6 de dezembro de 2011

Espelhos e Reflexos de Nosso Eu:


Dentro da lógica estão muitas verdades das quais não nos damos conta, talvez, em nossa correria vida afora. Como essa, de colhermos nos rostos das pessoas, as reações daquilo que somos para elas: quando sempre sorrimos, receberemos somente sorrisos; quando somos sempre afáveis, receberemos sempre afabilidades; quando somos sempre irritadiços, impacientes, receberemos sua irritação, brutalidade e impaciência das pessoas.

Captamos conforme o que emitimos, recebemos na proporção do que damos. Tanto tem sido falado sobre isto! E quão pouco nos empenhamos em agir conforme essa lei simples de ação e reação. Muitos de nós, por causa da teimosia: “Não vou mudar meu jeito!”. Por conta do egoísmo: “Eles é que precisam mudar!” Por causa da arrogância: “Na minha posição eles têm que me tratar como quero.” E assim por diante... 

A vida vai caminhando nas retas e curvas do destino até chegar a regiões do futuro próximo. E ali, não reconheceremos sequer um palmo daquele chão. Ele é totalmente diferente do que pensávamos ou queríamos. Somos estranhos em nosso próprio futuro. E reclamamos contra a vida, contra o destino e, não raramente, contra Deus.

Nós, seres humanos, sempre nos esquecemos de uma coisa: Nunca somos cavaleiros da vida, andando sobre seu dorso enquanto ela cavalga seu curso. Nós somos aqueles que precisam seguir as suas pegadas. Com paciência, determinação e coragem.

Pois bem! Falávamos sobre as reações que colhemos nas expressões e nos sentimentos das pessoas... Isto está inserido na razão, na lógica. Todavia, há algo que ultrapassa essa fronteira do que entendemos como ações e reações comuns entre si. Trata-se daquilo que transcende a nossa compreensão racional. Trata-se de Leis que estão acima da lógica humana.

Uma delas se nos apresenta como espelhos e reflexos, numa colocação poética. Se antes colhíamos nas faces e nas emoções das pessoas – como reação – os sorrisos dos nossos sorrisos, ou as irritações das nossas irritações; agora colhemos em suas atitudes o que fomos para elas.


Fomos seres carregados de nervosismo, impaciência, orgulho? Coisas que não suportávamos nas outras pessoas, mas que em nós permitíamos existir à vontade, enquanto praticamente exigíamos que nos tratassem com calma, educação e humildade. Fomos seres carregados de intolerância, julgamentos, incompreensão? E exigíamos dos outros justamente o contrário! Pois bem! Eis que não estávamos seguindo as pegadas da Vida... E nos perdemos...

Agora estamos em terreno áspero e terrível de um futuro próximo. O que vemos? Aquilo que éramos, ou que ainda continuamos a ser, justamente nos gestos, nas atitudes de um patrão, de quem amamos ou de quem precisamos.

Pedimos compreensão e recebemos intolerância; queremos amor e recebemos indiferença. E tudo aquilo que criticamos nos outros agora está-nos sendo dado por quase todos. O que fazíamos na condição de chefes ou patrões irritadiços, impiedosos, prepotentes, está agora nas atitudes de quem nos rodeia, dirigido em nossa direção.

Nesse vendaval o coração ferido parece não suportar tanta dor. Tentamos transformá-los, mas... em vão! Eles são o reflexo do espelho que fomos e talvez ainda sejamos. Não são apenas reações dos nossos sentimentos, mas sim, das nossas ações. Eles são os reflexos coloridos, exatos, de tudo aquilo que não poderíamos ser e de tudo aquilo que não queremos que eles sejam.

Aborrecemo-nos, desesperamo-nos, torturamo-nos, debatemo-nos, até que começamos a sentir certa aversão a aquele filme de cenas tão nítidas que os reflexos nos mostra. É! Alguma coisa tem que mudar! E admitimos que essa mudança tem que acontecer em nós mesmos. Ou isto, ou continuamos a enfrentar nossos reflexos dolorosos por meses, anos, ou uma vida inteira.

É uma Lei Superior denominada karma, em sânscrito. Como pertencemos a várias doutrinas e religiões, ocidentais e orientais, que seja uma lei dos “espelhos e reflexos”, essa que nos mostra, tão clara e dolorosamente, alguns dos nossos piores defeitos. Então, movidos primeiro pelo constrangimento, e depois pelo arrependimento, começamos a limpar e polir o nosso espelho. Os reflexos vão e esmaecendo, sumindo...

Como reações, a lei Superior nos mostra o que precisamos mudar. E felizes são aqueles de nós que aceitam a diretriz desta lei e têm-na como uma oportunidade de aprendizado doada pelo Criador. Que fez os céus, as terras, os oceanos, as florestas, os animais, os seres humanos. E tanto para todo elemento de Sua grande obra fez leis. Para que Seu Universo funcionasse à máxima perfeição. Shalon.


Autor: Carlos Morandi
Ilustração: Ir Daniel Martina

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