30 de março de 2011

O Tempo e os Calendários


Como a nossa vida é relativamente curta, estamos acostumados a pensar em 10 ou 20 anos, por isso um século costuma ser uma referência de um longo período de tempo. Mas temos que nos lembrar de que a história do nosso planeta e da raça humana vai muito mais além do que os livros nos contam. Devemos nos lembrar então que existem períodos de tempo muito maiores, pensando em de milhões e bilhões de anos.

O tempo é medido por mudanças e é dessa forma que percebemos o tempo. Existem muitas formas de marcar o tempo como, por exemplo, o pêndulo, relógio de areia, movimento da Lua ao redor da Terra e da Terra ao redor do Sol. São fenômenos físicos cíclicos ou periódicos, ou seja, se repetem em períodos determinados e sempre iguais.
Inicialmente a civilização ocidental pensava que a Terra seria tão velha quanto os seres humanos, possuindo aproximadamente 6 mil anos, quando Tudo teria sido criado, inclusive o tempo. Uma tentativa de quantificação importante, considerada em calendários de alguns Ritos até hoje, ocorreu em 1654 quando um arcebispo irlandês calculou, com base em dados bíblicos, que a Terra teria sido criada 4004 anos a.C. Um outro cálculo, feito por um pastor anglicano, chegou em 4000 anos a.C.
Atualmente, além dos calendários, a metodologia de datação absoluta, através dos métodos C14, tem grande aceitação. Estabeleceu-se assim que a Terra teria se formado há 5 bilhões de anos, as rochas mais antigas há 4,5 bilhões de anos e a vida humana surgiu há 2 milhões de anos.
Os calendários são as tentativas de elaboração de sistemas que se baseiam em fenômenos astronômicos, envolvendo a posição e movimento do Sol e da Lua. Os primeiros calendários tentavam marcar o início e o fim do inverno e verão. O homem logo percebeu que em determinadas épocas do ano o Sol estaria mais próximo ou mais afastado da Terra.
Assim foram definidos os chamados equinócios, 21 de março e 23 de setembro, datas do ano em que o dia e a noite são exatamente iguais em duração, e solstício, 21 de junho e 21 de dezembro, datas do ano em que são desiguais.
Com o passar dos tempos o sistema de contagem de tempo ficou mais sofisticado, foram elaborados os calendários, que foram aperfeiçoados ao longo da história. Mas o meu objetivo mesmo era definir os calendários que formaram o calendário maçônico.
Calendário gregoriano é resultante da reforma do calendário juliano e foi introduzido pelo Papa Gregório XIII, onde em cada quatro anos existe um ano bissexto, que está em uso até hoje. Para efeito de acerto para implantação, foi estabelecido na ocasião que o dia 04/10/1562 passaria a ser 15/10/1562.

O Calendário hebraico é lunar e solar ao mesmo tempo e leva em consideração o ano agrícola, religioso e o civil. Se considerarmos o ano agrícola e o religioso, o ano hebraico se inicia no mês de Nissam, março. Considerando o ano civil, o ano tem início em Tishiri, setembro. Para se calcular o ano no calendário hebraico basta somar ao ano da E.’.V.’. o número 3760.
Calendário maçônico gregoriano onde o ano tem início em 21 de março, dividido em 12 meses com 30 ou 31 dias. O 12° mês, fevereiro, possui apenas 28 dias. Tanto os meses como os dias não recebem denominações especiais. Trata-se na verdade de uma mistura entre os calendários gregoriano e hebraico. Para se saber o ano, acrescenta-se o número 4000 ao ano da E.’.V.’..
O Rito Escocês Antigo e Aceito utiliza, nos Graus Superiores, o calendário hebraico devido ao fato deste Rito ter sido fundado por Irmãos de origem judaica. Este mesmo Rito utiliza no Brasil um calendário baseado no hebraico com início em 21 de março, acrescentando-se ao ano da E.’.V.’. o número 4000. O calendário do Rito Moderno, atribui aos meses igual número de dias que o calendário gregoriano, acrescentando o número 4000 ao ano da E.’.V.’., formando assim o ano da V.’.L.’., quando teria sido criada a Terra e Tudo o que nela existe. Recordando o Gênesis: “Faça-se a Luz e a Luz feita”.
Bibliografia:
SPOLADORE, H. 1991 Calendários e Maçonaria
Enviado pelo Ir.’. Pedro Juchem, M.’.M.’. - Loja Venâncio Aires II, nº 2369 – GOB-RS

A Ordem Martinisma


Quando, na decadência da Arte Real, os Rosacrucianos da Inglaterra depositaram o segredo de suas operações no simbolismo simples e espontâneo de uma Corporação operária, eles acreditaram que a tradição de sua arte passaria às gerações futuras em toda sua pureza.
Apesar de engenhosa, a intenção daqueles adeptos não se realizou. Em nenhum outro lugar a Ciência Sagrada suportou mutilações maiores que no seio dessa Corporação, que acabou por descer ao nível de uma sociedade ignorante de sua própria natureza e de seu objetivo primitivo.
Martinez de Pasqually e seu discípulo Louis-Claude de Saint-Martin, contemporâneos dos últimos Rosacrucianos da Inglaterra, não viram a necessidade de confiar as Tradições herméticas que eles conservavam às associações venais; mas eles reuniram em torno deles um pequeno número de Homens de Vontade, prontos a sacrificar suas próprias personalidades, sem nenhuma esperança além da de transmitir a alguns discípulos cuidadosamente escolhidos os ensinamentos luminosos dos Hierofantes da Antiguidade e de seus sucessores, os Cabalistas e os Doutores Herméticos da Idade Média.
O martinismo viveu obscuramente longe das convulsões das sociedades, pelo menos no Círculo exterior, e absorto na contemplação dos grandes mistérios da Natureza, até que o movimento universal rumo ao idealismo tivesse levado aos quatro cantos um testemunho eloquente em favor da opinião antecipada pelos observadores sinceros: a saber, que o materialismo é incapaz de responder aos desejos imperiosos do homem de ciência; que o clericalismo é odioso ao homem que tem verdadeiros sentimentos religiosos; cabe aqui um parênteses, ao Nobre Irmão, que prefiro não denominá-lo, a denominar o Rito como CRISTÃO, e eu lhe perguntei o que era Cristão?….
Mas vamos prosseguir, que um coração puro se revolta diante da luta repugnante entre um filósofo impotente e uma teologia corrompida, e pede que ambos sejam para sempre enterrados sob o soberano desprezo do homem.
Hoje, milhares de homens e mulheres buscam um refúgio na Sabedoria dos Antigos, na Ciência de um tempo que não conheceu nem perseguição religiosa nem intolerância científica, tempo no qual a sabedoria de um iniciado nos Mistérios Egípcios, a riqueza de um adorador de Moloch e a habilidade de um seguidor de Mitra trabalharam na mais sublime harmonia para a construção de um Templo erguido ao Deus de Israel, templo no qual uma idólatra, a bela Rainha de Sabá, e um outro idólatra, Alexandre, o Grande, vieram adorar o Santo dos Santos. 
Diante desse retorno inevitável rumo à Sabedoria da Antiguidade, que produziu Rama, Krishna, Hermes, Moisés, Pitágoras, Platão e Jesus, o martinismo, depositário de Tradições sagradas, sai da sua obscuridade voluntária e abre seus santuários de ciência aos Homens de Vontade capazes de compreender os símbolos, encorajando aquele que é ardoroso e afastando aquele que é fraco, até que a seleção especial dos Superiores Incógnitos esteja completa, quando então o martinismo dissolverá suas Assembleias e retornará ao seu adormecimento secular.
Todo essa obra é baseada essencialmente nas teorias emprestadas dos egípcios por Pitágoras e sua Escola. Ela contém, em seu simbolismo, a chave que abre o “mundo dos Espíritos que não é fechado”; segredo infalível, incomunicável, compreensível somente ao verdadeiro Adepto. Esse trabalho não profana a santidade do véu de Ísis por revelações imprudentes.
Pois somente aquele que é digno e versado na História do Hermetismo e suas doutrinas, ritos, cerimônias e hieróglifos, poderá penetrar a secreta, mas real significação do pequeno número de símbolos apresentados aqui para a meditação do Homem de Vontade.

Esboço
Louis-Claude de Saint-Martin, o Filósofo Desconhecido, nasceu em Amboise (Indre-et-Loire), em 18 de janeiro de 1743, e morreu em Aulnaye, perto de Sceaux, em 13 de outubro de 1803. Iniciado no estudo e na prática da Filosofia Hermética por Martinez de Pasqually, e no conhecimento do Absoluto pela meditação das obras de Jacob Boëhme, Saint-Martin sempre defendeu a pureza da Tradição contra as injúrias dos profanadores.
Foram sempre sustentados pelos seus esforços os trabalhos que levaram a salvar de uma perda total a porção da Tradição ainda conservada pela Maçonaria e cuja importância essa Ordem ignora.
Muitas Lojas de Filósofos Desconhecidos foram fundadas por Martinez de Pasqually e pelo seu discípulo Louis-Claude de Saint-Martin. O quartel general do martinismo era em Lyon, na Loja dos Cavaleiros Benfeitores da Cidade Santa.
Em sua origem, as Lojas Martinistas compreendiam sete graus: 1º Aprendiz; 2º Companheiro; 3º Mestre; 4º Mestre Perfeito; 5º Eleito; 6º Escocês e 7º Sapiente.
A supressão dos três primeiros graus transformou a iniciação, que foi assim reduzida a três graus essenciais e a graus acessórios de aplicação. É desse modo que está atualmente estabelecida a Ordem dos S ……I.
Vou tomar a liberdade de citar aqui uma pequena parte de um trecho que é lido por uma das dignidades em Loja:
(O Irmão apresenta o espelho ao Neófito, que permanece com os olhos vendados). >>>
Isso dá nascimento à dualidade, ou princípio binário da oposição dos contrários, representada simbolicamente pelo número 2, que é o princípio passivo por excelência; ou às duas colunas entre as quais tu deverás passar antes de ser admitido a penetrar na Câmara Mística.
As duas colunas, que explicam o mistério de todas as oposições na natureza, são as duas chaves que abrem as portas do céu. Astronomicamente, elas representam os equinócios de verão e de inverno. Todas as iniciações mostram ao Neófito o simbolismo do binário ou de oposição de contrários, desde a sua entrada no Templo; e a busca da Verdade, da Verdade cuja luz é o objeto de teu ardente desejo, não é outra coisa que não o desejo da alma humana de descobrir o terceiro termo, o elemento de equilíbrio, o reconciliador dos inimigos gêmeos.
É tão importante o reconhecimento do terceiro princípio que deu nascimento ao dogma da Trindade, que reencontramos na base de todos os sistemas de Teogonia. Entre os egípcios, o termo de equilíbrio entre o masculino Osíris e a feminina Ísis é a criança Hórus. O próprio Osíris sintetiza Amon, princípio ativo deificado do Universo, e Ptah, princípio passivo deificado do Universo. Na Teogonia hindu, Shiva, o transformador, reúne os poderes de Brahma, o criador, e de Vishnú, o conservador. Na Teogonia dos cabalistas, Kether, o poder equilibrante absoluto, combina Hochmah, a sabedoria absoluta, e Binah, a Inteligência absoluta. Na Teogonia cristã, o mediador entre o Pai ou princípio ativo, e o Filho, ou princípio conservador, é o Espírito Santo, ou a força universal que anima Animus= Espírito; Anima=Alma.
É esse binário, momentaneamente destruidor do equilíbrio, que mostra as leis, tão pouco conhecidas, da força universal, espalhada em tudo e em tudo invisível na sua essência; força terrível e toda-poderosa nas mãos do Iniciado… Mas basta conhecer dela a existência, meu Irmão… As duas colunas são representadas hieroglificamente pelo caractere hebraico : (daleth), cuja significação cabalística é força, poder, imutabilidade. É a quarta letra do alfabeto sagrado e tem o valor numérico 4, que é o número da virtude geradora, da qual resultam todas as combinações, fonte de tudo o que veio à existência.
E é com essa significação que esse número se reencontra no cume de todas as Iniciações, sob o simbolismo sublime do Nome incomunicável, ou da Palavra perdida, o Nome inefável de Deus, que encontramos composto de quatro letras, na maior parte das línguas modernas e antigas:
Pitágoras comunicava isso aos seus discípulos sob o nome de TeTragrammaTon, ou TeTracTis, cujos três “T” formam o venerável símbolo gnóstico do Tríplice Tau, equivalendo à letra V (Schin), o Tríplice Tau hebraico, símbolo cabalístico da Divindade como é manifesta pelo Verbo, pela Palavra, o Nome ou o Discurso. O Tríplice Tau dentro de um Círculo, símbolo da Eternidade, é o monograma do Deus egípcio Thot, a quem o nosso templo é dedicado. E, sob esse círculo, ele forma as iniciais do maior Iniciador, do pai de todas as ciências e de todas as artes, Hermes Trismegisto, o primeiro que proclamou o dogma da imortalidade da alma, e que a simbolizou pela cruz, símbolo similar às duas colunas, indicando a união do equilíbrio das forças contrárias que causam o eterno movimento, a eterna geração e a eterna regeneração; em outras palavras, a imortalidade, representada em nossa Câmara Mística pelo Fogo Sagrado queimando sobre o altar.
Nossos antigos Irmãos, os Irmãos Herméticos, tinham a mais alta veneração pela cruz, a qual eles viam como o símbolo dos quatro elementos, representados pelos animais apocalípticos: a águia e o homem, o touro e o leão, ou o ar e a água, e a terra e o fogo, dos quais eles extraíam a mais pura essência para compor a pedra filosofal, representada pelo nosso altar cúbico. É por isso que os Rosa-Cruzes diziam: “In Cruce Salus”, nossa Salvação está na Cruz. A cruz era também o símbolo da Luz — LVX —, pois a cruz apresenta essas três letras pelo cruzamento das suas linhas.
A Luz entre os Cabalistas, a Pedra Filosofal entre os Hermetistas, o Fogo Central da natureza para os Rosa–Cruzes, a Pedra Cúbica ou o Bloco Perfeito entre os Maçons, não são senão uma só e a mesma coisa, equivalente ao termo mediador que reúne os opostos, esse Santo Arco Real que repousa sobre as duas colunas e que ensina ao Adepto como tirar toda sua energia da reconciliação dos dois inimigos aparentes que, para ele, tornam-se os dois pilares sobre os quais estabelece sua força. A compreensão perfeita da Lei binária te dará o conhecimento do Bem e do Mal, que nossos primeiros pais, tomados pela curiosidade e pela desobediência, não foram bem-sucedidos em salvaguardar, tendo sido, desse modo, merecidamente banidos do Éden por sua indignidade.
Mas tu, meu Irmão, tu te isolaste sob a Máscara da discrição para criar tua personalidade por um longo período de silenciosa meditação. Tu podes, sem medo, te apresentar diante do mundo desconhecido, das misteriosas leis da natureza. No entanto, mantenha-te em guarda, porque, desencadeadas contra a tua calma e potente vontade, que exalta a plena compreensão da tua mais absoluta liberdade, todas as forças fatais combinadas lançar-se-ão sobre ti de uma maneira selvagem…
É bom perceber que a personagem bíblica de “um ser Cristão” vem bem depois de tudo isso… Não confundam energia Crística, com o homem.
Mas depois de algumas passagens no cerimonial, existe um outro momento muito importante:
Aprenda, pois, a te envolver com o Manto misterioso, insígnia da Iniciação ou do verdadeiro Conhecimento, ornamento místico do Adepto, contra o qual mesmo a espada flamejante do Querubim não teria poder. Que a prudência não deixe jamais de te aconselhar, meu digno Irmão. Aprenda a te isolar na calma de uma consciência despojada dos vícios e das superficialidades da vida.
Essa vestimenta, que oculta da vista dos profanos e dos perversos o Iniciado, que dela conhece seus múltiplos usos, deve te cobrir com seus franzidos protetores. Do mesmo modo que o Manto de Apolônio de Tiana, esse símbolo representa a plena e total possessão de si mesmo.
Ele representa, também, não só o que isola o Sábio das correntes instintivas, mas também a Prudência e a Discrição, que caracterizam o verdadeiro Iniciado. Como o véu de Ísis e o manto de Cibele, que teu ornamento sagrado permaneça para sempre cerrado diante dos estranhos… Talvez o Manto seja o mais profundo símbolo que a Ordem tenha posto diante dos teus olhos; o estudo desse símbolo é deixado aos cuidados do teu trabalho pessoal e de tua perseverança.
A letra hebraica que representa o Manto é a última do alfabeto, Z (Thau), que é o signo cabalístico da Verdade, da Luz, do Sol e do Ser Humano em seu estado de perfeição. Seu número é 400, ou 5 x 8 x 10, o que significa que é pelas portas da Morte que a vontade humana sobe em direção ao Pensamento Divino. Nesse momento supremo, quando te encontrares no umbral da imortalidade, diante de um mundo que não conheces, isolado à beira de um terrível e fremente oceano, onde as correntes mais horrorosas se batem umas nas outras e enchem a atmosfera com indescritíveis ruídos, gritos nunca antes ouvidos, lamentações de partir o coração e clamores de ensurdecer, que o terror não te apoderes de ti, mas olha para o Oriente e contempla a magnífica Estrela da Esperança, o Pentalfa, símbolo da dominação da Vontade sobre a matéria, signo da superioridade e da Autocracia das faculdades intelectuais sobre os maus espíritos ou as paixões do Homem material.
É a estrela dos três Sábios do Evangelho, símbolo do Verbo feito carne. Representa o cordeiro abençoado de São João ou o bode de Mendes, Lúcifer ou Vesper, Maria ou Lilith.
Em resumo, ele representa o Homem, em sua toda-poderosa Vontade livre. Segundo os místicos, diz Macrobe, os cinco pontos representam o Deus Supremo ou Primeiro Motor, a Inteligência ou os homens nascidos d’Ele, a alma do Mundo, as Esferas celestes e as coisas terrestres. É chamado em Cabala o Signo do Macrocosmo, signo do qual Goethe exaltou a potência no sublime monólogo de Fausto: “Ah! como esta visão excita meus sentidos! Sinto a jovem e santa voluptuosidade da vida ferver em meus nervos e em minhas veias. Era ele um Deus, aquele que traçou esse signo calmante o atordoamento de minha alma, enchendo meu pobre coração de alegria e, num estremecimento misterioso, desvelando em torno de mim as forças da Natureza? Sou Deus? Tudo para mim se torna muito claro. Vejo, nas simples linhas, a Natureza ativa se desvelando diante de minha alma. Agora, pela primeira vez, compreendo a verdade das palavras do Sábio: ‘O mundo dos espíritos não está fechado… Teus sentidos são grosseiros, teu coração está morto… Levanta-te! …Banha teu peito, ainda envolvido num Véu terrestre, nos esplendores do dia nascente, ó Adepto da Ciência Divina!’”
Em nome do Nosso Venerável Mestre, o Filósofo Desconhecido, e pelos poderes que me foram concedidos pelo Supremo Conselho da Ordem Martinista, eu te confiro o título de Iniciado, Aprendiz Cohen, Obreiro do Segredo.
Autor: 
Emin.’.Wagner Veneziani Costa • M.’.I.’. • Gr.’.33
Grande Secretário de Planejamento • GOB

26 de março de 2011

Deus o Espelho do Homem Ideal


O homem, à medida que sofria mutações e seu cérebro ficava maior, foi aumentando seu nível intelectual e aos poucos foi realizando seus traços culturais. Convém mencionar que um dos primeiros feitos culturais foi uso de ferramentas, a domesticação do fogo e a construção de moradias. Vale lembrar que culturais correspondem a todas as atividades e todos os valores que servem ao homem na medida em que colocam a Terra a seu serviço, protegem-no contra a violência das forças da natureza, etc. – sendo essa uma concepção de Freud. A curiosidade humana e sua inquietação o levou, através de sua inteligência, a esclarecer todas as suas dúvidas. Porém o homem primata não tinha meios para entender certas coisas e não agüentou ficar neste estado de curiosidade por muito tempo, o que resultou na criação de deuses, que falavam pelo homem o porquê daquelas coisas que não entendiam. Ao longo dos anos, os deuses permaneceram, pois eram um grande apoio para o vazio existente no homem, repleto de dúvidas e medo.
O Deus criado pelo homem acaba espelhando um ideal cultural, uma perfeição que o próprio homem queria possuir. Ao longo do tempo o homem tenta alcançar esse ideal, ao passo de ele próprio se transformar em Deus. Logo abaixo mostra um trecho de Freud retirado da sua obra O mal-estar da cultura(1930), que explica essa semelhança entre homem e Deus.

“O que o homem produziu através de sua ciência e de sua técnica neste planeta, em que surgiu, de início, na condição de uma débil criatura animal, e em que cada indivíduo de sua espécie tem de ingressar outra vez na condição de bebê desamparado, não soa apenas como um conto de fadas, mas é a verdadeira realização de todos – quer dizer, é de quase todos – os desejos dos contos de fadas. Todo esse patrimônio pode ser considerado pelo homem como uma aquisição cultural. Em tempos remotos, ele formou um ideal de onipotência e onisciência que corporificou em seus deuses. A eles atribuiu tudo que lhe parecia inacessível aos seus desejos – ou que lhe era proibido. Pode-se dizer, portanto, que esses deuses eram ideais culturais. Agora ele se aproximou bastante de alcançar esse ideal, ele próprio quase se tornou um deus. Todavia, apenas da maneira que, segundo o juízo humano geral, os ideais costumam ser alcançados. Não de modo completo, em muitos aspectos de modo algum, em outros apenas pela metade. O homem se tornou uma espécie de deus protético, por assim dizer, realmente grandioso quando coloca todos os seus órgãos auxiliares, só que eles não se integraram nele e ocasionalmente ainda lhe dão muito o que fazer. De resto, ele tem direito a se consolar com o fato de que esse desenvolvimento não estará encerrado exatamente no ano de 1930 d.C. Épocas futuras trarão consigo progressos novos e de dimensões possivelmente inimagináveis nesse âmbito da cultura, aumentando ainda mais a semelhança do homem com deus. No interesse de nossa investigação, porém, não esqueçamos que o homem atual não se sente feliz em sua semelhança com Deus.”

Freud defende que Deus é uma ilusão humana que consiste em um ideal cultural, em algo que o homem gostaria de ser, alguém capaz de saber tudo e ter o poder de fazer tudo, e que tenta atingir através de suas invenções, seus passos tecnológicos que conquistam a Terra aos poucos e esclarecem todos os mistérios da humanidade. O homem se torna cada vez mais grandioso e poderoso, chegando aos poucos ao patamar de Deus. Em tempos futuros, o homem não precisará de Deus para lhe fazer uma explicação sem base científica para esclarecer suas dúvidas que restam e nem para apoio psicológico. O homem estará tão poderoso e confiante que sentirá ele próprio é capaz de realizar tudo que quiser com suas próprias mãos tecnológicas e científicas.

Entretanto, vale lembrar, que esse Deus que Freud e eu estamos falando é aquele criado pelo homem e que muitos o têm de apoio para não ficarem tão sozinhos e com medo, sendo como uma ilusão muitas vezes acreditada falsamente por alguns só para seguirem o padrão imposto pela sociedade, sendo que não estamos falando, portanto, da relação divina com o cosmos/ “Deus”/universo que alguns conseguem alcançar, que até muitos cientistas acreditam, mas não conseguem explicar por meio da ciência.


Pode-se concluir desta maneira, que os deuses que o homem primitivo criou eram algo que eles mesmos queriam ser, mesmo que isso não tenha sido de forma ciente e sim em seus subconscientes. Esses deuses, ou ideais culturais como Freud os chama, ao longo da história da humanidade se tornaram apenas um Deus em muitas religiões, cuja persistência repousa no apoio psicológico obtido por este, sendo que o homem acredita, subconscientemente, em uma perfeição abstrata e inatingível que ele queria ser. Aos poucos ele está incorporando esse Deus, ou Deus está incorporando esse homem ideal, sendo um o espelho do outro.


Biografia: 
Mariana Lorenzo
FREUD, Sigmund. O Mal-Estar Na Cultura. 1930. Coleção L&PM Pocket

24 de março de 2011

Simbolismo Maçônico


O simbolismo é a ciência mais antiga do mundo. Através dos símbolos, os povos primitivos se comunicavam e registravam sua história. O verdadeiro símbolo, é aquele que pode ser interpretado por diversos ângulos, de acordo com a capacidade intelectual e emocional de cada um. De acordo com a Enciclopédia de Mackey, “a maçonaria é um sistema de moralidade desenvolvido e inculcado pela ciência do simbolismo”.

Com o surgimento da maçonaria especulativa no século XVIII, na Inglaterra, ressurgiu, também uma reeleitura dos simbolismos religiosos que se encontravam deturpados pela ignorância eclesiástica medieval. Os maçons especulativos começaram a estudar os simbolismos religiosos e iniciatícos, dando origem a simbologia mística, dos maçons operativos, alquímicos e outros símbolos tradicionais. Foram inclúidos, também, os símbolos de significado particular,  Estrela Flamígera, a letra G, Acácia, etc.

São inúmeros os símbolos maçônicos, porém alguns se destacam pelo seu constante uso e conhecimento entre os maçons. Trazemos alguns deles com seus respectivos significados. 


COMPASSO E ESQUADRO

O compasso e o esquadro reunidos tem sido mais antiga bem como a mais comum representação da Instituição Maçônica. Tanto se apresentou este símbolo compasso-esquadro, que ele é prontamente reconhecido, até mesmo pelos profanos (pessoas não iniciadas na Maçonaria). É o sinal distintivo do Venerável Mestre (Presidente da Loja) uma vez que esotericamente representa a "Justa Medida".
A Justa Medida quer dizer em última análise a Retidão. Faz lembrar aos maçons em geral e a cada instante que todo as suas ações deverão ser plantadas com serenidade, bom senso e espírito de justiça. Faz recordar o compromisso solene assumido pelo iniciado, de sempre agir dentro de uma escola de perfeita honestidade e retidão.

O COMPASSO - O Compasso é considerado um Símbolo da espiritualidade e do conhecimento humano. Sendo visto como Símbolo da espiritualidade, sua posição sobre o Livro da Lei varia conforme o Grau. No Grau de Aprendiz, ele está embaixo do esquadro, indicando que existe, por enquanto, a predominância da matéria sobre o espírito . A abertura indica o nível do conhecimento humano, sendo esta limitada ao máximo de 90º, isto é ¼ do conhecimento. A sua Simbologia ainda é muito mais variada, podendo ser entendido como Símbolo da justiça, com a qual devam ser medidos os atos humanos. Simboliza a exatidão da pesquisa e ainda pode ser visto como Símbolo da imparcialidade e infalibilidade do Todo-Poderoso.

O ESQUADRO – O primeiro instrumento passivo e companheiro por excelência do Compasso é o Esquadro. Seu desenho nos permite traçar o ângulo reto e, por tanto, esquadrejar todas as formas. Deste modo, é visto como Símbolo, por excelência, da retidão. É também a primeira das chamadas Jóias Móveis de uma Loja, constituindo-se na Jóia do Venerável, pois, dentre todos, este deve ser o mais justo e eqüitativo dos Maçons. O Esquadro, ao contrário do Compasso, representa a matéria; por isso é que, em Loja de Aprendiz, ele se apresenta sobre o Compasso. Predominância da Matéria sobre o espírito.

A LETRA "G': É o símbolo de Deus, o Divino Geômetra. Uma das razoes de ser tomada como símbolo sagrado da Divindade, é que, com ela, a palavra Deus, se inicia em vários idiomas. GAS, em Siríaco; GADA, em persa; GUD, em sueco; GOTT, em alemão; GOD, em inglês, etc.


A TROLHA – Ou colher de pedreiro. Trata-se de uma espécie de pá achatada com a qual os Pedreiros assentam e alisam a argamassa. Sendo um instrumento neutro, deve ser visto como um Símbolo da tolerância, com que o Maçom deve aceitar as possíveis falhas e defeitos dos demais Irmãos. Pode ser vista, também, como um Símbolo do amor fraternal que será, então, o único cimento que uniria toda a Maçonaria. Desta forma, passar a Trolha, significa perdoar, desculpar, esquecer as diferenças. Entendida desta forma, pode ser vista como Símbolo da Paz que deve reinar entre os Irmãos.

PEDRA BRUTA - Simboliza a inteligência do aprendiz maçon, ainda rude, porque com os vestígios do Mundo Profano, está apenas iniciando sua aprendizagem nos Mistérios da Maçonaria. As arestas desta Pedra Bruta cabe ao aprendiz desbastar disciplinando, educando instruindo sua personalidade, objetivando vencer suas paixões e subordinar sua vontade à prática do bem. Assim a tarefa principal do Aprendiz consiste em trabalhar e estudar para adquirir o conhecimento do simbolismo do seu grau e a sua interpretação filosófica.



O MALHO E O CINZELEstas duas ferramentas servem para desbastar a pedra bruta.
A primeira representa nossas resoluções espirituais: éo cinzel de aço, que se aplica sobre a pedra com a mão esquerda lado passivo, e corresponde à receptividade, ao discernimento especulativo
A segunda é a vontade executiva, o malho, insígnia do mando, vibrado com a mão direita, lado ativo, relacionada coma energia atuante e a determinação moral donde dinama a realização prática.



A PEDRA CUBICAHavendo o Aprendiz trabalhado na Pedra Bruta como Malho e o Cinzel, transformando-a num cubo imperfeito, caber ao Companheiro (Grau 2), polir este cubo com o auxílio do esquadro, do Nível e do Prumo, tornando-a finalmente em pedra cúbica. Desbastadas as rudes arestas da personalidade, ainda como Aprendiz, cabe agora, ao Companheiro disciplinar suas ações através do conhecimento adquirido realizando contornos e nuances delicadas em seus psiquismos, fazendo então, do seu "eu", um cubo perfeito, a pedra polida que assim estará apta a ser utilizada na construção do edifico do Templo, isto é, a humanidade Perfeita.


O MALHETEÉ o instrumento de trabalho do Venerável Mestre e dos Vigilantes (na hierarquia os dois cargos logo abaixo do Venerável Mestre e que juntamente com ele dirige os trabalhos da loja) nada mais é que uma espécie de malho, e como tal é símbolo da vontade, da força, do trabalho e da determinação. Um aspecto fundamental na utilização deste instrumento é o do discernimento e lógica que devem conduzir a vontade. Utilizando ao caso, com força apenas, ele passará a ser um instrumento de destruição, incompatível com a Maçonaria.


O DELTA LUMINOSO Também chamado de Triângulo Fulgurante, representa na Maçonaria o Supremo Criador de todas as coisas, cujo olho luminoso é o Olho da Sabedoria e da Providência, que observa tudo que vê e provê. Ele simboliza também, os atributos da Divindade: Onipresença, Onividência e Onisciência, que o verdadeiro maçon tem como lembrete divino de sua suprema relevância para sua vida.
Não sendo efetivamente uma religião, a Maçonaria compreende e reverencia todas as crenças e cada crente maçom pode ter no Delta Luminoso a representação de todos os sentimentos de religiosidade.
Ele é como uma lembrança para uma advertência permanente e solene, traduzida pela compreensão fraternal, que não procura sobrepor a importância de qualquer religião em particular, as demais profissões de fé.
Espiritualistas por princípio, sabem os maçons, na interpretação do Triangulo Fulgurante, que há um Deus que tudo vê e por esta razão entendem que uma oportunidade de fazer o bem que deixam escapar , é uma eternidade que se lhes espera.


ESTRELA DE CINCO PONTAS - Sendo a Estrela do Oriente ou a Estrela Iniciação, é a que simbolizou o nascimento de JESUS:. É o símbolo do Homem Perfeito, da Humanidade plena entre Pai e Filho; o homem em seus cinco aspectos: físico, emocional, mental, intuitivo e espiritual:. Totalmente realizado e uno com o Grande Arquiteto do Universo:. É o homem de braços abertos, mas sem virilidade, porque dominou as paixões e emoções:. As Estrelas representam as lágrimas da beleza da Criação:. Olhemos para cima, para o céu e encontraremos a nossa estrela guia:. Na Maçonaria e nos seus Templos, a abóbada celeste está adornada de estrelas:. A Estrela é o emblema do gênio Flamejante que levam às grandes coisas com a sua influência:. É o emblema da paz, do bom acolhimento e da amizade fraternal.


A ACÁCIA - A planta símbolo por excelência da Maçonaria; representa a segurança, a clareza, e também a inocência ou pureza:. A Acácia foi tida na antiguidade, entre os hebreus, como árvore sagrada e daí sua conservação como símbolo maçônico:. Os antigos costumavam simbolizar a virtude e outras qualidades da alma com diversas plantas:. A Acácia é inicialmente um símbolo da verdadeira Iniciação para uma nova vida, a ressurreição para uma vida futura.


TRÊS PONTOS - Símbolo com várias interpretações, aliás conciliáveis: luz, trevas e tempo; passado, presente e futuro; sabedoria, força e beleza; nascimento, vida e morte; liberdade, igualdade e fraternidade.


O AVENTAL - É o único que dá ao maçom o direito de entrar nos Templos e participar das reuniões. Sua forma e cores variam de acordo com os graus e Ritos, mas seu significado místico é o mesmo. O Avental Branco, sem adornos, do 1º grau, indica a pureza da alma, que se supõe tê-la alcançado neste grau. O azul celeste está associado com a dedicação espiritual. Nos graus 1 e 2 não aparecem nenhum metal, pois o maçom esteve, teoricamente, se despindo de todos os metais e transmutando-os em riquezas espirituais.
Azul: Cor da Safira que simboliza a piedade, o equilibrio, a lealdade e a sabedoria.


O PAVIMENTO EM MOSAICO - Ornamento do centro das Lojas composto de ladrilhos brancos e pretos. Simbolizam seres animados e inanimados que decoram e ornamental a criação, bem como o enlace do espirito e matéria, da vida e forma por toda a parte, a união dos maçons do globo, apesar de suas diferentes cores climas e opiniões particulares.


A ESTRELA FLAMÍGERA - A pentagonal que antigamente tinha raios ou pontas ondulantes, tal qual ainda aparece em Obediências inglesas e americanas é o emblema indicidual do Companheirismo. O astro que ilumina a loja e figura no Oriente


OBS: Há muitos outros símbolos na Maçonaria. Apresentamos aqui somente os mais difundidos e conhecidos do povo em geral.


Biografia: 
Ritual de instruções do Aprendiz-maçom – GOMG
A Total Perfectibilidade – Welington Paiva
Sociedades Secretas – A. Tenório de Albuquerque

21 de março de 2011

O Significado dos Gatos


Na época de Atlântida, os curandeiros usavam cristais em seus trabalhos. Os cristais eram usados como um canal de cura. Quando os curandeiros visitavam vilas distantes, eles não podiam usar os cristais pois o povo desconfiava deles achando que eles usavam magia negra. Como eles não podiam usar cristais, os curandeiros levavam gatos que exerciam exatamente a mesma função dos cristais, desse modo, os gatos têm sido usados inúmeras vezes na arte da cura. Mesmo os deuses que não possuíam forma animal tinham um animal sagrado a eles dedicado, que os simbolizava. Entre estes animais, o gato foi um dos mais adorados, tanto por sua fecundidade quanto por seus hábitos noturnos, que o tornaram o guardião da noite, dos mortos, e dos mistérios da vida e da morte.

Os gatos têm o poder de diariamente, remover energia negativa acumulada no nosso corpo. Enquanto nós dormimos, eles absorvem essa energia. Se há mais do que uma pessoa na família, e apenas um gato, ele pode acumular uma quantidade excessiva de negatividade ao absorver energia de tantas pessoas. Quando eles dormem, o corpo do gato libera a negatividade que ele removeu de nós. Se estivermos excessivamente estressados, eles podem não ter tempo suficiente para liberar tamanha quantidade de energia negativa, e conseqüentemente ela se acumula como gordura até que eles possam liberá-la. Por conta disso, muitos deles se tornarão obesos.

Os Gatos e as Religiões

O Culto Egípcio: No Egito dos faraós, o gato era adorado na figura da deusa Bastet, representada comumente com corpo de mulher e cabeça de gata. Esta bela deusa era o símbolo da luz, do calor e da energia. Era também o símbolo da lua, e acreditava-se que tinha o poder de fertilizar a terra e os homens, curar doenças e conduzir as almas dos mortos. Nesta época, os gatos eram considerados guardiões do outro mundo, e eram comuns em muitos amuletos.

O Gato na Grécia: Na Grécia clássica, o gato foi associado à feminilidade, ao amor e ao prazer sexual, atributos de Afrodite. Também foi associado à Artemis, a deusa da caça e da lua, da qual se dizia que teria escapado um perseguidor, Tiphon, transformada em gata.

O Culto em Roma: No Império Romano, o gato esteve ligado a várias deusas. Diana, a caçadora, governava a fecundidade e a lua, assim como Bastet, e uma lenda antiga atribui a ela a criação do gato. Também a sensual Vênus é representada como uma gata, uma encarnação de emoções maternas.

O Gato na Babilônia: Apesar de não haver culto ao gato, dizia um mito que o gato teria nascido do espirro de um leão. O leão, aliás, era um símbolo da realeza.

O Gato na América Pré-Colombiana: Na América, embora não houvessem gatos domésticos, os grandes felinos, como o puma e o jaguar, tiveram seu lugar no panteão dos deuses. O jaguar era símbolo de grande força e sabedoria, e acreditava-se que os curandeiros mortos transformassem-se neste animal.

O Culto Celta: Na cultura celta, a deusa Cerridwen tem um elo de ligação com o culto ao gato relativo à fecundidade através de seu filho Taliesin, que em uma de suas encarnações foi descrito como um gato com a cabeça sarapintada.

O Culto Escandinavo: Nas lendas nórdicas, aparece a deusa do submundo Freya, cuja carruagem era puxada por dois gatos, que representavam as qualidades da deusa, a fecundidade e a ferocidade. Estes gatos mostravam bem as facetas do gato doméstico, ao mesmo tempo afetuoso e terno, e feroz quando excitado. Os templos pagãos eram freqüentemente adornados com imagens de gatos. Na Finlândia, havia a crença em um trenó puxado por gatos que levava as almas dos mortos.

O Gato no Islã: Há uma série de contos associando os gatos ao profeta Maomé, a quem teriam inclusive salvo da morte, ao matar uma serpente que o atacava. Por causa desta associação entre o gato e o Islã, a Igreja Católica conseguiu tanto êxito ao relacionar o culto ao gato com as heresias e o demônio.

O Gato no Budismo: Nos cânones originais do budismo, o gato é excluído da lista de animais protegidos, devido ao fato 
de que, no momento da morte de Buda, quando todos os animais se reuniram para chorar seus restos, o gato haver não só mantido os olhos secos como comido tranqüilamente um rato, provando sua falta de respeito pelo acontecimento solene. Entretanto, apesar da lenda, o gato foi venerado pelos primeiros budistas por seu autodomínio e a tendência à meditação. Na China, estatuetas de gatos eram usadas para expulsar os maus espíritos, e havia dois tipos de gatos, os bons e os maus, que eram facilmente diferenciados por que os maus tinham duas caudas. No Japão, quando um gato morria, era enterrado no templo do dono, e no altar do mesmo era oferecido um gato semelhante, pintado ou esculpido, para garantir ao dono tranqüilidade e boa sorte durante sua vida.

O Gato e o Judaísmo: No Talmude, o gato só aparece cerca de 500 d.C., quando o livro sagrado louva brevemente seu asseio. Entretanto, uma antiga lenda hebraica conta que o gato teria sido criado em plena Arca, quando Noé, em desespero por que os ratos estavam se multiplicando e devorando todas as provisões, implorou à Deus que lhe enviasse uma solução. O gato então teria sido criado de um sopro do leão. Outra antiga lenda judaico-espanhola diz que Lilith, a primeira mulher de Adão, o teria deixado para se transformar em um vampiro, que sob o aspecto de um gato preto, atacava bebês adormecidos e indefesos e lhes sugava o sangue.

O Gato e o Cristianismo: A Igreja , no início de sua história, adotou alguns símbolos pagãos e rejeitou outros. Assim, Jesus se tornou "o Leão de Judá", e a serpente a égide do mal. Na seita dos coptas, surgida por volta do século I d.C., havia no evangelho gatos que julgavam os homens após a morte. A primitiva Igreja celta associou vários santos às tradições pagãs e ao culto ao gato. Santa Gertrudes de Nivelles, por exemplo, é representada sempre com um gato, e, na França, dizia-se que Santa Ágata transformava-se em um gato enfurecido para punir os infiéis. Na Idade Média, entretanto, a imagem do gato começou a mudar. No século V, os gnósticos, que atribuíam igual importância a Jesus, Buda e Zoroastro, foram acusados de adorar o demônio na figura de um gato preto. 

No ano de 1232, o papa Gregório IX funda a Santa Inquisição, com o intuito de descobrir heréticos que cultuavam o demônio, novamente na figura de um gato preto, macho. Em 1344, surge na França, o culto de São Vito, em Metz, queimando vivos anualmente 13 gatos em uma gaiola. Quando a Peste Negra atacou a Europa, dizimando quase um terço da população, inicialmente os gatos foram considerados culpados e perseguidos, ordenando-se a sua destruição. A associação da figura do gato ao culto ao demônio levou inevitavelmente à sua vinculação à feitiçaria e às artes mágicas. No século XV, na Alemanha, ressurgem cultos pagãos como o da deusa Freya. Em 1484, o papa Inocêncio VIII difunde a crença de que as feiticeiras veneravam Satanás encarnado em gato. Por toda a Europa, pessoas inocentes foram torturadas em nome de Deus. E, com elas, seus gatos. Em Ypres, na França, centenas de gatos eram atirados do alto de um campanário em um festival anual. Milhares de gatos foram sacrificados em rituais durante a Páscoa. A perseguição chegou até mesmo à América, quando, em 1692, várias pessoas foram executadas em Salem, no estado de Massachusetts. 

Entretanto, mesmo nestes tempos inglórios, os gatos foram também companheiros amados em alguns países, como na Rússia, onde eram comuns serem encontrados em conventos e mosteiros. O Cardeal Richelieu possuía vários gatos, entre eles um angorá preto chamado Lúcifer. No sul da França, corria a lenda dos gatos mágicos chamados matagots, que traziam fortuna e sorte a quem os acolhia e amava. Com o passar do tempo, a perseguição foi recrudescendo, e a importância dos gatos como controladores dos roedores foi reconhecido. No século XVIII, são abolidas as leis sobre a feitiçaria, e até mesmo o papa Pio IX rendeu-se aos seus encantos.


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