31 de maio de 2012

À CASA DE RUI BARBOSA:


Maior que a tristeza de não haver vencido é a vergonha de não ter lutado!
(Rui Barbosa)

RUI BARBOSA foi iniciado maçom na Loja AMÉRICA, a 1º. de junho de 1869. A Loja era ainda incipiente, pois fora fundada a 9/11/1868 e seria regularizada apenas a 7/7/1869. Mesmo assim, possuía, em seu quadro, homens que já eram, ou seriam, notáveis na História do Brasil imperial e republicano, como: Joaquim Nabuco, que fora iniciado a 1º. de dezembro de 1868, Américo de Campos, Américo Brasiliense, Antônio Carlos Ribeiro de Andrada (o II), Ubaldino do Amaral, Luís Gama e outros. A América era, ao lado das Lojas Piratininga (fundada a 28/8/1850) e Amizade (fundada a 13/5/1832), o grande celeiro de homens ilustres, geralmente captados na Academia de Direito.
Rui, no quadro da Loja, referente a 1870, tinha o nº 101 e constava como tendo 22 anos, sendo solteiro e estudante. Na realidade, como esse quadro era feito no início do ano, Rui, nascido a 5 de novembro de 1849, tinha apenas 20 anos, o que leva a crer que tenha sido alterada a sua idade, para mais, para permitir a sua iniciação com idade menor do que a regulamentar. Isso era muito comum, na época, e também ocorreu, por exemplo, com Nabuco e com Quintino Bocaiúva (iniciado na Loja Piratininga).
Antônio Carlos --- sobrinho de José Bonifácio de Andrada e Silva --- Venerável Mestre (Presidente) da Loja América, era lente da Faculdade de Direito e Rui, seu aluno. Apesar disso, este, assumindo o cargo de Orador da Loja, entrava, muitas vezes, em choque com a opinião do mestre, em Loja, principalmente em torno do movimento pela abolição da escravatura no Brasil, expondo suas idéias e fundamentando a sua discordância, com absoluto destemor, apesar de se expor a represálias no âmbito da Faculdade. Felizmente, Antônio Carlos era um homem de grande equilíbrio e descortino e entendeu as razões do seu aluno, jamais levando assuntos de Loja para outros locais.
Rui pouco permaneceu na América e na maçonaria, pois, bacharelado em 1870, voltou à Bahia. Mas teve tempo de apresentar, em Loja, o seu famoso projeto de 4 de abril de 1870, onde apresenta medidas abolicionistas --- ou, melhor dizendo, emancipacionistas ---- para a Loja e para todo o seu círculo maçônico. O projeto, ao qual, curiosamente, falta o art. 4º., encontra-se, hoje, na Casa de Rui Barbosa. O círculo maçônico referido era resultado de uma dissidência do Grande Oriente do Brasil, liderada por Joaquim Saldanha Marinho. Conhecido como Grande Oriente do Brasil da rua dos Beneditinos --- para diferenciá-lo do original, que funcionava na rua do Lavradio, 97 --- esse círculo maçônico durou até 1883, quando foi incorporado ao Grande Oriente do Brasil, passando, a Loja América, a ter o número 189. É por isso que, na época, enviado o projeto ao Grande Oriente dos Beneditinos, ele não foi levado avante, já que, preocupado em manter a sua Obediência maçônica dissidente, Saldanha Marinho não lhe deu destaque. O que foi lamentável.
Embora nunca mais tenha voltado à atividade maçônica, Rui sempre se referia à maçonaria com carinho e admiração, mesmo admitindo que se tornou maçom por acaso, porque muitos dos seus colegas eram maçons.


Ir Daniel Martina / Ilustração e Pesquisa

Fontes:

24 de maio de 2012

A ARCA DE NOÉ DO SÉCULO XXI


Um dia, o Senhor chamou Noé que morava no Brasil e
ordenou-lhe:


- ANTES DE 21.12.2012 , 6 meses antes ,( NOVO FIM DO MUNDO) farei chover ininterruptamente durante 40 dias e 40 noites, até que o Brasil seja coberto pelas águas.
Os maus serão destruídos, mas quero salvar os justos e um casal de cada espécie animal.
Vai e constrói uma arca de madeira. No tempo certo, os trovões deram o aviso e os relâmpagos cruzaram o céu. Noé chorava, ajoelhado no quintal de sua casa, quando ouviu a voz do Senhor soar furiosa, entre as nuvens:

- Onde está a arca, Noé?
- Perdoe-me, Senhor suplicou o homem.
Fiz o que pude, mas encontrei dificuldades imensas:

Primeiro tentei obter umalicença da Prefeitura,
mas para isto, além das altas taxas para obter oalvará,
me pediram ainda uma contribuição para acampanha deeleição do prefeito.
Precisando de dinheiro, fui aos bancos e não consegui
empréstimo, mesmo aceitando aquelas taxas de juros ...

O Corpo de Bombeiros
exigiu um sistema de prevenção de incêndio.
Começaram então os problemas com o IBAMAe a
FEPAM para a extração da madeira.

Eu disse que eram ordens SUAS, mas eles só queriam saber se eu tinha um "Projeto de Reflorestamento " e um tal de "Plano de Manejo ".
Neste meio tempo ELES descobriram também uns casais de
animais guardados em meu quintal.. Além da pesada multa, o fiscal falou em "Prisão Inafiançável " e eu acabei tendo que matar o fiscal porque, para este crime, a lei é mais branda.

Quando resolvi começar a obra, na raça,apareceu o CREA e me multou porque eu não tinha um Engenheiro Naval responsável pela construção.
Depois apareceu o Sindicato exigindo que eu contratasse seus marceneiros com garantia de emprego por um ano. Veio em seguida a Receita Federal, falando em " sinais exteriores de riqueza " e também me multou.

Finalmente, quando a Secretaria Municipal do Meio Ambiente pediu o " Relatório de Impacto Ambiental " sobre a zona a ser inundada, mostrei o mapa do Brasil. Aí, quiseram me internar num Hospital Psiquiátrico! Sorte que o INSS estava de greve...

Noé terminou o relato chorando, mas notando que o céu clareava perguntou:

- Senhor, então não irás mais destruir o Brasil?
- Não! - respondeu a Voz entre as nuvens
- Pelo que ouvi de ti, Noé,
cheguei tarde!

O governo já se encarregou de fazer isso!


Ir.´. Daniel Martina
www.filhosdoarquiteto.blogspot.com

23 de maio de 2012

Os Seres Indigos e Cristal:


Quando se fala de índigos, podemos falar tanto de crianças, adolescentes ou adultos. São almas antigas,que há muito já existe nesse mundo ou em civilizações mais avançadas, e que alcançou este estági...o representado pela cor índigo. Questionadores, guerreiros e detonadores de sistemas natos, desde criança apresentam características que desafiam os padrões de comportamentos, religiões, e regras impostas pela sociedade. O tema Crianças e adultos índigos e também o processo de transição em que nosso amado planeta Terra se encontra, vem sendo tratado com muita dose de empirismo, esoterismo e misticismo. Não excluo esses tratamentos porque a intenção de levar adiante informações tão preciosas e importantes neste processo de Transição Planetária, onde as crianças índigos em especial fazem toda a diferença. Se houver desde já linguagens específicas, por si só já criam separatismos.

O desejo é fazer-se entender de forma ampla e multilateral. O Nosso planeta passa por um processo de transição de forma acelarada. Haverá expressiva melhoria moral e espiritual da humandidade, como tantas escrituras, livros religiosos e proféticos proclama desde tempos remotos. As crianças ìndigo, assim como os adolescente e já alguns adultos índigos ajudarão decisivamente neste processo de transição de nosso planeta.

Os Adultos Índigos e Cristais são compostos de dois grupos. Em primeiro, existe aqueles que nasceram como Índigos e que estão agora a fazer a transição para Cristais. Isto quer dizer que eles passarão por uma transformação espiritual e física que acorda a sua consciência “Cristica” ou “Cristal” e que os liga às Crianças Cristais como parte da onda evolucionária de mudança. O segundo grupo são aqueles que nasceram sem estas qualidades, mas que as adquiriram trabalhando arduamente e seguindo diligentemente um caminho espiritual. Sim, isto quer dizer que todos nós temos o potencial de ser parte deste “grupo” emergente de “anjos humanos. 

 
Conhecendo um Indigo - Suas Características:

São muito criativos ainda que na escola não tenham tirado as melhores notas.




 Têm algumas características que fazem parte de crianças índigo.

 Apresentam alguns problemas de concentração e atenção (Sintomas de Desordem de falta de Atenção. Podem apresentar problemas para se concentrarem nas suas tarefas. Podem saltar de tema nas conversas (palestras, dissertações, etc.)

 Têm uma verdadeira empatia por algumas pessoas e sentem-se bem com pessoas que tenham a sua vibração, mas têm, também, uma profunda intolerância pela estupidez.

 São muito intuitivos, muito criativos e desfrutam fazendo coisas, mesmo que espalhem tudo à sua volta como um caos, sentem-se bem assim…mesmo que os outros reclamem da desordem.

 É difícil para eles fazerem um trabalho repetitivo e obrigatório e sobretudo na escola recusavam-se a fazê-lo.

 Vivem em constante mudança e têm, ainda hoje, problemas com a autoridade. Rejeitam, muitas vezes, a autoridade do professor ou mesmo dos pais quando procuravam impô-la. Questionaram-na e continuam questionando a autoridade.

 Aprendem rapidamente e quando acham que já sabem o suficiente aborrecem-se e desinteressam-se pelos assuntos?

 Se uma coisa ou um tema lhes interessa põem aí toda a sua atenção e não se importam de estar horas a fazer o mesmo.

 Na escola parecia que tinham “picos” e não paravam quietos, quando a matéria não lhes interessava, não lhe servia para nada ou achavam que já sabiam o suficiente sobre o assunto.

Por vezes mostra ser extremamente sensíveis, ou emocionalmente instáveis, chorando ao mínimo motivo (sem protecção). Ou podem mostrar uma certa falta de emoção (protecção completa).

 Por vezes revoltam-se com certas coisas ou pessoas, parecendo que têm problemas com a Ira.

 Não compreendem e até se revoltam, ou irritam com os chamados sistemas ineficazes que consideram caducos: sistema político, educativo, médico, jurídico, etc.

 Sentem uma verdadeira irritação e ira quando privam dos seus direitos e detestam que os observem ou controlem os teus passos, ficam irritados quando alguém está sempre a observá-los e a criticá-los.

 Procuram o significado da vida e sentem uma vontade grande de mudar ou até melhorar o mundo aderindo, por vezes, à espiritualidade, a alguma religião ou a grupos ou livros de auto-ajuda.

 Tiveram alguma experiência psíquica, premonições (ver anjos, seres extrafísicos, fantasmas…) experiências fora do corpo, ouvir ruídos ou vozes, etc.

 É sensível à electricidade e por vezes os relógios não funcionam, as lâmpadas apagam-se quando passa por baixo deles, os aparelhos eléctricos funcionam mal ou queimam-se fusíveis ou rebentam lâmpadas…

 Já, alguma vez, tiveram consciência da existência de outras dimensões, de extraterrestres ou da existência de outras realidades paralelas.

 São muito expressivos sexualmente, mas também podem recusar a sexualidade por aborrecimento ou para conseguirem uma ligação espiritual mais elevada. Podem explorar tipos alternativos de sexualidade.

 Tiveram poucos ou nenhum exemplo índigo para imitar.

 Se conseguem encontrar o seu equilíbrio podem transformar-se em indivíduos muito realizados, fortes, sãos e felizes.

A freqüência índigo impulsiona e ativa o reencontro das naturezas humanas e divinas dentro de si. Elevando o físico, trazendo a consciência superior aos níveis mais baixos e com isto dando condições ao espírito de se expressar na matéria. É a realização das bodas internas, a síntese entre as diferentes dimensões dentro de um ser.

 Os novos seres já estão prontos para esta capacidade de unir-se com Tudo O Que É.
São interdimensionais, isto é, têm a capacidade de comunicação com seres extra-físicos, de outras dimensões ou níveis de realidade. Antevêem o futuro e conhecem passados de outras eras, falam ou ouvem fadas, mestres, anjos etc. Alguns índigos sugerem, através de sonhos, aos seus futuros pais seus próprios nomes, antes do nascimento.


Afirmações para Consciência em Expansão:

Tenho capacidade de cumprir, com êxito e facilidade, minha parte no Plano de Deus, sendo co-criador com Ele!… Sou um mestre de luz encarnado na Terra, evoluindo, me expandindo e ascendendo cada vez mais, cumprindo aquilo que aqui vim realizar para o meu bem e para o bem de todos. Ajudo a todos abrindo e sustentando novos paradigmas, sabendo discernir com sabedoria e clareza aquilo que deve mudar… Ajo com lucidez e determinação em meus projetos e empreendimentos.

 Confio em mim e na Providencia Divina, com a certeza de que receberei em abundancia idéias, recursos, instrumentos, orientação intuitiva, colaboradores e respostas nas iniciativas inspiradas… A coragem, a saúde e a sorte me acompanham.

 Utilizo as energias que me chegam de forma equilibrada, adequadas ao meu corpo físico, sem danos ou doenças… Possuo a freqüência dos grandes seres, anjos e mestres, podendo usar meus dons com facilidade sempre que precisar deles.

 Estou aterrada e segura em minha vida terrena, em conexão harmônica com o céu e a Terra, calmo, balanceado e feliz… Faço crescer minhas raízes antes de fazer crescer o tronco, os galhos, as folhas, as flores e os frutos. Fortaleço-me em minhas inteligências múltiplas, em meu amor incondicional e minha paixão missionária.

 Desenvolvo-me em todos os níveis, com equilíbrio energético e percepções avançadas. Tenho o apoio de meus guias e anjos protetores. Reconheço meu valor e tenacidade nas coisas que faço e crio. Sou original, amoroso, gentil, humanitário e vitorioso.

 Sei mesclar com destreza a tecnologia e os recursos ancestrais sagrados da natureza terrena. Descubro novos caminhos e verdades por onde ando, estudo e incorporo tudo o que há de melhor nas diferentes culturas.

 Sei transcender com rapidez e inteligência os problemas do caminho, sem danos ou estresse. Ajudo a criar um novo mundo de paz e felicidade sobre o planeta. Aprendo e ensino ao mesmo tempo. Vivo a unidade divina na Terra. Sou Deus em ação.

Quem são as crianças índigo e cristal?

Divaldo — Desde os anos 70, aproximadamente, psicólogos, psicoterapeutas e pedagogos começaram a notar a presença de uma geração estranha, muito peculiar. Tratava-se de crianças rebeldes, hiperativas que foram imediatamente catalogadas como crianças patologicamente necessitadas de apoio médico. Mais tarde, com as observações de outros psicólogos chegou-se à conclusão de que se trata de uma nova geração. Uma geração espiritual e especial, para este momento de grande transição de mundo de provas e de expiações que irá alcançar o nível de mundo de regeneração. As crianças índigo são assim chamadas porque possuem uma aura na tonalidade azul, aquela tonalidade índigo dos blue jeans (Dra. Nancy Ann Tape).

O índigo é uma planta da Índia (indigofera tinctoria), da qual se extrai essa coloração que se aplicava em calças e hoje nas roupas em geral. Essas crianças índigo sempre apresentam um comportamento sui generis. Desde cedo demonstram estar conscientes de que pertencem a uma geração especial. São crianças portadoras de alto nível de inteligência, e que, posteriormente, foram classificadas em quatro grupos: artistas, humanistas, conceituais e interdimensionais ou transdimensionais.

As crianças cristal são aquelas que apresentam uma aura alvinitente, razão pela qual passaram a ser denominadas dessa maneira. A partir dos anos 80, ei-las reencarnando-se em massa, o que tem exigido uma necessária mudança de padrões metodológicos na pedagogia, uma nova psicoterapia a fim de serem atendidas, desde que serão as continuadoras do desenvolvimento intelecto-moral da Humanidade.


Autoria: Ir Paulo Coutinho
Ilustração: Ir Daniel Martina

21 de maio de 2012

O MAÇOM E A RESPONSABILIDADE SOCIAL:


Vivemos em uma época turbulenta e, mais ainda, os acontecimentos ocorridos nos Estados Unidos, relacionados aos atos terroristas nos edifícios do World Trade Center e no Pentágono, como conseqüência o início da guerra anti-terror, com as inúmeras bombas despejadas em um país miserável na tentativa de satisfazer a um povo ávido por respostas e vingança pelo grande sofrimento pela perda das milhares de vidas do atentado terrorista.

Obviamente não nos cabe fazer julgamentos, apontando certos ou errados, nem tampouco justificar este ou aquele ato. O que proponho é uma reflexão, não só sobre estes países envolvidos, mas sobre todos os conflitos existentes no planeta, notadamente fruto da ausência de valores, excesso de fanatismos e egoísmos, afinal um povo é o conjunto de individualidades coletivas que, como indivíduos passam pela infância, idade madura e decrepitude e, também, a responsabilidade do maçom frente a toda essa gama de desentendimentos, conflitos e guerras gerada pela ausência do que juramos defender.

Creio que um maçom tenha pouca influência junto aos poderosos líderes mundiais das nações. O que ele pode e deve fazer nada mais é do que a sua parte nesse processo, quer seja através de um comportamento coerente e congruente com a sua promessa nas pequenas atitudes e comportamentos do dia-a-dia, quer seja discutindo em loja, reunindo-se, fazendo proposições, cobrando dos governantes as promessas feitas em campanhas eleitorais ou apresentando sugestões sobre o alinhamento dos procedimentos para um realinhamento ético, voltados aos princípios maçônicos, que creio serem os mesmos princípios que também inspiram ou devem inspirar a mente e o coração desses líderes.

Gosto muito de uma pequena história, onde um turista estava em viagem pelo Egito e teve a oportunidade de conhecer um rabino e ir à sua casa. Lá chegando, ficou surpreso ao ver a simplicidade do lugar, os poucos móveis e até a humildade do rabino. Perguntou então ao rabino: - Onde estão as suas coisas, suas estantes, suas prateleiras, seu conforto, e todas as regalias que a sua posição permitia?


O rabino respondeu com uma pergunta:
- E as suas coisas, onde estão? O turista respondeu: - Mas eu estou só de passagem e, para mais uma surpresa do turista, o rabino disse:
- Eu também.
Ora, uma rua, um bairro, uma cidade são formados por pessoas. Uma nação é formada por pessoas e pessoas somos nós, cada um de nós. Teremos sem nenhuma dúvida, um mundo melhor, quando cada um assumir a sua parcela de responsabilidade nesse processo.
Para o Maçom, a responsabilidade é dobrada, porque entre outras ações que lhes propiciam um desenvolvimento intelectual e mental, além de emocional, assumiu um compromisso através do seu juramento de construir templos às virtudes e masmorras aos vícios.
De que forma, então, o maçom pode atuar nesse mundo tão conturbado e carregado de desencontros?
Primeiro, sabendo exatamente o que é um povo civilizado. A civilização se depurará quando o moral estiver tão desenvolvido quanto a inteligência. 
A medida que a civilização se aperfeiçoa, faz cessar alguns males que engendrou e esses males desaparecerão com o progresso moral.
Um povo só poderá se dizer civilizado, na acepção do termo, em que:
- Se encontre menos egoísmo, menos cupidez e menos orgulho;
- Onde os hábitos sejam mais intelectuais e morais que materiais;
- Onde a inteligência possa se desenvolver com mais liberdade;
- Onde haja mais bondade, boa fé, benevolência e generosidade recíprocas;
- Onde os preconceitos de casta e de nascimento estejam menos enraizados,
porque esses preconceitos são incompatíveis com o verdadeiro amor ao próximo;
- Onde as leis não consagrem nenhum privilégio e sejam as mesmas para o último como para o primeiro;
- Onde a justiça se exerça com menos parcialidade;
- Onde o fraco encontre sempre apoio contra o forte;
- Onde a vida do homem, suas crenças e suas opiniões sejam melhor respeitadas;
- Onde haja menos infelizes, onde todos os homens de boa vontade estejam sempre seguros de não lhes faltar o necessário.
- Onde haja homens de boa fé, que cultuam a verdade e não se vendem.
Se um povo é soberano e se cada um dos que o integram tem consciência dos seus deveres e direitos, para que não viva à mercê dos ambiciosos e dos mentirosos, é preciso que se eduque e, para que o consiga, é necessário reunir-se.
Pela educação de cada pessoa, o povo unido aprenderá a julgar e dará o seu voto para aumentar a soma da inteligência intelectual, que engrandece as nações. Assim, também, aquele que se habitua a pensar com prudência, sobre o lado favorável e o lado adverso das coisas, distinguirá as necessidades políticas que o afligem. Todas as classes de que o povo se compõe exercitarão, desse modo, suas faculdades adormecidas, reanimarão suas atividades, adquirirão a experiência que a decisão dos negócios requer. Assim, não se deixarão arrastar por impostores, como se observa quando não se preparam para o uso da razão, nem para o controle dos sentimentos e dos interesses, que fortificam o ato de julgar e permitir discernir a verdade da mentira. Impressionou-me deveras, a coincidência dos princípios defendidos pela maçonaria, com os dez princípios da ética planetária, que são as diretrizes do Clube de Budapeste para pensar globalmente e agir moralmente na aurora do Século XXI, baseadas em valores que representam o interesse esclarecido de todos os seres humanos, culturas, sociedades e vida na biosfera.

VIVA COM RESPEITO PELOS OUTROS E PELA NATUREZA:

1- Viva de uma maneira que satisfaça suas necessidades básicas sem tirar dos outros a oportunidade de satisfazerem as necessidades deles.
2- Viva de uma maneira que respeite o direito inalienável de todas as pessoas à vida e ao desenvolvimento, onde quer que elas vivam e quaisquer que sejam suas origens étnicas, sexo, nacionalidade, posição social e sistema de crenças.
3- Viva de uma maneira que respeite o direito intrínseco à vida e a um ambiente que dê apoio à vida de todas as coisas que vivem e crescem na Terra.
4- Busque a felicidade, a liberdade e a realização pessoal em harmonia com a integridade da Natureza e levando em conta as buscas similares de seus semelhantes na sociedade.


AJA PARA CRIAR UM MUNDO MELHOR:

5- Exija de seu governo que se relacione com outros povos e países pacificamente e em um espírito de cooperação, reconhecendo as aspirações legítimas de todos os membros da comunidade internacional por uma vida melhor e por um ambiente saudável.
6- Exija das empresas que manifestem preocupação adequada pelo bem estar de todos os seus envolvidos e pela sustentabilidade do meio ambiente, produzindo e oferecendo serviços que satisfaçam a demanda corrente sem degradar ou poluir a Natureza, sem reduzir as oportunidades das pessoas pobres de participar da economia nem as oportunidades das empresas locais de competir no mercado.
7- Exija dos meios de comunicação que divulguem informações contínuas e confiáveis sobre as tendências básicas e os processos cruciais, assim permitindo que os cidadãos e os consumidores tomem decisões abalizadas sobre questões que afetam sua saúde, sua prosperidade e o seu futuro.
8- Abra espaço em sua vida para ajudar os menos favorecidos a viver com dignidade básica e trabalhe com pessoas de mente semelhante a sua, próximas ou distantes, para preservar ou restaurar equilíbrios essenciais ao meio ambiente.


DESENVOLVA SUA CONSCIÊNCIA:

9- Desenvolva sua consciência para perceber a interdependência vital e a unidade essencial da família humana, para aceitar e apreciar sua diversidade individual e cultural e para reconhecer que uma consciência ampliando-se para uma dimensão planetária é imperativo para a sobrevivência humana.
10- Use o exemplo e a orientação da sua consciência em expansão para inspirar e motivar jovens (e pessoas de todas as idades) a desenvolverem aquele espírito que lhes dará o poder de tomar decisões morais sobre questões críticas que decidirão o futuro deles e o próprio futuro da humanidade.

Paz Profunda – Ir.´. Daniel Martina

18 de maio de 2012

O Envenenamento Mental - R+C


Estávamos numa trilha e caminhávamos dentro de um córrego em direção a uma cachoeira. Uma amiga gritou assustada e outra amiga que estava próxima a ela, gritou mais assustada ainda. Voltamos para saber o ocorrido:

- A primeira gritou por que seu lenço caiu no riacho.
- E a segunda, por que gritou?
- Porque a amiga gritou e ela imaginou que fosse uma cobra ou algo perigoso.

Uma reflexão sobre o envenenamento mental nos leva a pensar em como ele pode nos levar a influenciar uns aos outros. A vida é assim: ou eu influencio você, ou você me influencia, ou eu e você somos influenciados por alguma ideia ou sentimento. Concorda?

O envenenamento mental é um sofrimento, uma tortura, uma "ruminação” de ideias negativas. É estar pensando sobre uma ameaça recebida, uma maldição (praga), uma sugestão mental negativa. Estar envenenando é estar encabulado, sugestionado. Uma observação critica sobre uma pessoa pode provocar envenenamento. Quem fala nem sempre percebe o que causou, mas quem escuta pode sofrer por horas, dias ou anos, se não tiver alguma defesa psicológica.

- "Como você está gorda, fulana!”
- "Como você está pálido! Você esta doente?"

 

Essas observações podem ferir ou envenenar. Uma ameaça cria uma expectativa doentia.
Uma “praga” causa um medo antecipatório.

 

E o medo de magia negra? E o medo de "olho gordo", "quebrante"? E as notícias ruins? E os filmes de terror?E o medo de doenças?

 

O estudante de medicina passa por um stress quando começa a estudar as doenças, mas o povo também, quando a televisão enfoca uma situação doentia. Por exemplo, muita gente está com medo do mal de A1zheimer, em decorrência da televisão.


Envenenar é criar medo na cabeça das pessoas. Foi a terrível e primitiva "arma" que as criaturas humanas usavam para desfrutarem de poder. Até hoje, conscientes ou não, provocamos medo nos outros e, principalmente, nos nossos filhos.

Você sabia que Platão já condenava a lenda do "bicho papão"? Todavia, não são só os outros que nos envenenam, nós precisamos tomar muita atenção para não "envenenar" as pessoas e não nos auto-envenenarmos. Bem, em nossa reflexão, falta um item e você deve perguntar: como se defender?

Resposta: primeiro - usando mais o lado racional, e segundo - usando muito mais o seu lado intuitivo. O racional leva a questionar, argumentar e analisar, enquanto o intuitivo oferece uma nova possibilidade e uma definição interna, porque o inconsciente sabe mais do que o consciente.

Feliz Reflexão!


Adilson Rodrigues, FRC - Frater Adilson é Médico, Psicanalista, estudante da Psicologia Analítica Junguiana e Diretor de Planejamento e Patrimônio da GLP


16 de maio de 2012

O Significado da Cruz


Cruz – do lat. cruce – significa antigo instrumento de suplício, constituído por dois madeiros, um atravessando no outro, em que se amarravam ou pregavam os condenados à morte. Segundo Rizzardo da Caminno a Cruz é formada por dois ângulos retos, encontrando-se com os seus vértices. Os gregos a apresentam na forma de uma sua letra, a “tau”, e tem o formato de um “T” maiúsculo. A palavra cruz no grego = (stauros, verbo stauroõ) que significa primariamente um poste reto ou uma trave, e secundariamente um poste usado como instrumento de castigo e execução. Para o chinês, a cruz indica ainda a idéia de universalidade e plenitude: inteiro, perfeito, completo, extremo, largo, infinito e perfeição, expressa o superlativo: extremamente bonito, mil maravilhas, eternidade sempre. Os hebreus, à semelhança dos chineses, carregavam esse sinal com toda a força do símbolo: vizinhança, amizade, simpatia, totalidade, fartura e perfeição. No alfabeto hebreu a Cruz (TAU) é a última letra.


Para o hebreu significa também: termo, chegada, meta final, assinatura. A CRUZ (TAU) é usada para representar o Nr. 400, isto é, a superabundância. O número 4 é a expressão dos quatro cantos da terra, da universalidade, da riqueza. O 400 é o superlativo de um superlativo, a fartura infinita. È bom saber que no Antigo Testamento não se usava este método para executar pessoas, mas era usado, como execução, o apedrejamento. Os cadáveres eram pendurados numa árvore, como advertência (Deuteronômio 21-22-23; Js 10.26).Tal corpo era considerado maldito (o que explica Epístola aos Gálatas 3.13) e tinha que ser removido e sepultado antes do cair da noite (cf. Jo 19. 31). Essa prática explica a referência neotestamentária á cruz de Cristo como uma “árvore”, (no grego xylos, At 5.30; 10.39; 13.29; I Pe 2.24) um símbolo de humilhação. Os escritores contemporâneos descrevem a crucificação como a mais dolorosa de todas as formas de morrer. 

Existe também a Rosa-Cruz, uma cruz em cuja inserção central apresenta uma rosa. Na maçonaria são usadas como símbolo a Cruz Latina e a Cruz patriarcal, essa como símbolo do Grau 33 do R.´.E.´.A.´.A.´. Na matemática, a cruz assumiu desde os babilônios, o sentido de MULTIPLICAÇÃO e SOMA, os membros da Rosa Cruz costumam explicar seu significado interpretando-a como o corpo de um homem, que com os braços abertos saúda o Sol e com a rosa em seu peito permite que a luz ajude seu espírito a desenvolver-se e florescer. Quando colocada no centro da cruz a rosa representa um ponto de unidade.

Na sua acepção mística, a Cruz não tem significado sectário, pois representa a espiritualidade e a consciência Cósmica. É o símbolo da imortalidade, da fé, da santidade e da perfeição.

De acordo com o estudioso Juan Eduardo Cirlot, ao situar-se no centro místico do cosmos, a cruz assume o papel de ponte através da qual a alma pode chegar a Deus. Dessa maneira, ela liga o mundo celestial ao terreno através da experiência da crucificação, onde as vivencias opostas encontram um ponto de intersecção e atingem a iluminação.

É pela cruz que se sai do material e chega-se ao imaterial, do concreto chega-se ao abstrato; do mundo inferior chega-se ao superior, do plano das formas chega-se aos planos do sem forma; do domínio da força inferior chega-se ao dominium da Força Superior, Seu modelo básico traz sempre a intersecção de dois eixos opostos, um vertical e outro horizontal, que representam lados diferentes como o Sol e a Lua, o masculino e o feminino e a vida e a morte, por exemplo.

Se dividirmos a circunferência que simboliza o mapa com uma linha na horizontal que liga a superfície da terra ao horizonte longínquo, e outra na vertical – que toca o alto do céu e atravessa todo o planeta Terra, formamos uma cruz, a cruz cardeal. Esta cruz sempre foi considerada de suma importância para a Astrologia. Define que somos filhos tanto do Céu como da Terra. Nossos pés estão firmemente ligados a terra, nossa cabeça liga-se ao céu e dele recebe a energia necessária ao nosso desenvolvimento como seres humanos. O que se procura é o desenvolvimento de nosso Espírito, filho do céu, ao mesmo tempo que a harmonização de nosso corpo, filho da terra, com as energias que vêm do céu (eixo vertical) e com as energias dos cinco elementos da terra. (eixo horizontal. Da Astrologia podemos extrair o mesmo ensinamento: o braço horizontal da cruz cardeal nos remete aos signos de Áries (o desenvolvimento do eu) e Libra (o encontro com o outro, com a natureza, com o que não sou eu). O braço vertical nos remete aos signos de Câncer (as raízes, a família, o coletivo) e Capricórnio (o ponto mais alto do mapa, evocando a lenta subida do homem até os níveis mais elevados de espiritualidade). 

Segundo Jorge Adoum, a cruz não significa morte e sim triunfo sobre a matéria. Sua ponta voltada para cima, corresponde a imagem de Deus, refletindo a Verdade, sabedoria e amor, já a parte inferior apontada para baixo, corresponde a imagem das trevas.

Segundo John Stott “....A cruz nos assegura que esse Deus é a realidade dentro, por trás e além do universo”.

No N.T, a cruz é símbolo de vergonha e humilhação, bem como da sabedoria da Glória de Deus reveladas por meio dela. Roma empregava a cruz não só como instrumento de tortura e execução, mas também como pelourinho vergonhoso, reservado para os mais vis. Para os judeus era maldição. 

Teologicamente, o vocábulo cruz era usado como descrição sumária do Evangelho da salvação, de que Jesus “morreu pelos nossos pecados”. Assim é que a pregação do Evangelho é a “palavra da cruz” a “pregação de Cristo crucificado” (I Co 1.17 e segs). A palavra cruz é reconciliação (II Co 5. 19), foi por meio dela que houve reconciliação entre Deus e o ser humano, sendo essa reconciliação pessoal e cósmica. 

O interesse dos escritores do Novo testamento na cruz, não é nem arqueológico, nem histórico, mas antes Cristológico. 

Para os cristãos representa a paixão e a morte de Cristo. No Cristianismo, é o símbolo da redenção universal, da reconciliação e da PAZ (Ef. 2, 14-17 e CL.1, 19-20). É a vitória da vida. Um Homem-DEUS (Jesus) esteve ali de BRAÇOS ABERTOS, num gesto de reconciliação e confraternização.

Autor:

Manoel Junior, M:.M:.
A:.R:.L:.S:. Verdadeiros Amigos, São Paulo - Brasil

Biografias:
1 - Dicionário Maçônico Rizzardo da Camino
2 - Grau de Companheiro e seus mistérios – Jorge Adoum.
3 - Obras de Rizzardo da Camino, Rui Tinoco de Figueiredo, Jorge Adoum, consulta a diversos MM.´.MM.´., diversos sites da Internet, Bíblia Sagrada, tradução de João Ferreira de Almeida. 2ed. São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil, 1993. Novo Dicionário da Bíblia. 2ed. São Paulo: Vida Nova, 1995. Stott, John. A cruz de Cristo. São Paulo: Vida, 2000.

15 de maio de 2012

O Lixo Do Mundo - Leonard Ravenhill


“Irmãos e irmãs, a autonegação é o princípio ético básico da igreja cristã”. — Dr. Charles Inwood.

 “Agora, interrompo minha conversa com os homens, e volto-me para ti, ó Deus. Neste momento, começo a ter com Deus uma comunhão que nunca terminará. Adeus, meu pai e minha mãe. Adeus, amigos e parentes. Adeus, comida e bebida! Adeus, mundo, com seus prazeres! Adeus, sol, lua e estrelas! Agora, acolho a ti, Deus e Pai! Chego a ti, ó doce Jesus, mediador da nova aliança. Chego a ti, bendito Espírito da graça, Deus de toda a consolação! Agora, chego à glória; à vida eterna! Bem-vinda, mor-te!” “O Dr. Matthew MacKail estava embaixo da forca onde seu primo, Hugh MacKail, estava sendo morto, por causa de sua fé. E ao ver o outro se contorcendo suspenso nas cordas, ele agarrou suas pernas e pendurou-se a elas para que morresse mais rapidamente e com menos sofrimento. E foi assim que Hugh Mac-Kail “com seu doce sorriso juvenil” foi encontrar-se com Cristo. “E assim será minha acolhida”, disse ele: O Espírito e a noiva dizem: Vem”. — A morte de Hugh MacKail, membro da Igreja Reformada da Escócia.

O que vem a ser “o lixo do mundo?” (1Co 4.13). Seria o ventre do mal, onde nasce o crime organizado? Seria o gênio do mal que mobiliza as insurreições internacionais? Ou seria a Babilônia? Ou, quem sabe, Roma? Seria o pecado? Ou será que descobriram em algum lugar toda uma tribo de maus espíritos e deram a ela esse nome? Ou talvez seja uma moléstia sexualmente transmissível?

Se levantarmos mil suposições sobre essa questão obteremos mil respostas, e nenhuma delas estará correta. A resposta certa é exatamente o oposto do que se poderia esperar. Essa expressão “lixo do mundo” não designa homens nem demônios. E não é nada de conotação maligna; é benigna. Não; não é nem benigna: é o melhor que pode haver. Também não é nada material; é espiritual. Não tem nada a ver com Satanás, mas com Deus. E não apenas é da igreja, mas um membro dela. E não apenas um membro, mas o mais santo dela, a mais preciosa de todas as jóias. Paulo diz: “Nós, os apóstolos, somos considerados lixo do mundo”. E logo em seguida ele acrescenta a essa injúria um insulto, e intensifica a infâmia, aumentando ainda mais a humilhação, pois afirma: “(somos) escória de todos” (1Co 4.13).


Quando um homem chega a dizer que é o lixo do mundo é porque não tem mais ambições pessoais; não possui mais nada que alguém possa invejar. Não tem mais reputação — nada mais a zelar. Não possui bens — e, portanto, mais nada com que se preocupar. Não tem mais direitos — e, portanto, não está mais sujeito a sofrer injustiças. Que bendita condição! Ele já está morto — então, ninguém pode matá-lo. E se os apóstolos tinham tal estado de espírito, tal mentalidade, não foi à toa que eles “transtornaram o mundo”. O crente que ainda abriga ambições pessoais deve pensar um pouco nessa atitude dos apóstolos para com o mundo. E o evangelista popular, que ainda não sofreu perseguições e vive segundo os moldes hollywoodianos, devia pensar um pouco sobre o modo de ser daqueles homens.

Então, quem infligiu a Paulo sofrimento maior que o que passou quando recebeu as cento e noventa e cinco chicotadas, sofreu os três apedrejamentos e os três naufrágios?

A rixosa, carnal e crítica igreja de Corinto. Ela estava dividida pela carnalidade e por dinheiro. Alguns deles tinham alcançado a fama e haviam-se tornado importantes comerciantes da cidade. Então Paulo lhes diz: “Chegastes a reinar sem nós”. Observemos o contraste gritante entre o verso 8 e o 10, de 1 Coríntios 4: “Já estais (vós) fartos, já estais (vós) ricos: chegastes (vós) a reinar sem nós”. “Nós somos loucos; nós (somos) fracos; nós, desprezíveis; sofremos fome, e sede, e nudez”. Mas há uma compensação no verso 9: “(Nós) nos tornamos espetáculo ao mundo, tanto a anjos como a homens”.

Depois de tudo isso, não era mesmo difícil para Paulo afirmar que ele era “o menor de todos os santos”. E ele levanta essas verdades para confrontar aqueles cuja fé tinha perdido seu foco central. Aqueles coríntios estavam fartos, mas não eram livres. (Se um homem escapa da prisão, mas ainda tem as pernas presas em correntes, não está livre.) Mas o apóstolo nãoestá aborrecido pelo fato de eles desfrutarem de abundância e ele não ter nada. Ele lamenta que a riqueza tenha resultado em fraqueza de alma. Eles vivem em conforto, mas não têm a cruz. São ricos, mas não conhecem o vitupério de Cristo. Não chega a afirmar que eles não pertencem a Cristo, mas que estão buscando um caminho mais suave para chegar ao céu. E então diz: “Sim, oxalá reinásseis para que nós também viéssemos a reinar convosco”. Se eles estivessem reinando de fato, então Jesus já teria voltado; eles estariam vivendo o milênio, e, como diz Paulo: “Nós estaríamos reinando com vocês”.

Mas quem aceita ser desonrado, desprezado e desvalorizado assim? Essa verdade é revolucionária, e põe em cheque nossa doutrina cristã falsificada. Teremos nós prazer em ser considerados loucos? Será que suportaremos ver nosso nome jogado por aí, difamado?

O verdadeiro cristianismo é mais revolucionário do que o comunismo, embora, naturalmente, não provoque derramamento de sangue. As máquinas do socialismo tentaram terraplanar os “montes” das riquezas, para aterrar os “vales” da pobreza. Pensaram que, dando educação a todos, iriam “retificar o que é tortuoso”, acharam que com um ato do congresso com um mero aceno da varinha de condão da política, iriam introduzir o milênio tão esperado. Mas na Rússia isso implicou apenas na mudança da chefia; o pessoal das camadas inferiores continuam na camada inferior.

Hoje em dia há milhões de pessoas que enriquecem pelo empobrecimento de outros. E Paulo afirma que ele era pobre, mas estava “enriquecendo a muitos”. Graças a Deus que o dinheiro de Simão, o Mago, continua não obtendo nada do Espírito Santo. Se nós ainda não aprendemos a avaliar corretamente as “riquezas de origem iníqua”, como Deus poderá confiar-nos a “verdadeira riqueza?” Então Paulo, que era material e socialmente falido, achava-se incluído entre os seletos relacionados como “o lixo do mundo”. Certamente isso o ajudou a entender que, sendo lixo, seria pisado pelos homens. 

Embora fosse capaz de debater com filósofos, estóicos, epicureus no Areópago, por Cristo estava disposto a ser tachado de “louco”. O antagonismo do mundo para com Jesus é fundamental e perene.

Irmãos, será que temos essa mesma disposição? Nada nos irrita mais do que ser associados a pessoas incultas e ignorantes, apesar de sabermos que o homem que escreveu o Apocalipse era inculto e ignorante. Hoje em dia, estamos contaminados por um terrível mal: os pastores estão mais preocupados em encher a cabeça de conhecimentos do que ter um coração em chamas.

Quando uma pessoa aprecia muito a intelectualidade é melhor que termine os estudos antes de assumir o púlpito. Pois, depois que o assumir, de nada lhe valerão os títulos que puder obter, já que as vinte e quatro horas do dia serão curtas para que apresente os nomes de suas ovelhas perante o “grande Pastor”, ou cumpra a suprema responsabilidade de preparar-lhes o alimento espiritual. As coisas espirituais se discernem espiritualmente (e não psicologicamente). Nem Deus mudou, nem mudaram seus pensamentos. Por desígnio dele, ainda existem verdades que estão ocultas para os entendidos e que são reveladas “aos pequeninos”.

E os pequeninos, meus irmãos, não possuem um intelecto privilegiado. A igreja de hoje está-se gabando do elevado Q.I. dos seus ministros. Mas, antes que alguém se glorie na carne, convém levar em conta que estamos presenciando um dos mais baixos índices de conversões, pois o diabo, irmão Apolo, não se impressiona com sua riqueza verbal.

A linha demarcatória que distingue o crente do homem do mundo é bem definida, bem delineada, mas está totalmente desmoralizada na prática. Os peregrinos de Bunyan, ao chegar à “Feira da Vaidade”, constituíram um verdadeiro espetáculo, pois se achavam em flagrante contraste com o povo mundano em seu modo de vestir, de falar, em seus interesses e senso de valores. Isso ainda acontece hoje?


Durante a última guerra, um general do exército britânico fez a seguinte afirmação:“Precisamos ensinar nossos soldados a odiar, pois se tiverem bastante ódio pelo inimigo lutarão contra ele”.

Nós já ouvimos muita coisa sobre o perfeito amor (embora ainda não tenhamos ouvido o suficiente). Mas agora precisamos também aprender a “irar e não pecar”. O crente cheio do Espírito deve detestar o mal, a iniqüidade e a impureza, e só assim lutará contra essas coisas. Paulo odiava o mundo e por isso o mundo o odiava. Nós também precisamos dessa mesma disposição de fazer oposição.

O evangelista Stanley escreveu “Darkest Africa” (A Face Escura Da África) e o General Booth, fundador do Exército de Salvação, “Darkest England” (A Face Escura Da Inglaterra), em meio a forte oposição. O primeiro falava das florestas impenetráveis, de árvores altíssimas, com seus leopardos à espreita, suas serpentes traiçoeiras e com os espíritos das trevas. Booth via as ruas da Inglaterra com os mesmos olhos com que Deus as via: a lascívia, os esgotos de pecado, a cobiça do jogo, o perigo da prostituição. E então levantou um exército para combater essa situação em nome de Deus. Hoje nossas próprias ruas são campos missionários. Esqueçamos por um pouco que nossa sociedade é civilizada, pois é possível uma senhora elegante, de belas maneiras e voz suave estar tão longe de Deus quanto uma selvagem da tribo Mau-Mau, com seu saiote de capim. Em nossas cidades campeia a impureza.

O crente que passa as noites em frente da televisão, a devanear, está com o cérebro morto e a alma em falência espiritual. E vivendo assim, indiferente à licenciosidade que impera nestes dias, a ponto de não chorar por causa da cegueira que domina o pecador, faria melhor se pedisse a Deus que terminasse logo sua vida terrena. Hoje, cada rua de nossa cidade é um poço de pecado, bebida, divórcio, trevas e condenação. E se alguém tomar uma posição contrária a todos esses males, não deve admirar-se se o mundo o odiar. Se fôssemos do mundo, ele amaria o que era seu.

Paulo declara firmemente: “O mundo está crucificado para mim”. Será que isso é demais para o crente do século XX? O morro do Gólgota recebia muitas visitas de curiosos que ali iam para assistir à humilhação dos malfeitores. E aquilo era uma verdadeira festa; zombava-se do sofrimento. Mas, no dia seguinte, quem eram os primeiros a chegar ao local?

Os primeiros eram os urubus — que iriam bicar os olhos das vítimas, e a carne das suas costelas. Depois eram os cães, que devoravam as pernas e braços dos infelizes. Assim, todo deformado, com as entranhas à vista, o indivíduo era um espetáculo horrendo. E era assim que Paulo via o mundo crucificado — nada atraente aos olhos dele.

Possamos nós também tremer interiormente e repetir, com lábios trementes, a mesma afirmação do apóstolo: o mundo está crucificado para mim. Só depois que estivermos mortos para o mundo com todos os seus prazeres, sua glória fútil e alegrias efêmeras, poderemos experimentar a mesma libertação que Paulo conheceu. Mas a realidade é que nós, os seguidores de Cristo, respeitamos as opiniões do mundo, e buscamos sua apreciação e suas condecorações.

Um moderno crítico da igreja diz que atualmente o deus do crente é o ouro, e o seu credo é a cobiça. Mas graças a Deus que ainda existem algumas exceções a essa regra. E esse bendito homem, Paulo, para quem o mundo estava crucificado, era considerado “louco”. E mais, ele apresentava sua mensagem de tal forma que alguns procuraram matá-lo, pois ele representava uma ameaça para o comércio deles. Esses apóstolos, com todo o seu santo e sadio desdém pelo mundo e pelas pessoas do mundo nos deixam humilhados.

"Eles escalaram a íngreme ladeira para o céu
Em meio a perigos, sofrimento e labor.
Ó Deus, dá-nos a graça
De seguirmos as suas pegadas”.

Muito breve estaremos dizendo adeus à perecível vida terrena e saudando o início da eternidade. Quero desejar-lhe, prezado irmão, uma vida de serviço sacrificial para Aquele que foi nosso sacrifício. Que também nós possamos terminar a carreira com gozo.


Pesquisa e Ilustração: Ir Daniel Martina
Extraído do livro: Porque tarda o pleno avivamento?