminho pessoal de cada um, sob uma óptica beligerante em várias frases.

Visitando o Museu de Boulaq, Crowley e Rose passaram em frente a uma tábua funerária contendo a figura de Hórus, a Estela da Revelação. Nela estavam alguns elementos cntidos na mensagem que recebera. "Coincidentemente" (1) a peça estava sob a numeração 666.

Museu de Boulaq - Cairo/Egito

De volta à Paris, mostra o livro à Mathers, conclamando o contato com os Chefes Secretos. Ambos se desentendem, e Mathers passa a atacar Crowley utilizando os demônios do Livro de Abramelin. Este respondeu com os Demônios da Goetia.

Continuando seu período de cepticismo, Crowley deixa o Livro da Lei de lado e observa a definitiva desintegração da Golden Dawn em várias outras ordens.

Durante sua viagem à China, em 1905, Crowley realiza a Magia Sagrada de Abramelin mentalmente, e atinge o objetivo central de todo o iniciado: o Conhecimento e Conversação do Sagrado Anjo Guardião, na esfera de Tiphareth.

Em 1906, junto com seu antigo instrutor na Golden Dawn, George Cecil Jones, Crowley decide montar uma nova ordem destinada à evolução espiritual humana. Eles a batizam de Fraternitatis Astrum Argentum.


A ordem seria composta de três níveis: a G.D., R.·.C.·. e S.·.S.·. (ou Silver Star ou Collegium Summum), todos baseados no glifo hebraico Árvore da Vida.

A A.·. A.·., é uma ordem de caráter puramente espiritual, que sempre existiu na história humana sob vários nomes e faces. Crowley re-estruturalizou as ordens inferiores de acordo com os princípios do Novo Æon e da Lei de Thelema. Na verdade, a A.·. A.·. existe apenas no plano espiritual, acima do Abismo, o nível conhecido como S.·.S.·. . Costumamos chamar de A.·. A.·. também todos os níveis inferiores thelemizados.

Crowley e Jones chegam ao grau de 8º = 3º durante a criação da Ordem. A partir de 1907, passa a escrever uma série de livros inspirados, durando até 1911.

Aleister Crowlei

Em 1909, inicia junto com Victor Neuburg, num ato de magia sexual e enoquiana, 
Liber 418, A Visão e a Voz.

Em 1911 devido a publicidade que Crowley fazia de si mesmo e da publicação de materiais no orgão divulgador oficial da A.·. A.·. , The Equinox, a ordem passou a ser atacada pelos jornais, descrita como satânica, pervertida... as coisas de sempre. Isso culminou num processo de G.C.Jones contra o tablóide The Looking Glass, que insinuava uma possível relação homossexual sua com Crowley. A audiência foi tendenciosa, principalmente quando uma das testemunhas de defesa do jornal era nada mais nada menos do que S.L.Mathers, ex instrutor e amigo de Crowley. Querendo vingança contar Crowley sobre o desentendimento de ambos, Mathers ajudou a quebrar a relação de Jones com ele.

No final, Jones e outro membro de alto grau da Ordem, J.F.C. Fuller, romperam com Crowley. Ao invés de enfraquecer a A.·. A.·. , o evento a promoveu, garantindo a sua existência até hoje, mesmo que sob uma nova forma.

Aleister Crowley

Crowley sempre foi uma figura polêmica: expunha sua condição sexual sem temor, possuía uma necessidade de auto divulgação muito grande e não hesitava em participar de escândalos, que não foram poucos em sua vida. Um homem de excessos, porém direcionados.

No ano de 1912 foi convidado por Teodore Reuss, Grão Mestre da ordo templi orientis (Ordo Templi Orientis) a se afiliar a ordem, depois de ler uma publicação de Crowley (O Livro das Mentiras), onde ele revelara o segredo principal da ordem, o da magia sexual do grau IX.

Teodore Reuss - Ordo Templi Orientis 1903

Após a morte de Reuss (1925), Crowley assume por si só a liderança do ramo britânico da ordem. Sob esta fraternidade, o material de Crowley passa a ser divulgado e conhecido.

Em 1º de Dezembro de 1947, Aleister Crowley morre em 'Netherwood', Hastings, de parada cardíaca.

A herança de Aleister Crowley estende-se até hoje, forte e arrebatadora. A complexidade de seu trabalho só encontra par na coerência do pensamento desenvolvido ao longo dos anos. É impossível estudar magia sem conhecer a obra da Besta. A mais severa crítica não resiste a um estudo aprofundado de sua obra. Críticas essas que recaem apenas sobre sua vida pessoal , conturbada e cheia de erros, ás vezes de caráter humano.

Aleister Crowlei

CURIOSIDADES DE CROWLEY: 



Liber Oz é a obra máxima de Aleister Crowley, um dos primeiros textos contidos no "Livro da Lei". Aqui você terá duas versões do texto do Liber Oz, mas nenhuma das duas são originais, foram retiradas do livro "O Equinócio dos Deuses", tradução do "The Book of the Law" para o português, editado apenas uma vez no Brasil em 1976.



"A Lei do Forte: Essa é a nossa lei e a alegria do mundo." (AL 2.21) 


"Faze o que queres, há de ser o tudo da Lei." (AL 1.40)


"Não tens direito fora fazer o que queres. Faz isto, e ninguém dirá não." (AL 1.42-3)


"Todo homem e toda mulher é uma estrela." (AL 1.3)



NÃO HÁ DEUS ALÉM DO HOMEM

1- O homem tem o direito de viver pela sua própria lei de viver da maneira que ele quiser; de trabalhar como ele quiser; de brincar como ele quiser;de descansar como ele quiser;de morrer quando e como ele quiser.

2- O homem tem o direito de comer o que ele quiser
de beber o que ele quiser;
de se abrigar onde quiser;
de se mover como queira na face da Terra.

3- O homem tem o direito de pensar o que ele quiser
de falar o que ele quiser;
de escrever o que ele quiser;
de desenhar, pintar, esculpir, gravar, moldar, construir como ele quiser;
de vestir-se como quiser.


4- O homem tem o direito de amar como ele quiser
"Pegai vosso quinhão e vontade de amor como vós quiserdes, quando, onde e com quem quiserdes." (AL 1.51)

5- O homem tem o direito de matar aqueles que possam frustrar esses direitos
"Os escravos sevirão." (AL 2.58)
"Amor é a lei, amor sob vontade." (AL 1.57)

A referência mais comum ao número 666 está em Apocalipse cap.13 ver. 18, que diz: "Quem tiver inteligência, calcule o número da Besta, porque é o número de um homem, e seu número é 666."


"O número 666 chama-se Aleister Crowley"



Esta frase encontra-se na música "Sociedade Alternativa". Aleister Crowley chamava a si mesmo de A Besta 666. Um sonho de Raul Seixas era publicar em inglês sua obra máxima, a que ele chamou de "Opus 666" (a capa ele já havia escolhido e teria sido a mesma que saiu no LP "A Pedra do Gênesis". Neste mesmo LP, ele musicou o Liber Oz e deu o nome de "A Lei").


Segundo Crowley, o número 666 no versículo citado é o número do homem. E não de um homem. Porque quando se coloca de um homem, o sujeito fica indefinido. Mas quando se diz do homem significa do ser humano, Lógos Encarnado. Na tradição esotérica, 666 é também o número do sol. E tem relações curiosas, pois 62 = 36 e o somatório de 1 a 36 é igual a 666.


"Hino a Pã" - Aleister Crowley, tradução de Fernando Pessoa

De Mestre Therion (Aleister Crowley)

Vibra do cio subtil da luz,
Meu homem e afã
Vem turbulento da noite a flux
De Pã! Iô Pã!
Iô Pã! Iô Pã! Do mar de além
Vem da Sicília e da Arcádia vem!
Vem como Baco, com fauno e fera
A ninfa e sátiro à tua beira,
Num asno lácteo, do mar sem fim,
A mim, a mim!
Vem com Apolo, nupcial na brisa
(Pegureira e pitonisa),
Vem com Artémis, leve e estranha,
E a coxa branca, Deus lindo, banha
Ao luar do bosque, em marmóreo monte,
Manhã malhada da âmbrea fonte!
Mergulha o roxo da prece ardente
No ádito rubro, no laço quente,
A alma que aterra em olhos de azul
O ver errar teu capricho exul
No bosque enredo, nos nós que espalma
A árvore viva que é espírito e alma
E corpo e mente - do mar sem fim
(Iô Pã! Iô Pã!),
Diabo ou deus, vem a mim, a mim!
Meu homem e afã!
Vem com trombeta estridente e fina
Pela colina!
Vem com tambor a rufar à beira
Da Primavera!
Com frautas e avenas vem sem conto!
Não estou eu pronto?
Eu, que espero e me estorvo e luto
Com ar sem ramos onde não nutro
Meu corpo, lasso do abraço em vão,
Áspide aguda, forte leão -
Vem, está vazia
Minha carne, fria
Do cio sozinho da demonia.
À espada corta o que ata e dói,
Ó Tudo-Cria, Tudo-Destrói!
Dá-me o sinal do Olho Aberto,
E da coxa áspera o toque ereto,
E a palavra do Louco e do Secreto,
Ô Pá! Iô Pã!
Iô Pá! Iô Pã Pã! Pã! Pã! Pã,
Sou homem e afã:
Faze o teu querer sem vontade vã,
Deus grande! Meu Pã!
Iô Pã! Iô Pã! Despertei na dobra
Do aperto da cobra.
A águia rasga com garra e fauce;
Os deuses vão-se;
As feras vêm. Iô Pã! A matado,
Vou no corno levado
Do Unicornado.
Sou Pã! Iô Pã! Iô Pã Pã! Pã!
Sou teu, teu homem e teu afã,
Cabra das tuas, ouro, deus, clara
Carne em teu osso, flor na tua vara.
Com patas de aço os rochedos roço
De solstício severo a equinócio.
E raivo, e rasgo, e roussando fremo,
Sempiterno, mundo sem termo,
Homem, homúnculo, ménade, afã,
Na força de Pã.

Iô Pã! Iô Pã Pã! Pã! Iô Pã!


Autoria e Pesquisa: Ir.´. Daniel Martina
Biografia: Wikpedia 
Crowley, Aleister. Diary of a Drug Fiend. [S.l.]: Book Tree, 2004. pp. Contracapa. 


25 de maio de 2011

A Origem do Rito Adonhiramita


VERBA VOLANT, SCRIPTAMANENT

Discutir a Origem do Rito, é necessário abordar com muita coragem, e com documentos, uma vez que o tema é extremamente polemico e para alguns, até tabu. Entretanto, se faz necessário a derradeira elucidação da Origem do Rito. Muito se tem falado, escrito e divulgado sobre a origem do Rito. Há algumas versões, que chegam a ser até cômica. A grande maioria das versões são especulações e o que é pior, sem provas documentais. Infelizmente, essas especulações só vem denegrir o o Belo Rito. 

O mais antigo documento conhecido referindo-se ao mestre arquiteto do Templo sob a denominação de Adonhiram é o Cathécisme des Francs Maçons ou Le Secret des Francs Maçons (Catecismo dos Franco-Maçons ou O Segredo dos Franco-Maçons), editado em 1744, de autoria, possivelmente, um abade, cujo nome seria Leonardo Gabanon. Em 1730, nasceu o Théodore de Tschoudy, considerado o organizador da segunda parte da obra Recueil Précieus de la Franc-maçonnerie Adonhiramite (Compilação Preciosa da Maçonaria Adorinamita), cuja primeira edição ocorreu em 1787. O Barão Tschoudy foi membro do parlamento de sua cidade natal, Metz, França, onde residiu de 1756 a 1765.


Maçom entusiasta e estudioso, Tschoudy utilizou seu aguçado espírito crítico para bater-se contra a proliferação desordenada dos altos graus do Rito de Heredom, do qual derivariam alguns dos ritos atuais, como o escocês, o moderno e o Adonhiramita. Inicialmente, Tschoudy se propôs a reformar os graus então existentes, reduzindo-os a quinze e depurando-os de tudo o que não fosse fiel à tradição maçônica. Em 1766, Tschoudy publicou L'Étoile Flamboyante ou La Société des Francs-Maçons (a Estrela Flamígera ou A Sociedade dos Franco-Maçons), obra em que propôs a criação de uma nova Ordem de altos graus, a Ordem da Estrela Flamígera, com três graus: Cavaleiro de Santo André, Cavaleiro da Palestina e Filósofo Desconhecido. Desentendendo-se com os membros do novo Conselho, dedicou-se ao já citado Recueil Précieus de la Franc-maçonnerie Adonhiramite.

Théodore Henry Barão de Tschoudy

Alguns autores, porém, atribuem a autoria da Compilação a Louis Guillemain Saint-Vitor. Esta interpretação foi feita por Ragon, que citou este último autor em seu ritual de mestre, na bibliografia nele mencionada. A confusão se deve à divisão da obra em duas partes, de estilos totalmente diferentes, sendo, a primeira, pródiga em notas e explicações, enquanto a segunda é lacônica e breve. Deduzem, os estudiosos, que a primeira parte foi escrita por Saint-Vitor e a segunda, por Tschoudy, em data anterior àquela.

A Compilação, aceita-se hoje, foi publicada em dois volumes, em 1787, incluindo os graus simbólicos, graças a Saint-Vitor, que os escreveu pouco antes da publicação, ou seja, quase vinte anos depois da morte de Tschoudy. A primeira parte da Compilação era relativa aos graus de Aprendiz, Companheiro e Mestre. A segunda, compreendia os graus de perfeição: Primeiro Eleito ou Eleito dos Nove, Segundo Eleito Nomeado de Pérignan, Terceiro Eleito Nomeado eleito dos Quinze, Pequeno Arquiteto, Grande Arquiteto ou Companheiro Escocês, Mestre Escocês, Cavaleiro da Espada Nomeado Cavaleiro do Oriente ou da Águia, Cavaleiro Rosa Cruz e O Noaquita ou Cavaleiro Prussiano.

O Imperador Napoleão Bonaparte

Na Europa, o Rito Adonhiramita foi praticado na França e em Portugal, difundindo-se das colônias e sendo o preferido da armada napoleônica. Com a difusão do Rito Francês ou Moderno, o Rito Adonhiramita começou a ser abandonado, restringindo a sua prática ao Brasil, onde se encontra a sua Oficina Chefe. Graças a isso, o Rito manteve a sua pureza original e não sofrendo as influências do teosofismo, ocorrida com os outros ritos no final do século XIX.

Em Portugal, a primeira Loja Maçônica se instalou em 1727, sendo regularizada pela Grande Loja de Londres em 1735, denominada Hereges Mercantes. Na Loja de Coimbra, fundada em 1773, encontravam-se os brasileiros Antônio de Morais Silva, Antônio Pereira de Souza Caldas, Francisco de Melo Franco e Joaquim José Cavalcanti. Igualmente, em outras lojas, em Lisboa e no Funchal, existiam irmãos brasileiros.

Em 18 de fevereiro de 1722, foi inaugurada a Academia Científica, fundada no ano anterior, com o apoio do então Vice-Rei D. Luís de Almeida Portugal Soares de Alarcão d'Eça e Melo Silva Mascarenhas, Marquês de Lavradio. Em 6 de junho, adota o nome de Sociedade Literária Rio de Janeiro, funcionando até 1790, quando a devassa da Inconfidência Mineira suspendeu os seus trabalhos. Essa Academia é tida, hoje, como uma loja maçônica disfarçada, como sugerem alguns textos posteriores como o que se segue, de autoria do Barão do Rio Branco, em Efemérides Brasileiras:

"Uma divisão naval francesa, comandada pelo Capitão Landolphe, tendo cruzado alguns dias perto da barra do Rio de Janeiro, fez algumas presas e segui, nesta data, para o Norte. Na altura de Porto Seguro, encontrou-se com a esquadra do comodoro inglês Rowley Bulteel, e no combate renderam-se duas fragatas francesas. Os prisioneiros foram entregues no Rio de Janeiro, ao Vice-Rei, Conde de Resende. Refere o Comandante Landolphe, que foi bem tratado, porque era pedreiro-livre. Um dos filhos do vice-rei levou-o a uma festa maçônica - introduzindo-o no recinto do templo - diz ele em suas memórias, ouvi, com muito prazer, o discurso do venerável..."

Vice-Rei Conde de Resende

Outro fato importante, que poucas obediências de outros países possuem, é o manifesto, como prova de regularidade de origem da Maçonaria Brasileira, através de uma Loja Adonhiramita - A Loja Reunião - que se subordinava ao Grande Oriente de França. Em 1815, foi fundada a Loja Comércio e Artes que, com a divisão do seu quadro, formou outras duas: a Loja União e Tranqüilidade e a Loja Esperança de Niterói. Essas lojas adonhiramitas fundaram, em 17 de junho de 1822, o Grande Oriente do Brasil.


Em 1839, a Constituição do Grande Oriente do Brasil criou o Colégio dos Ritos, incluindo o Rito Adonhiramita. Em 1851, foi criado o Colégio dos Ritos Azuis e em 1873, o Grande Capítulo dos Cavaleiros Noaquitas, também pelo Grande Oriente do Brasil. Após a separação da Maçonaria Brasileira, os graus simbólicos ficaram com o Grande Oriente do Brasil e as Grandes Lojas e os Altos Graus jurisdicionados às respectivas Oficinas Chefes dos Ritos. Em 2 de junho de 1973, o Mui Poderoso e Sublime Grande Capítulo dos Cavaleiros Noaquitas para o Brasil instituiu os graus de Kadosh e aumentou o número de graus para trinta e três. A partir dessa data, o governo das Oficinas Litúrgicas do Rito Adonhiramita ficou a cargo do Excelso Conselho da Maçonaria Adonhiramita.





O Rito Adonhiramita é o segundo mais praticado no Brasil, com especial concentração nos Estados de São Paulo, Santa Catarina e Pará. Atualmente, ele é reconhecido pelas potências maçônicas regulares, participantes da Confederação Maçônica Interamericana e Grande Oriente do Brasil.


Os Graus do Rito Adonhiramita


Primeiro grau: APRENDIZ;

Segundo grau: COMPANHEIRO;

Terceiro grau: MESTRE;

Quarto grau: MESTRE PERFEITO

Quinto grau: PRIMEIRO ELEITO ou ELEITO DOS NOVE;

Sexto grau: SEGUNDO ELEITO ou ELEITO DE PERIGNAM

Sétimo grau: TERCEIRO ELEITO ou ELEITO DOS QUINZE

Oitavo grau: APRENDIZ ESCOÇÊS ou PEQUENO ARQUITETO

Nono Grau: COMPANHEIRO ESCOÇÊS ou GRANDE ARQUITETO

Décimo grau: MESTRE ESCOÇÊS

Undécimo grau: CAVALEIRO DA ESPADA ou CAVALEIRO DO OCIDENTE / DA ÁGUIA

Duodécimo grau: CAVALEIRO ROSA CRUZ


Pesquisa e Autoria: Ir.´. Daniel Martina
Biografia: 
A Trolha - nº 107 setembro de 1995 

Excelso Conselho da Maçonaria Adonhiramita Brasil/Portugal