30 de julho de 2012

A EVOLUÇÃO ESPIRITUAL ATRAVÉS DO CORPO:


É importante termos consciência de que somente o conhecimento espiritual não nos leva a plenitude… É preciso a prática espiritual e o nosso corpo físico saudável.

“O pensador e analista americano James Hillman compara o ser humano a um carvalho. Diz que possuímos, desde que nascemos, o potencial que desenvolveremos ao longo da vida, tal como a semente de um carvalho que, minúscula, guarda em si a imensa árvore que será um dia, dali a trinta, quarenta anos. Ou seja, basta que nada atrapalhe nosso crescimento e, natural e espontaneamente, chegaremos a desenvolver o que já temos na forma de embrião desde que nascemos. Somos poderosos. 

Nascemos gigantes. Só é necessário que não nos atrapalhem com a educação podadora. Todos somos como a semente do carvalho. Só temos de regar carinhosamente esse embrião de gigante que carregamos dentro de nós. Bem alimentada, essa plantinha interior explodirá para a vida, alcançando também fatores de crescimento social e econômico que virão por acréscimo. Deixe a vida fluir e você logo colherá seus frutos.

Quando começamos a trabalhar o corpo no sentido de provê-lo de mais energia e saúde, percebemos que aquele mundo social, agressivo e castrador que tanto nos podou e anulou vai perdendo a força e cedendo terreno a um poder maior que começa a surgir dentro de nós.

Imagine, por exemplo, uma pessoa franzina e magra que desde pequena se acostumou a ouvir que é frágil, que não tem resistência nos jogos ou nos esportes. Essa fraqueza fica marcada em sua personalidade e fará parte de seu jeito de ser. Quando se é fraco, há uma leitura no cérebro que atinge as emoções, a mente e o espírito e, simplesmente, fica-se fraco em tudo.
Se essa pessoa, em determinado momento da vida, passa a desenvolver seu organismo, fazendo-se forte, torna-se espiritual, emocional e mentalmente forte. Fazendo-se forte, ela se descobre com possibilidades até então insuspeitadas e passa a ter uma nova atitude diante da vida. Esse é o real objetivo do trabalho com o corpo. É realmente um trabalho de conteúdo, no qual não se busca apenas modelar o físico, mas abrir uma estrada magnífica que permita explorar nosso potencial, nosso extraordinário mundo interior.

A descoberta de que você nasceu para coisas muito maiores do que as metas colocadas inicialmente em sua cabeça, funciona como uma mágica poderosa. Esses limites realmente não existem e, quando se faz esse trabalho de saúde, começa-se a ter uma transformação orgânica extraordinária. É essa modificação em todo o corpo que sustenta sua cabeça, seu espírito, suas emoções. Um corpo jovem proporciona um espírito jovem, mas um espírito jovem não pode proporcionar um corpo jovem – porque este somente se faz jovem pelo movimento. 

Não adianta apenas pensar jovem. É necessário ser jovem, e isso se consegue com o trabalho biomecânico e orgânico. É impossível uma pessoa florescer e elevar-se espiritualmente alicerçada em um corpo débil, incapaz de reparar as perdas inerentes ao próprio gasto diário. Quando uma pessoa começa a recuperar sua força física, é tomada por um sentimento de poder e de força, dado pela plenitude de seu organismo. Somente assim pode aumentar seu lastro de crescimento espiritual.

O corpo é o nosso templo sagrado. Quando você quiser encontrar paz de espírito, recolha-se ao seu interior, mergulhe no seu mais profundo eu. Não há necessidade de exageros, como aqueles que se embrenham nas montanhas e ficam lá por vários meses meditando. Mas seria muito valioso se as pessoas pudessem se dar vinte a trinta minutos diários de um profundo relaxamento ou mesmo de uma meditação, assim recebendo essa energia sideral que penetra em nosso planeta e está à disposição de todos para buscar a paz interior. Para experimentar a plenitude de vida que essa paz oferece.



O sol representa o elemento mais nítido de emissão dessa energia e precisamos aproveitá-Ia melhor. Uma forma de captá-Ia do cosmo é pela manhã. Aconselho as pessoas a, logo que acordarem, se colocarem de frente para o sol nascente, sentando-se no chão ou sobre almofadas, com as pernas cruzadas, usando roupas folgadas para que o corpo fique o mais livre possível. 

Apoiando-se sobre os ísqueos (os dois ossinhos na parte inferior das nádegas), mantendo o tronco ereto e os olhos fechados na direção do sol. Nessa posição, com os braços caídos ao longo do corpo, tendo as palmas das mãos sobre o colo, voltadas para cima e levemente abertas para os lados, realizar respirações lentas e profundas por uns vinte minutos. Você não tem vinte minutos? Então dez. Nem dez? Cinco! Não dá? Então, dois ou três minutos. O importante é começar. Se entregar. Doar-se a si mesmo. Você merece!Com o passar do tempo, poderá sentir essa incrível energia entrando pelas mãos e perceber que, pouco a pouco, nenhum pensamento passa mais por sua cabeça nesse momento.

Mesmo que algumas pessoas não consigam entrar nesse estado meditativo absoluto, o simples fato de estarem completamente relaxadas é o bastante para alegrar seu organismo e promover um equilíbrio químico interno e um aproveitamento intenso dessa fantástica energia do Universo.

Existe uma relação forte e direta entre meditação – o encontro de si mesmo – e a busca do divino em nós. Todas as religiões antigas se utilizaram da meditação para encontrar-se com Deus no silêncio da alma. E se parece paradoxal à primeira vista chegar ao espírito através do corpo, isso decorre de raso preconceito que considera tudo que é material menos nobre.

O corpo é, sem dúvida nenhuma, o que mais consubstancia a presença de Deus na Terra, tanto por sua complexidade de analogias e interações, como por seu extraordinário funcionamento. Ele é verdadeiramente uma máquina divina. Não é somente a teoria espiritual que espiritualiza o homem, mas também a prática espiritual. Essa luta constante pela busca da transformação do corpo que leva o homem a encontrar-se com a parte mais profunda de seu espírito. E pode reforçar no homem o que ele tem de positivo.

O filósofo Augusto Comte, criador da sociologia, costumava dizer que era um absurdo a pessoa ter de fazer o bem para obter o céu como recompensa. O “ser bom” se completa por si mesmo. Não se é bom pretendendo alguma coisa a não ser ser bom. Claro que você acaba tendo a recompensa de proporcionar a si mesmo hormônios revitalizadores. Tem-se de ser bom porque é bom ser bom. Nada está fora do corpo, nem o espírito, nem a alma, nem a mente. Tudo se funde numa coisa só, obra-prima do Criador. Em nosso corpo repousa nosso delicado espírito e dorme tranqüila nossa alma. Nele também está seu computador, o cérebro, que por sinal é físico, não etéreo e abstrato como costumamos pensar, mas fruto palpável dos nossos neurônios, com suas teias de ligações interneurais e espantosas sinapses responsáveis pelo complexo mundo dos movimentos ditados pelos nossos músculos.

Pelo corpo alcançamos a evolução espiritual de uma forma mágica e muito simples. A partir do momento em que atingimos uma certa plenitude de vida, alicerçando o corpo como um organismo forte, tendo saúde, isto é, disposição, vitalidade e alegria de viver, essas conquistas de ordem orgânica fabricam essências que nos deixam numa sintonia mais leve, com muito mais calma e tranqüilidade para enfrentar o embate da vida”.


TFA/PP

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