Este é um grande
tabu na Maçonaria brasileira. Um assunto tão polêmico que é evitado, a ponto de
eu ter recebido algumas solicitações para não o incluir na obra DEBATENDO TABUS
MAÇÔNICOS.
Sem entrar no
mérito da discussão (que nem ao menos é realizada), me aterei aos fatos
relacionados ao tema no meio maçônico internacional, de forma a fornecer
informações aos interessados em, quem sabe, um dia debate-lo.
No caso dos Estados
Unidos, recentemente duas Grandes Lojas, da Geórgia e de Tennessee, se
pronunciaram oficialmente contrárias ao ingresso de homossexuais na Maçonaria.
Essas posturas têm gerado manifestações de outras Grandes Lojas, como a da
Califórnia, que se pronunciou publicamente sobre o assunto, como pode ser visto
no seguinte trecho:
Você pode ter lido
sobre os recentes acontecimentos em alguns estados dos EUA, incluindo Geórgia e
Tennessee, onde Grandes Lojas Maçônicas adotaram novas regras ou tem imposto
regras existentes que disciplinam os maçons por sua orientação sexual. Tais
regras e ações não coincidem com os princípios da Maçonaria praticados pela
Grande Loja da Califórnia e não são apoiadas pelo que entendemos como o grande
objetivo da nossa fraternidade.
(…)Maçonaria
instrui seus membros para defender e respeitar as leis do seu governo e não
para minar essas leis (…).
Com mais de 50.000
membros em todo o estado, as lojas sob a Grande Loja da Califórnia estão
abertas a homens de bom caráter e fé, independentemente da sua raça, cor,
crenças religiosas, opiniões políticas, situação econômica, orientação sexual,
capacidade física, cidadania ou nacionalidade (..).
Sincera e
fraternalmente, M. David Perry, Grão-Mestre.
Agora, vejamos a
postura oficial da Grande Loja de Utah:
(…) A Mui Respeitável
Grande Loja de Maçons Livres e Aceitos de Utah recebe em suas portas e admite a
seus privilégios, homens dignos de vários credos e classes. No entanto, ela
insiste que todos os homens estarão sobre uma exata igualdade. Como esta Grande
Loja não se preocupa com a fé de um Mason religioso, origem étnica e raça ou,
também não se preocupa com a preferência sexual de um maçom. Tudo o que se pede
é que um maçom de Utah observe bem seus deveres e promova o bem da Fraternidade
dentro dos limites de sua Loja e da comunidade em torno dele.
Atenciosamente
& Fraternalmente,
R. Wesley Ing,
Grão-Mestre.
A Grande Loja do
Distrito de Columbia também se pronunciou a respeito:
Em resposta às
recentes questões apresentadas a esta Grande Loja sobre as qualificações e
elegibilidade dos homens que pretendem aderir em nossas Lojas, oferecemos esta
declaração de princípios inabalável: A admissão à participação em nossas Lojas
é estendida a homens de fé com base em seu mérito pessoal e bom caráter, sem
distinção de raça, credo, orientação sexual, religião específica ou
nacionalidade.
(…) A diversidade
da nossa sociedade, em termos de raça, credo, orientação sexual, religião
específica e origem nacional é, assim, visto como um ativo, em vez de um
passivo (…).
(…) Nossa dedicação
à diversidade não nasceu em Washington, DC. A lei em todo o mundo maçônico e
prática desde os dias de Constituições de Anderson desfavorece claramente a
exclusão dos homens com base em modos de crenças, experiências e estilos de
vida que gozam de proteção legal em suas sociedades (…).
E no dia 1º de
março deste ano, o Supremo Conselho do REAA da Jurisdição Sul dos EUA,
conhecido também como o Supremo Conselho “Mãe do Mundo”, se posicionou quanto à
polêmica:
A associação ao
Rito Escocês é baseada em integridade pessoal e bom caráter, sem distinção de
raça, crenças religiosas, orientação sexual ou nacionalidade.
Christopher Hodapp,
importante escritor maçônico, também se declarou a respeito na última
Conferência de Grão-Mestres da América do Norte:
Apenas 10 anos
atrás, ninguém teria sequer contemplado as complicações maçônicas do casamento
gay e, de repente, jovens maçons ficam chocados quando descobrem que algumas
jurisdições têm regras que discriminam membros gays. Toda a nossa sociedade mudou
rapidamente, num piscar de olhos, e nós temos que lidar com isso. Porque, se
estamos contando com esses novos homens para se unirem, se tornarem ativos na
Maçonaria, e salvarem nossa fraternidade do esquecimento, não podemos
simplesmente ignorar os problemas que eles consideram ser de importância vital
como sendo trivial (…). Nós lhes dizemos, muitas vezes, ali mesmo em nossas
páginas, que ensinamos tolerância. Nós não podemos voltar atrás nessa promessa.
Lembrando ainda que
a Grande Loja da Geórgia, uma das duas que se posicionaram oficialmente contra,
já havia se envolvido anteriormente em polêmica discriminatória, ao tratar da
proibição de ingresso de maçons que não fossem brancos. O preconceito parece
ainda ser um problema em alguns estados dos EUA.
Sou da opinião
simples de que o que um maçom faz entre quatro paredes somente diz respeito a
ele, e que imprimir opiniões pessoais em legislação maçônica não condiz com os
princípios da instituição. Sendo a Maçonaria uma escola de moralidade, a partir
do momento que a homossexualidade não é considerada uma imoralidade, não há que
se falar em impedimento por essa razão.
A crença de que assim se está
protegendo a instituição esbarra no fato de que a parcela da sociedade
contrária à homossexualidade é preconceituosa (a mesma parcela que geralmente é
contrária à Maçonaria), e o preconceito é justamente um dos males (juntamente
com o fanatismo e a ignorância) que devem ser combatidos pela Maçonaria.
Nesse sentido,
creio que a pergunta que cada um deve se fazer é: Você considera a
homossexualidade como algo imoral? A resposta para essa pergunta e a
complexidade envolvida em sua compreensão conduzirão sua opinião sobre o tema.
O que não podemos é
fechar nossos olhos para a realidade. Precisamos debate-la.
Escritor: Kennyo Ismail
Ilustração: Ir Daniel Martina
Fonte: No Esquadro
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