3 de fevereiro de 2017

Percepções e Impressões na Maçonaria:



Esse trabalho tem o intuito de transmitir aos irmãos as nossas percepções sobre um interessante trecho de nossa Ordem do em relação ao Primeiro Grau que, certamente, nos leva a uma reflexão profunda sobre seus simbolismo e significado.

É ele: “Em toda Loja regular, constituída, há um ponto no interior de um circulo e que os Irmãos, ali colocados não podem entrar. Esse círculo é limitado; entre Norte e Sul por duas grandes linhas paralelas, representativas de Moisés e do Rei Salomão. Na sua parte superior fica o Livro das Leis Sagradas, como base da Escada de Jacó, cujo topo alcança os Céus; e desde que sejamos versados naquele Livro Sagrado, e professemos as doutrinas nele contidas, como fizeram aquelas paralelas, ele nos conduzirá àquele que não nos falhará, bem como não nos decepcionará. Caminhando ao redor desse circulo, tocaremos necessariamente em ambas as paralelas e no Livro Sagrado; e enquanto um Maçom conseguir manter-se assim, circunscrito, não poderá jamais incidir em erro”.

Em primeiro lugar, expomos aqui uma breve pesquisa sobre quatro assuntos tratados neste treco: Moisés e o Rei Salomão, como as linhas paralelas, e o Livro das Leis Sagradas e a Escada de Jacó, como o ponto superior do círculo. Logo após, compartilhamos nossos entendimentos e impressões.






As Linhas Paralelas

As linhas paralelas, seguindo de Leste a Oeste, tangem um círculo imaginário, cujo centro de alinha ao centro da Loja.





Moisés:

Na época em que Moisés nasceu, algo em torno de 1592 A.C., havia um decreto do Faraó em que todos os meninos hebreus que nasciam, deveriam ser mortos. A mãe de Moisés não teve coragem de matá-lo e então o escondeu por três meses. Quando percebeu que não conseguiria mais escondê-lo fez uma cesta e a jogou no Nilo com o filho dentro, onde a filha do faraó o encontrou. E a filha do Faraó pediu, ironicamente, que a mãe biológica dela o criasse. Quando ele cresceu, foi criado na casa da filha do Faraó, que o adotou e terminou de criá-lo.

Já adulto, quando andava pelas redondezas, viu um egípcio batendo em um hebreu e não havendo ninguém por perto, matou o egípcio para defender seu próprio povo. Quando ele percebeu que havia sido descoberto fugiu daquela região. Durante essa época, morreu o rei do Egito e o povo clamou a Deus. Ele, ouvindo o clamor do povo, falou a Moisés.

Então Deus ordenou que Moisés fosse até o Egito, na terra do Faraó, e que lá libertasse o povo que estava sendo oprimido. E Moisés pensou que o povo não acreditaria que Deus havia lhe falado e portando, Deus concedeu poderes para que ele provasse ser a voz de Deus. Seu bordão, ao ser jogado no chão, se transformava em cobra, e sua mão ao tocar o peito, ficava leprosa e se restaurava. Essa deveria ser a prova para que o povo o acompanhasse e fugisse da opressão egípcia.

Após todas as demonstrações, Moisés ainda questionou sua inabilidade com a retórica, tentou se esquivar da missão que lhe havia sido outorgada e Deus se irritou e disse que ele seria sua voz e guiaria todas as suas falas.

Quando Moisés chegou ao Egito, tentou falar com o Faraó, que se irritou e aumentou o trabalho do povo hebreu, já que tinham tempo para clamar a Deus. E então Moisés chamou a Deus e disse que não sabia falar e que não conseguiria tirar o povo dali. E Deus respondeu que ele deveria falar o que Ele lhe dizia, mas que endureceria o coração do Faraó, e faria suas maravilhas no Egito.

E quando o Faraó negou-se a libertar o povo novamente, surgiu no Egito as dez pragas de Deus. E após a décima praga, a morte dos primogênitos egípcios, o Faraó deixou que os israelitas saíssem. Porém, quando o povo estava deixando o Egito, Deus mudou o coração do Faraó para que ele impedisse a fuga do povo de Israel, e mandou os perseguir. Dando prova de seu Poder, através de Moisés, Deus abriu o mar para que seu povo passasse por ali, transformou a água salgada em água potável e por fim falou a ele no Monte Sinai, quando lhe disse os seus 10 mandamentos. Além dos 10 mandamentos, Deus ainda codificou outras leis acerca dos servos, da violência, leis civis e religiosas. Toda essa compilação foi guardada em uma arca, a Arca da Aliança, a aliança entre Deus e o povo de Israel.




O Rei Salomão

Em Reis, capítulo 3 (versículos de 5 a 14), pode-se ler: “E em Gibeom apareceu o SENHOR a Salomão de noite em sonhos; e disse-lhe Deus: Pede o que queres que eu te dê. / E disse Salomão: (…) A teu servo, pois, dá um coração entendido para julgar a teu povo, para que prudentemente discirna entre o bem o mal; porque quem poderia julgar a este teu grande povo? / E esta palavra pareceu boa aos olhos do Senhor, de que Salomão pedisse isso. / E disse-lhe Deus: Porquanto pediste isso, e não pediste para ti muitos dias, nem pediste para ti riquezas, nem pediste a vida de teus inimigos; mas pediste para ti entendimento, para discernires o que é justo; / Eis que fiz segundo as tuas palavras; eis que te dei um coração tão sábio e entendido, que antes de ti igual não houve, e depois de ti igual também não de levantará. / E também até o que não pediste te deu, assim riquezas como glória; de modo que não haverá um igual entre os reis, por todos os teus dias. / E, se andares nos meus caminhos, guardando os meus estatutos, e os meus mandamentos, como andou Davi teu pai, também prolongarei os teus dias”.

Salomão, filho de Davi, era célebre por sua sabedoria – dominava todos os conhecimentos de sua época bem como no passado. Nasceu em Israel, em 1000 A.C. Reinou entre 970 e 931 A.C. e, durante esse período, protegeu as artes e o comércio, estabelecendo boas relações e alianças com os países vizinhos como Fenícia, Síria e Arábia.

Com o rei de Tiro, Hiram, criou uma frota mercante cujas expedições chegaram aos limites do mundo conhecido. Projetou grandiosas construções como o majestoso templo de Jerusalém, chamado depois de templo de Salomão, que se tornou o centro da unidade nacional dos hebreus e do cristianismo primitivo. Construiu também importantes obras hidráulicas, principalmente reservatórios e aquedutos para abastecimento e irrigação, como por exemplo, o aqueduto de Siloé, no vale de Cedron.

Foi casado com Anelise, filha do Faraó Siamon, tendo recebido como dote de casamento a cidade Cananéia de Gezar.





O Livro das Leis Sagradas:

Na maçonaria, o Livro das Leis Sagradas representa um conjunto de doutrinas éticas, com fundamentos espiritualistas, que devem conduzir o coração de todo maçom. Ele representa as aspirações a que o espírito do irmão deseja alcançar.

Além disso, ele, aberto sobre o altar, simboliza a presença invocada do Grande Arquiteto do Universo nas sessões.

Como no Brasil a maior parte da população maçônica é formada de Cristãos, a Bíblia Sagrada figura o Altar como representante dessas Leis, mas o Livro das Leis deve ser aquele que representa a fé professada pelos irmãos. Se houver um irmão muçulmano, por exemplo, o Corão representará seu Livro da Lei, uma vez que a maçonaria não distingue religiões.




A Escada de Jacó:

A Escada de Jacó (ou Jacob), presente no Painel da Loja de Aprendiz é uma importante alegoria que a Maçonaria adotou como a ligação do plano material em que vivemos com o plano superior a que aspiramos.

Em Gênesis, capítulo 2 (versículos de 12 a 19), encontra-se o seguinte: “Então (Jacó) sonhou: estava posta sobre a terra uma escada, cujo topo chegava ao céu; eis que os anjos de Deus subiam e desciam por ela; por cima dela estava o Senhor, que disse: Eu sou o Senhor, o Deus de Abraão te pai, e o Deus de Isaque; esta terra em que estás deitado, e a darei a ti a à tua descendência; e a tua descendência será como o pó da terra; dilatar-te ás para o ocidente, para o oriente, para o norte e para o sul; por meio de ti e da tua descendência serão benditas toas as famílias da terra.

Eis que estou contigo, e te guardarei por onde quer que fores, e te farei tornar a esta terra; pois não te deixarei até que haja cumprido aquilo de que te tenho falado. Ao acordar Jacó do seu sono, disse: Realmente o Senhor está neste lugar; e eu não sabia. E temeu, e disse: Quão terrível é este lugar! Este não é outro lugar senão a casa de Deus; e esta é a porta dos céus. Jacó levantou-se de manhã cedo, tomou a pedra que pusera debaixo da cabeça, e a pôs como coluna; e derramou-lhe azeite em cima. E chamou aquele lugar Betel; porém o nome da cidade antes era Luz”.

A escada vista por Jacó, com sua base na terra e a outra extremidade no céu, simboliza uma ligação entre os planos Material e Espiritual. Os anjos, em seus movimentos de subida e descida, representam os ciclos evolutivos e involutivos da vida, em seu perpétuo fluxo e refluxo, através de nascimentos e mortes.

Pelas tradições maçônicas, a escada possui tantos degraus quantos são virtudes necessárias ao aperfeiçoamento de cada um. As três mais importantes são a Fé, a Esperança e a Caridade, ali simbolizadas pela Cruz, a Âncora e o Cálice.




Percepções e impressões:

A respeito das duas linhas, encarando as biografias destas duas personagens bíblicas como autenticas ou lendárias, sempre há um conteúdo a se aprender. Ambas são marcadas por virtudes, como a fé, a força de vontade, a liderança e a sabedoria; e, além disso, suas ações deixaram um grande legado para a humanidade.

O ponto, na parte superior do círculo, encontra-se o mais próximo possível do Leste, ou do Oriente. Podemos entender como o ponto de início e término em um ciclo; o ponto onde o Sol nasce para romper e dar vida ao dia. O Livro Sagrado, posto nesta posição, simboliza que seus ensinamentos devem estar presentes durante o percurso em torno do círculo.

A Escada de Jacó, apoiada sobre o mesmo Livro, nos apresenta a ideia de que a experiência absorvida no período da jornada compõe a base para se começar a galgar os seus degraus, a fim de atingir a perfeição através da lapidação intelectual, moral e espiritual.


Autores:

Ir Pedro Henrique Braga Moreira • MM

Ir Thiago Casseb de Souza • MM

Referências

Brasil Escola – Salomão
www.brasilescola.com/biografia/salomao
Simbolismo na Maçonaria
www.jaburucab.vilabol.uol.com.br/simbolismo
A Escada de Jacó na Maçonaria e o Círculo Misterioso
www.espacodomacom.blogspot.com/2008/11/escada-de-jac-na-maconaria-e-o-circulo



Bíblia Sagrada
Traduzida para o português por João Ferreira de Almeida. Revista e Atualizada no Brasil,
2a ed. Barueri – SP: Sociedade Bíblica do Brasil. 2006.1248p.

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